23 junho, 2015

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXXIX)

Não tem jeito: esta séria série vai ter de comentar sobre a polêmica da semana, entre um jornalista e um... tem um termo melhor para o seu oponente? Não?
Então vamos lá: entre um jornalista e um... (pigarro) líder religioso.
O jornalista é Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band e comentarista da rádio BandNews FM.
O... (pigarro, de novo) líder religioso já é nosso triste conhecido: Silas Mala-Sem-Alça-Faia.
O mote, para quem ainda não sabe (e há quem não saiba ainda?) são os ataques ocorridos a centros espíritas e terreiros de candomblé mais recentes, perpetrados por "bons cristãos" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas, para não dizer o termo longo porém justo: fundamentalistas evangelicuzinhos intolerantes – obrigado) – inclusive o mais recente, em que uma menina de 11 anos, recém iniciada no candomblé, levou uma pedrada destes "bons cristãos" na cabeça.




Sobre isso, Silas Mala-Sem-Alça-Faia, dando uma de joão-sem-braço, repudiou oficialmente o ataque.
(Aposto que com o seguinte fundo musical: hipocrita / sencillamente hipocrita... Porque até no mundo mineral – copyright Mino Carta – se sabe que pastores fundamentalistas estimulam o ódio às religiões afro brasileiras – CQD este texto do Diário do Centro do Mundo).
E, segundo ouvintes frequentes da BandNews FM, alguns comentários de Boechat bateram na mesma manjada tecla.
Ora, como Silas Mala-Sem-Alça-Faia sofre da Síndrome da Melancia no Pescoço (também conhecida como "Transtorno Obsessivo Compulsivo do Falem-Mal-Mas-Falem-de-Mim"...), lascou dois tuítes seguidos, com sua santa calma SQN:

Avisa ao jornalista Boechat, que está falando asneira, dizendo que pastores incitam os fiéis a praticarem a intolerância. Verdadeiro idiota.

Logo depois:

Desafio Boechat para um debate ao vivo. falar asneira no programa de rádio sozinho, é mole,deixa de ser falastrão.Não incite o ódio .

Bem, qualquer pessoa, por mais santa que seja, não tem sangue de barata. (Nem o próprio Jesus tinha – CQD sua fúria contra os vendilhões do Templo.) E a resposta de Boechat, nesta sexta feira, 19 de junho de 2015, vai entrar para os anais (sem trocadilho, por favor...) do jornalismo brasileiro. Os grifos da transcrição do comentário de Boechat na BandNews FM - que já está no YouTube - são meus.

BOECHAT - "[O pastor Silas Malafaia], figura que dispensa maiores apresentações...
LOCUTORA - Acabou de colocar no Twitter...
BOECHAT - ...acabou de colocar no Twitter dele um desafio pra debater comigo ao vivo, pra eu 'parar de falar asneira no programa de rádio sozinho, que é mole... deixa de ser falastrão... não incite o ódio'. 'Avisa ao jornalista Boechat que está falando asneira, dizendo que pastores incitam os fiéis a praticar intolerância... Verdadeiro idiota'... Ô Malafaia, vai procurar uma rola, vai. Não me enche o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia. E agora vai querer me processar pelo que eu acabei de falar, que é o que você faz. Você gosta muito é de palanque. Eu não vou te dar palanque porque tu é um otário, tu é um paspalhão. O que eu falei e repito, e não vou partir pra debate com você porque não vou te dar confiança, é o seguinte. Que é no âmbito de igrejas neopentecostais que estão acontecendo atos de incitação à intolerância religiosa, mais do que em outros ambientes. Em nenhum momento, é pegar minhas falas que estão gravadas, eu disse qualquer coisa que generalizasse esse comentário, qualquer coisa. Até porque, diferente de você, não sou um idiota. Então você é um homofóbico, você é uma figura execrável, horrorosa, e que toma dinheiro das pessoas a partir da fé. Você é rico. Eu não sou rico porque tomei dinheiro das pessoas pregando salvação depois da morte. O meu salário, os meus bens, o meu patrimônio, veio do meu suor, não veio do suor alheio. Você é um charlatão cara, que usa o nome de Deus, de Cristo, para tomar dinheiro dos fiéis. Você é tomador de grana. Você e muitos outros. Tenho medo de você não, seu otário. Vai procurar uma rola, repetindo em português bem claro. Bom...”
LOCUTOR - Posso chamar aqui...
BOECHAT - Só um minutinho... O pastor João Melo, da Igreja Batista Vila da Penha... onde tem três mil membros... e ali na Vila da Penha onde foi o ataque...
LOCUTOR - Foi em São João de Meriti...
LOCUTORA - ...da menina Kailane...
BOECHAT - ... Kailane... Kailane Campos e a avó dela, recentemente... o ataque de... que não se sabe ainda de quem foi... mas de intolerância religiosa, jogaram uma pedra na menina, levou três pontos na cabeça... o pastor João Melo me mandou uma mensagem pelo SMS... dizendo o seguinte... "Sou pastor da Primeira Igreja Batista em Vila da Penha, onde temos três mil membros, que fica no Largo do Bicão... e ontem"... portanto, antes mesmo do café da manhã do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, esta manhã... o pastor João Melo já tinha ontem recebido a menina Kailane, e a família da Kailane... "num gesto pra repudiar o ato de pessoas intolerantes que NÃO representam"... ele enfatiza aqui... " NÃO representam os evangélicos e muito menos o Cristo...Neste domingo, em vez de realizarmos o culto pela manhã, normalmente, como acontece sempre, estaremos participando da movimentação em favor da liberdade e da tolerância religiosa. Abraço, padre (SIC) João Mello." Esse é o tipo de pastor que nós respeitamos e doa quais precisamos pra conduzir os rebanhos de fiéis... é deste tipo de gente que estou falando quando falo que a igreja tem que tomar uma posição... assim como acho que as igrejas evangélicas também tem que tomar uma posição... atitudes como essa, dos pastor João Mello, e não de outros que tentam... criar uma confusãozinha pra crescer na área deles... vai crescer sozinho, malandro... em cima de mim não vai não."

