04 junho, 2017

COMBATENDO O BOM COMBATE 2017 - SÃO PAULO

(Atualizado em 7 de junho de 2017)

Prezados cineastas veteranos (Fernando Meirelles, Cacá Diegues, Cao Hamburger etc.):
Prezadas entidades venerandas (Sindicato da Indústria Audiovisual de SP & Cia. Ltda.):
Sei que minha opinião sobre a nota de apoio ao secretário municipal de Cultura de SP, André Sturm (que vocês pretendem entregar ao prefeito João Doria), não lhes interessa - afinal, quem não está na altíssima posição em que vocês se encontram (e de portas fechadas, para não dar acesso a novos criadores de audiovisual) como eu, parece que não tem direito de ter uma opinião, não é mesmo?
Ainda assim dá-la-ei (e me desculpem o ataque de Jânio Quadros) assim mesmo.
Minha opinião se refere á seguinte carta que os senhores pretendem enviar ao doutor João Doria, prefeito de São Paulo, cujo texto vai abaixo:

Senhor Prefeito João Doria,
o secretário municipal de Cultura de São Paulo, André Sturm, é um profissional competente e fundamental para a Cadeia do Audiovisual brasileiro e de grande importância para a cultura de nossa cidade e do País, tendo prestado serviços que deixaram legados relevantes para o setor.
De 2007 a 2011, como Coordenador de Fomento e Divisão da Produção Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Sturm esteve à frente do Programa de Incentivo à Dança e ao Teatro; do Programa de Ação Cultural, voltado a fortalecer a produção cultural e artística do Estado; e do Programa de Fomento ao Cinema, que, em parceria com empresas públicas, patrocina produções nacionais de cinema.
Como diretor-executivo e curador do Museu da Imagem e do Som, onde entrou em 2011, Sturm implantou uma programação diversificada, com exposições que tiveram grande sucesso e abriram as portas do MIS para toda a população, beneficiando as diversas camadas sociais de São Paulo. Em 2014, foi homenageado pelo portal Catraca Livre como Personagem Paulistano do Ano, durante o Prêmio Cidadão São Paulo, por sua atuação à frente do MIS e do Cine Caixa Belas Artes. Em 2010, o museu recebeu menos de 60 mil pessoas. Em 2015 e 2016, foi o museu com maior visitação na cidade de São Paulo, mesmo com seu acanhado tamanho, batendo gigantes como MASP e Pinacoteca.
Vale destacar o papel importante de Sturm no Cinema Belas Artes. Com o apoio de toda a sociedade paulista e da imprensa, ele liderou o processo de revitalização do espaço, projeto que influenciou o movimento de valorização dos cinemas de rua de nossa cidade.
Na presidência do Sindicato da Indústria do Audiovisual do Estado de São Paulo, que ocupou por quatro gestões, André Sturm criou o Prêmio do Cinema Paulista, em parceria com a FIESP e o SESI. O prêmio é, hoje, uma referência para o cinema paulista e nacional.
Agora, na sua gestão na Secretaria Municipal de Cultura, André Sturm está tendo papel preponderante para toda a área de cultura, ampliando a atuação da pasta. Por seu trabalho, ele conseguiu descongelar, junto à Secretaria da Fazenda, cerca de R$ 45 milhões, o que corresponde a 8% do orçamento da Cultura, mesmo em um momento de readequação financeira da Prefeitura. Estes recursos vão beneficiar projetos em todo o setor. Sturm também está tentando, junto à Câmara de Vereadores e ao setor privado, ampliar o descongelamento de recursos.
O secretário tem ouvido todos os segmentos da Cultura, sejam da periferia ou da elite. Em poucos meses ele mudou a imagem do Theatro Municipal, com maestro e diretores artísticos da maior qualidade e com programação intensa e popular. É criação de Sturm o programa Biblioteca Viva, para dinamizar as bibliotecas administradas pela Prefeitura, um projeto inédito na cidade.
Apesar do pontual e lamentável episódio com o secretário André Sturm, que já reconheceu o seu erro e se desculpou, julgamos imprescindível fortalecer a sua gestão frente à Cultura da cidade de São Paulo.