Para quem prefere ouvir, a gravação completa.

Toda a internet, toda a blogosfera foi unânime em afirmar: Ricardo Boechat mitou, ao falar uma coisa que estava engasgada em todas as pessoas – pelo menos, as que tem o número completo e certo de neurônios no cérebro, não tem só o Tico e o Teco.
Isto é, quase todas.
É que teve gente que se incomodou... com a rola.
Sério.
Algumas pessoas se incomodaram com o termo reconhecidamente chulo usado pelo Ricardo Boechat ("Vai procurar uma rola, vai") e reclamaram. Como exemplo, transcrevo aqui (contando o milagre mas não falando o nome do santo...) um comentário no Facebook:

(...), acho o comentário do Boechat homofóbico e machista. Não é em nada melhor que nada que o Malafaia diz. A perversidade de uma figura como o Malafaia não pode servir pra justificar que se diga qualquer coisa apenas porque o outro cara é, sim, um completo idiota.

E, logo depois:

(...) Só acho que um cara como o Boechat pode explodir melhor que isso, sem reforçar uma opressão de gênero. Não acho que seja cobrar correção política, porque o problema não é o uso de palavrão. O problema, penso eu, é no sentido de rebater um cara como o Malafaia usando um insulto que carrega um preconceito pejorativo e que gera inclusive crimes de ódio, como a gente sabe. Até quando as pessoas vão ficar "insultando" outras chamando de "viado", "bicha" ou mandando "procurar rola"? Chamar um jogador de "macaco" provoca uma celeuma internacional (com total motivo). mas chamar outro de "maria" ou berrar "bicha" em uníssono é de boa?

Até que ele não deixa de ter razão.
O problema é que, no contexto de tal situação, chamar a atenção para a "homofobia" (ou proto homofobia) do "Vai procurar uma rola, vai" do Boechat é o mesmo que procurar chifre em cabeça de cavalo ou pelo em ovo.
Explico melhor.
Não somos perfeitos: somos seres humanos. E, se alguém me mostrar uma pessoa reputada como 100% perfeita, eu lhe mostrarei que é como a falecida Alice Steen, do romance A sucessora, de Carolina Nabuco: por baixo daquela perfeição, há um esqueleto (ou esqueletos) no armário.
Não, amigos, ninguém é perfeito. (Nem este escriba que vos fala.) Como disse Charles Chaplin no discurso final de O grande ditador: Não sóis máquinas! Homens é que sóis! E com o amor da humanidade nas vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… os que não se fazem amar e os inumanos!
Não somos máquinas, robôs, ou computadores: somos seres humanos.
E seres humanos com seus altos e baixos e, sobretudo, com sangue nas veias.
Neste caso, por altos e baixos, entenda-se: por mais que nos conscientizemos da homofobia, da discriminação (étnica, religiosa, de gênero, de orientação sexual etc., etc. e tal) e nos esforcemos para conseguirmos nos livrar de ideias conservadoras de gerações anteriores (e, sendo sincero: de nossos pais) e em lutar para que elas sumam da sociedade e de nós mesmos, não tem jeito: em ocasiões em que (como se dizia no tempo em que os bichos falavam...) perdemos a tramontana, tais condicionamentos conservadores, que ainda estão bem lá no fundo de nossa psique, quase sempre vem à tona.
Isso se continuarmos considerando expressões como "Vai procurar uma rola, vai" somente como ofensas. São sim. Mas, como disse outra facebookiana (com a qual eu concordo), expressões como esta – e mais as célebres "vai tomar no cu", "é do caralho", "vá se foder" e "não-sei-o-quê de cu é rola" (que é contraparente do "Vai procurar uma rola, vai"...) – há muito tempo extrapolaram o sentido inicial, de homofobia ou machismo. São usadas por heteros, homos, homens, mulheres, enfim, por seres humanos quando explodem de um jeito que os singelos "vai catar coquinho", "vai pentear macacos" e "vai lamber sabão" (as duas últimas do tempo em que vovó era criança e J.Carlos brilhava na revista Careta – inclusive com charges falando da máquina de pentear macacos, abaixo) não são suficientes para expressar nosso sentimento. Já vi muitos gays (gays convictamente assumidos) xingando seus próprios pares de "bicha" ou "viado". E eu mesmo já perdi a paciência com as m... de Silas Mala-Sem-Alça-Faia e o mandei dar meia hora de bunda no Facebook. 
(E você mesmo, seja sincero: você nunca xingou um juiz de futebol de "viado" quando ele marcou uma falta ou um pênalti contra seu time? Seja sincero MESMO...)


A máquina de pentear macacos de J. Carlos

Ou, como bem explicou Alex Antunes, em seu blog no Yahoo!:

Porque a “rola” de Boechat não me parece nem homofóbica nem antifeminista? Primeiro, porque se trata do embate de dois homens heterossexuais – não haverá aí a ofensa que haveria se alguém se dirigisse assim a uma mulher ou gay. Segundo, porque ela converge com o fato de que quem é obsessivamente fixado na sexualidade alheia é porque tem problemas com a sua própria. O que Boechat disse (grosseiramente, é claro) é que quem se satisfaz não perde seu tempo todo tentando impedir a satisfação alheia – e que a frustração de Malafaia deve ter a ver com a homossexualidade que tanto o perturba. A procura de Malafaia por polêmica poderia ser substituida por outra.
Terceiro, porque Boechat dessacralizou numa só frase essa inversão opressiva do politicamente correto e a suposta “autoridade” de Malafaia. Malafaia não é nada. Com seu sotaque carioca e seu arroubo de sinceridade, Boechat restaurou por um momento libertador o “homem brasileiro”, com o toque de improviso e malandragem que costumávamos conhecer – aquele homem que ainda temos que melhorar, não piorar. Teve algo de xamânico essa fala. Causou um colapso no “pastor”, que tuitou seguidamente dezenas de vezes, se expondo cada vez mais, e culminou com um ato falho: “eu vou te engolir” (risos).