Entidades que apoiam o manifesto:

Abele (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Equipamentos e Serviços Audiovisuais), 

Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos),
Adibra (Associação das Distribuidoras Brasileiras), 
Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), 
Siaesp (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), 
Sindcine (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual de SP, PR, RS, MT, MS, GO, TO e DF)

Artistas e profissionais que apoiam o manifesto:

Abrahão Sochaczewski 

Alberto Lopes
Alci Meira Souza
Alexandre Machado 
Ana Carmen Longobardi 
Ana Nogueira
Ana Paula Catarino
André Pinho
André Ristum
Andrea Barata Ribeiro
Andreas Heiniger
Andrés Bukowinski
Angelisa Stein
Arnaldo Galvão
Augusto Sevá
Beto Gauss
Breno Castro
Bruno P Alves de Araújo 
Bruno Pardini Jr
Cacá Diegues
Caio Gullane
Camila Priscila Diniz
Cao Hamburger
Cao Quintas
Carla Ponte
Carla Schertel
Carlos Cortez
Carlos Grubber
Carlos Magalhães
Carol Junqueira
Cassio Pardini
Claudia Caldeira
Claudia Moraes
Claudia Regina
Cristiane Leopacci
Cristina Almeida
Cristina Vida
Daniela F. Domingues
David Schurmann
Debora Ivanov
Denise Machado
Denise Tibiriça
Dimi Kireff
Duda Marujo
Dulce Gonçalves
Edina Fujii
Edoardo Rivetti
Eduardo Tibiriça
Elisabetta Zenatti
Enzo Barone
Erica Bernardini
Ernesto Scatena
Esli Leal da Cruz
Evaristo Faccioli
Fabiano Gullane
Fabio Magalhães
Fabio Zavala
Fernando Andrade
Fernando Carvalho
Fernando Chammis
Fernando Gullane
Fernando Meirelles
Flavio Frederico
Flavio Vonlanten
Francisco Ramalho
Gabriela Carvalho
Gabriela Pastore
Geórgia Costa Araujo
Gisela Camara
Gustavo Steinberg
Hawk Tuta
Homero Olivetto
Hugo Prata
Igor Ferreira
Ingrid Raszl
Ivany Rocha
Izabela de Castro
Jair Costa Fedcalabia
Jasmin Pinho
Jeremias Moreira
João Batista de Andrade 
João Cláudio Porciuncula 
João Daniel Tikhomiroff 
João Paulo Morello
João Queiroz
José Carlos Lage
José Ortali Neto
Juarez Valentin
Júlia Tavares
Juliana Funaro
Juliana Sigolo
Karen Halley
Karin Stuckenschmidt
Katia Bomtempo Leal
Kiki Lavigne
Leila Bourdokan
Leyla Fernandez
Lisete Laghetto
Luciana Pessoa Guanciale 
Luis Carlos Barreto 
Luis Dantas
Luiz Eduardo Campello Filho 
Luiz Gonzaga Tubaldini Jr 
Marcelo Galvão
Marcia Fabricio
Marcia Kling
Marcia Scapaticio da Silva 
Marcio Fraccaroli
Marcos Weinstock
Maria Amelia Rego Lobo
Maria Clara Fernandez
Maria Irma Palma Navarret
Maria João Calheiros
Marianna Souza
Marily Raphul; 
Mariza Leão; 
Mauricio A. Ramos 
Maurício Delman Lains 
Michel Nogueira
Minom Pinho
Moacir Ramalho
Nelson Alves
Odete Cruz
Paula Consenza
Paula Henriques
Paula Sanches 
Paulo Henrique Miranda 
Paulo Morelli 
Paulo Ribeiro 
Paulo Roberto Schmidt
Paulo Ulisses Maia Dantas 
Pierangela Bianco Piquet 
Rabih Aidar 
Rachel Monteiro 
Rafael Fortes de Matheus 
Rafael Magalhães 
Rapha Coutinho 
Raul Dória (adiscurpem minha ingrinorança, mas será que ele é parente do prefeito? 
Regina Marta Kinnapo 
Regina Silvéria 
Reinaldo Dellavalle 
Rejane Bicca 
Renata Almeida 
Renata Macedo Frota 
Renato Bulcão 
Ricardo Whately 
Richard Braz 
Rita Freitas 
Roberio Braga 
Roberto Carvalho 
Roberto Franco Moreira 
Roberto Gervitz 
Rodolfo Nanni 
Rosaura Pset 
Rose La Creta 
Rossana Foglia 
Rubens Rewald 
Ruda Cabral 
Sandra Maria Othon Teixeira 
Sérgio Sá Leitão 
Silvia Calza 
Silvia Prado 
Simoni Mendonça 
Solange Prado 
Sonia Regina Piassa 
Sonia Santana 
Sylvia Abreu 
Tais Caetano
Tathiani Sacilotto
Tatiana Quintella 
Teka de Melo 
Teresa Carvalho Lima 
Tito Teijido
Tomas Pessoa Gurgel 
Vinicius Del Duque Rosa de Melo 
Washington Olivetto 
Watemir de Melo 
Willy Biondani 
Yael Nathalie Steiner
Zita Carvalhosa