Calma... este é um meme de Mala-Sem-Alça-Faia na internet

Claro, tenho outra teoria. Noves fora estes condicionamentos conservadores que ainda estão em nossas cabeças, talvez o Boechat tenha feito alusão às conclusões mais recentes da ciência e da psicologia a respeito da homofobia mais raivosa. Diversas experiências científicas são unânimes na mesma conclusão: grande (mas grande MESMO) parte dos homófobos mais raivosos são assim porque, no fundo, tem fortes tendências homossexuais, e a raiva é para reprimi-las. Destruindo (ou pregando a destruição) do outro (isto é, do povo LGBT), ele não corre risco de assumir seus impulsos gays. CQD este trecho de um documentário, que, aliás, já citei aqui em outros posts desta séria série (como este aqui). Mas isso, caros leitores, é uma teoria.
O fato é que, ao prestar mais atenção para o "Vai procurar uma rola, vai" e se ofenderem, as pessoas deixam de lado os fatos mais importantes do comentário do Boechat:
1- em algumas igrejas neopentecostais (não todas, e nem Boechat generalizou), estão acontecendo atos de incitação à intolerância religiosa, mais do que em outros ambientes. (Tipo assim: histéricos pastores berrando aos seus fiéis que "lugar de homossexuais é no inferno!", e alguns fiéis - cujo Tico e o Teco, no mínimo, não funcionam direito - entendem que devem apressar a viagem de gays e lésbicas para o inferno, espancando-os até a morte.) E, pior ainda: em outras igrejas, uma incitação a que se rasgue a Constituição Federal, quando alguns fiéis destas igrejas andam com camisetas ou adesivos com os dizeres: "Bíblia sim, Constituição não!" – troço que só o atual ministro-cara-de-paisagem da Justiça não vê;
2- que o hipocrita / sencillamente hipocrita Silas Mala-Sem-Alça-Faia vive sim, de doações de fiéis para Cristo (e ganha bem até demais em cima delas), um dinheiro que o próprio Cristo nunca recebeu, nem faz questão de receber, obrigado – conforme "disse" o próprio Cristo, via Gregório Duvivier em artigo para a Folha de S. Paulo. Isto é um fato comprovado por diversas entrevistas do próprio Silas Mala-Sem-Alça-Faia, como esta aqui. Sem a permissão dele, um trecho, em que a motivação financeira, mais do que a motivação religiosa, está mais do que clara:

iG: Quanto ganham em média os pastores da sua igreja? 
Silas Malafaia: Ninguém ganha igual. Cada um tem o seu valor. Tenho pastores que ganham entre R$ 4 mil e R$ 22 mil. Pastores que mando para outro estado, pago casa, água, luz, escola dos filhos, gasolina. Dou dignidade aos caras. Não trabalho com zé bobão. Tinha dois pastores que eram advogados e possuíam escritórios de advocacia. Cheguei e perguntei: amigo, o que você quer ser? Pastor ou advogado? Qual é teu chamado? Pastor? Então fecha essa porcaria e vem comigo. Não tenho gente que não ia ser nada na vida e virou pastor.


e
3- que o hipocrita / sencillamente hipocrita Silas Mala-Sem-Alça-Faia também é um dos que incitam a intolerância homofóbica. Na mesma entrevista de Silas Mala-Sem-Alça-Faia, um exemplo já célebre, que já citei em outros posts, da piedade do ínclito pastor (o grifo é meu):

iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays? 
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles. Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.

Briga de amor entre gays?
Então tá.
Em São Paulo, uma jovem de 20 anos, bissexual assumida, foi morta com 12 tiros por um homem (que, certamente, devia estar apaixonado por ela, não é, Silas Mala-Sem-Alça-Faia?), quando ia para a Parada LGBT.
E, no Espírito Santo, ocorreu mais uma "briga de amor entre gays". Nesta"briga", Rafael Melo, de 14 anos (Deus, 14 anos!...), foi morto a pauladas e pedradas. Principal suspeito: o tio do garoto. Por coincidência, cinco anos depois que outro jovem de 14 anos, Alexandre Ivo, foi morto em São Gonçalo por um grupo de homens que, certamente (atenção: isto é uma IRONIA), se apaixonaram por ele. Não é mesmo, Silas Mala-Sem-Alça-Faia?
(Para registro: depois do assassinato da juíza Patrícia Acioli, a Comarca de São Gonçalo – do qual ela era juíza titular – até hoje não marcou o julgamento destes brucutus. Por que será?)
E não devemos nos esquecer de uma coisa: Ricardo Boechat trabalha na Band – na rádio BandNews FM e na TV, onde é âncora do Jornal da Band. E, como bem lembrou outro artigo do Diário do Centro do Mundo sobre a resposta de Boechat a Silas Mala-Sem-Alça-Faia, as igrejas neopentecostais, que alugam horários na grade de programação, são justamente as responsáveis por uma fatia enorme do faturamento da emissora de TV. Na lista, a Igreja Universal do Reino de Deus (ela mesma proprietária de uma rede de TV, a Record), a Igreja Internacional da Graça de Deus, de um dissidente da Universal chamado R.R Soares... e, last but not least, a Assembléia de Deus Vitória em Cristo, de Silas Mala-Sem-Alça-Faia.
E esse mesmo artigo transcreve mais uma ameaça do piedoso Silas Mala-Sem-Alça-Faia:

Como era de se esperar em se tratando deste grande caráter, Silas já prometeu no Twitter: “Vou perguntar ao meu amigo Johnny, dono da Band, se a política do grupo é caluniar e difamar pessoas. UMA VERGONHA!”
A essa altura, ele provavelmente já falou mesmo com Johnny e a roda está girando. Só para lembrar: Rafinha Bastos foi demitido do CQC por causa de uma piada estúpida com a mulher de Marcos Buaiz, sócio de Ronaldo Fenômeno.
A grana evangélica opera milagres na Bandeirantes. Tomara que Boechat escape de uma retaliação tão baixa. A imagem da emissora sofreria um dano enorme (embora o que valha, nessas horas, seja a grana, e dane-se a imagem).

Isso é possível acontecer?
Bem, na mesma semana em que Boechat mandou Silas Mala-Sem-Alça-Faia procurar uma rola, apareceu na internet um abaixo assinado eletrônico em favor de um radialista catarinense, chamado Robson Dias. Um trecho do texto do abaixo assinado:

Ontem a Rádio Transamérica Pop de Balneário Camboriú (SC) afastou o radialista Robson Dias do seu programa matinal. Segundo informações do próprio e de relatos em redes sociais, o fato ocorreu porque uma comissão de pastores evangélicos, insatisfeitos com as opiniões do radialista, pressionaram a direção da rádio para que o mesmo fosse demitido. A princípio a direção ignorou o pedido e a tal comissão, ao que parece, chantageou anunciantes da rádio com boicotes. Fato, que acabou por selar o afastamento do Robson Dias do seu programa.

Lembrando: Silas Mala-Sem-Alça-Faia se declara amigo de Johnny Saad, manda chuva do Grupo Band, e disse que vai falar com ele. Por outro lado, Boechat é um jornalista respeitado e âncora do principal jornal da emissora. Quem será o mais valente nesta luta do rochedo com o mar?
Enquanto isso, Silas Mala-Sem-Alça-Faia colhe os... digamos... frutos da histeria que plantou. Em um post seu no Facebook, em que ele pede doações, várias pessoas declararam doações de... rolas.
Fora os memes. A seguir, para rirmos um pouquinho, uma pequena seleção deles (especialmente criados para outra séria série, #NeguinhoÉMauPracaráiVéio).

  

  

  

  







Espero que isso esteja bem esclarecido. Se alguém não entender, faz parte. Agora, se alguém se recusar a entender (especialmente os fãs de Silas Mala-Sem-Alça-Faia, Marco Feliciânus, Levy (In)Fidelix, Jair Besteiraro et caterva), breve recado: vão procurar uma rola, vão!

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P.S.: Certo, isso já é antigo, mas não posso deixar de comentar.
É chato ver que certas pessoas são como vinho mal acondicionado na adega: viram vinagre. À medida que envelhecem, não ficam melhores: pioram, apodrecem.
Como o cartunista e escritor Ziraldo, "o homem que nunca brochou" (segundo ele próprio...). Em entrevista ao jornal mineiro Hoje em Dia, Ziraldo não se limitou a criticar as personagens de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg na novela Babilônia, de Gilberto Braga: preferiu – tal qual um Levy (In)Fidelix ou um Silas Mala-Sem-Alça-Faia qualquer – esculachar a presença de personagens gays e lésbicas na teledramaturgia:

(...) Casais homossexuais convivendo numa boa e circulando pelas ruas sem olhares inquisidores. Onde? Só mesmo na ficção. “O problema da homossexualidade é que ela está hiperdimensionada. A TV Globo acha que está fazendo um grande serviço ao ‘modus vivendi’, ao dar chance aos homossexuais de assumirem a sexualidade deles”.
O cartunista, de 82 anos, recorreu a um recente e polêmico episódio sobre a questão no país – a cena do beijo gay entre as atrizes Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro, na novela “Babilônia”. “A Fernanda Montenegro não tem direito de fazer apologia do afeto homossexual. Grandes fãs dela estão estarrecidos com isso. E mesmo que ela estivesse pensando em ajudar as mães dos homossexuais... Mas qual é a porcentagem de mães de homossexuais?”, avalia.
Amigo de Guimarães Rosa (1908-1967), Ziraldo exemplifica o extremo à esta situação ao cutucar um aspecto na obra-prima do escritor de Cordisburgo. “No livro ‘Grande Sertão: Veredas’, Guimarães Rosa não teve coragem de fazer Riobaldo assumir a homossexualidade dele. Inventou que Diadorim era uma mulher vestida de homem. Isso é uma coisa mineira”.