Como diriam Chico Picadinho e outros cidadãos paulistanos célebres por vários crimes da mala, vamos por partes:

1- Acho meio exagerados os elogios dos senhores á atuação do dr. Sturm: a "jestão" da atual secretaria está mais do que prejudicada pelo congelamento de 43,5% de seu orçamento (detalhe: apesar do orçamento da Cultura ser bem modesto, o corte é o quarto maior entre as 22 secretarias) – cortesia do "choque de gestão" de seu chefe, o "Perfeito Gestor Idiota Latino-Americano" João Doria (copyright Luís Nassif, que escreveu um texto lapidar sobre o "jestor" Doria no GGN), que aliás, atende a uma parcela de eleitores que ODEIAM artistas e cultura em geral (aliás, dá para entender porque o doutor Sturm foi escolhido para secretário: talvez ele tenha sido o único a se prestar a concordar e implementar as medidas de desmonte da Cultura, que na verdade são do prefeito João Dória, centralizador e autoritário até a medula) – e pela inabilidade do secretário no diálogo com toda a classe artística paulistana. (Para registro: no fim de 2016, movimentos culturais defenderam que 3% do orçamento geral fosse para a Cultura, com metade destinada à periferia da cidade, mas a porcentagem não chegou a 1%.) O corte não foi reposto (e 8% do orçamento da Cultura não dão nem pro gasto), e o exemplo da ameaça de porrada ao representante de um coletivo cultural (porque tal representante foi bem mais articulado ao apresentar seus argumentos) explicita bem tal inabilidade. O respeitável currículo do doutor Sturm não pode tapar o sol com a peneira diante da falta de diálogo, de impasses nas negociações, de interferências sem justificativa válida em editais (no resultado do edital do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais - VAI, na seleção de apoiadores para o carnaval de rua da capital paulista, na revogação e alteração do edital de Fomento à Dança, que já tinha os projetos pré-selecionados, e outros que tais) e, claro, de seu pavio curto  e pedidos de desculpas, depois de agressões, verbais ou não, não mudarão isso.
2- Neste quadro, qual gestão é "imprescindível fortalecer"? Uma "jestão" que só dialoga com uma meia-dúzia-de-três-ou quatro (tipo assim, os senhores, por exemplo) e fecha as portas para novas linguagens, novos criadores? Se é esta que os senhores defendem e apoiam, parabéns: nunca pensei que, com o passar do tempo e da idade, os senhores realmente se tornassem elitistas que flertam com o neoliberal, com o autoritário e com a subserviência para manter o que tem (tipo assim, farinha-é-pouca-meu-pirão-primeiro) às custas da saudável renovação do audiovisual brasileiro.
3- Aliás, se o doutor Sturm é um profissional competente e fundamental para a Cadeia do Audiovisual brasileiro, não acham que ele seria bem mais útil a ela voltando a trabalhar nesta cadeia do audiovisual do que acuado na bur(r)ocracia de uma "jestão" arrasa quarteirão privatista como a do doutor Doria? (Aliás os senhores sabiam que o furor privatista cego da "jestão" Doria está seriamente pensando em privatizar a recém-fundada SPCine - e que o dr. Sturm simplesmente baixa a cabeça e aceita calado neste assunto?)
4- Ainda assim, se quiserem levar adiante este king kong inútil (visto que desnecessário, já que, por enquanto, o doutor Doria não pretende demitir o dr. Sturm), boa sorte. Mas já que é assim, que tal manter alguma aparência de espontaneidade? Tipo assim: que tal convencer o o dr. Sturm a renunciar de uma vez por todas à presidência do Sindicato da Indústria Audiovisual de SP (por coincidência, uma das entidades que capitaneiam tal carta de apoio), do qual ele é presidente licenciado, e do conselho do programa Cinema do Brasil (iniciativa implantada pelo próprio Sindicato do Audiovisual de SP, que promove o cinema brasileiro no exterior e recebe recursos públicos e apoio da Ancine)? Sim, porque senão fica parecendo que esta manifestação "espontânea" é, na verdade, uma iniciativa de cabresto do próprio dr. Sturm: "Vocês estão livres para decidir se me apoiam ou não, DESDE QUE ME APOIEM, senão vão ver o que é bom pra tosse, bronquite e rouquidão!". (Nesse caso, os senhores vão justificar a a célebre frase do grande Millôr Fernandes: Quem se curva aos opressores - Dória, Sturm et caterva - acaba mostrando o rabo aos oprimidos - todos nós.) 

Viemos por meio desta rechaçar a mensagem enviada em 02 de Junho de 2017, através de email institucional do programa Cinema do Brasil às empresas associadas, e assinada pelo presidente do SIAESP, João Daniel Tikhomiroff.
O programa Cinema do Brasil é uma iniciativa privada implementada pelo SIAESP, que sobrevive graças a recursos públicos provenientes da APEX e do MRE, assim como das mensalidades das associadas em todo o Brasil, além do apoio institucional da Ancine.
Esta sempre foi uma iniciativa apartidária, cujo objetivo é, tão somente, promover a internacionalização da produção brasileira, independentemente dos valores ideológicos das obras e de seus produtoras e produtores.
É preciso que se esclareça primeiramente quem, afinal, é o presidente do programa Cinema do Brasil ao qual o email se refere. É João Daniel Tikhomiroff, que assina o email, ou é o próprio André Sturm, que figura como presidente do programa em toda a comunicação oficial do mesmo?
O email institucional enviado hoje, pedindo um posicionamento das produtoras associadas em relação à gestão, à frente da Secretaria Municipal de Cultura, de André Sturm, constitui grave ofensa ética e põe em risco a qualidade e o caráter apartidário do programa.
Além disso, coloca as associadas em situação delicada, sem saber qual será a possível retaliação caso não se posicionem em relação ao assunto ou se posicionem contrariamente, tendo em vista que o requerente do apoio, ao que tudo indica, é o próprio Secretário.
Aguardamos, enquanto representantes de empresas associadas, um posicionamento oficial do Cinema do Brasil em relação ao episódio, reafirmando nosso repúdio ao uso do programa para solicitação de apoio político-partidário, agravado pelo fato de que o Secretario figura até hoje como presidente do Cinema do Brasil.
Subscrevem esta mensagem:

Aly Muritiba
Ana Alice de Morais
Andre Novais Oliveira
Clarissa Campolina
Daniel Bandeira
Daniel Ribeiro
Davi Pretto
Diana Almeida
Ester Fér
Gabriel Martins
Henrique Spencer
Ivan Melo
Jéssica Luz
Julia Alves
Juliana Vicente
Juliano Dornelles
Leonardo Mecchi
Luana Melgaço
Manfrini Fabretti
Mannu Costa
Maurilio Martins
Paola Wink
Paula Pripas
Rafaella Costa
Rodrigo Diaz Diaz
Thiago Macedo Correia
Ticiana Augusto Lima
Vania Catani

Aí, convenhamos: isso ficaria muito feio, não é?
Fora o fato, elitistas cavalheiros, que os senhores justificam 

Sem mais, para o momento...

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