Ziraldo-que-nunca-brochou (uma ova!...) a época era outra. E talvez a ideia de Diadorim era surpreender o público – fazê-lo pensar uma coisa, quando era outra. De qualquer forma, parece que ele não leu Buriti, uma das novelas de Corpo de baile (1956), do mesmo Guimarães Rosa – logo, nem soube da relação entre Lala e Glorinha (e, desde já, me desculpem o spoiler...). Muito menos viu o belo filme de Carlos Alberto Prates Correia, Noites do Sertão (1984), baseado em Buriti. Mas tudo bem, ainda dá tempo, Ziraldo-que-nunca-brochou (aqui, ó!...).
De qualquer forma, fica o comentário do site Guia Gay BH, que tira as palavras de minha boca:

E pensar que Ziraldo é autor do livro infantil "Flicts", que defende respeito às diferenças e a superação do preconceito por quem é vítima de discriminação. Ele mesmo não entendeu o que escreveu, pelo jeito.

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Agora, duas indicações de filmes para esta séria série, diretamente da Mostra New Queer Cinema, organizada por Luzes da Cidade – Grupo de Cinéfilos e Produtores Culturais e Insensatez Audiovisual, com curadoria de Mateus Nagime e Denilson Lopes. Começou na Caixa Cultural de São Paulo (28 de maio a 10 de junho de 2015) e veio para o Rio de Janeiro (9 a 21 de junho de 2015). Suas próximas paradas são Fortaleza (CE – a partir de 11 de agosto), Curitiba (a partir de 25 de agosto) e Salvador ( a partir de 2 de setembro). Maiores detalhes no site da Mostra New Queer Cinema.
As indicações são: O animal sonhado (Brasil 2015) e The Watermelon woman (EUA, 1996).
O animal sonhado, que abriu a Mostra New Queer Cinema no Rio de Janeiro, é uma produção cearense, de realização coletiva (dirigido por Breno Baptista, Luciana Vieira, Rodrigo Fernandes, Samuel Brasileiro, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes). Cada um dirigiu um segmento do filme, cujo tema comum é o desejo uma pulsão presente, pulsante, que fica reprimida em alguns episódios (como o do pai, que tem um desejo doentio pela filha adolescente que, claro, nunca conseguirá realizar), mas que, à certa altura de outros segmentos (como diria aquela canção do Gonzaguinha), não da mais pra segurar.
The Watermelon woman é mais antigo (de 1996), mas também valeria a pena ser lançado. A "The Watermelon woman" – em português, "Mulher Melancia" (não confundir com Andressa Soares, a nossa Mulher Melancia, dançarina que também posou para revistas masculinas etc. e tal) – era o apelido de Fae Richards (Lisa Marie Bronson), uma atriz negra da Filadélfia, que apareceu em vários filmes na década de 1930 e, que, supostamente, teve um longo caso com Martha Page (Alexandra Juhasz), uma mulher branca, uma das poucas diretoras de cinema de Hollywood. Pelo menos, essa é uma das teorias que Cheryl (Cheryl Dunne, também diretora e roteirista), uma jovem cineasta negra e lésbica, quer tirar a limpo em sua pesquisa para um filme sobre a Mulher Melancia norteamericana. Enquanto leva sua pesquisa adiante, Cheryl se envolve com uma mulher branca, Diana (Guinevere Turner).
Conseguirá Cheryl saber ou não a verdade sobre a relação entre a Mulher Melancia norteamericana e Martha Page?
Será que a relação entre Cheryl e Diana irá adiante?
Será que esta relação entre Cheryl e Diana causará tensões entre Cheryl e Tamara (Valerie Walker), sua amiga e parceira?
Bem, respondo com outra pergunta: que tal insistirem com seu distribuidor de cinema favorito para que The Watermelon woman e O animal sonhado sejam exibidos nos cinema, hein?

(Em tempo: os diretores de O animal sonhado falam sobre o filme em um vídeo para a página do site Cine Festivais no YouTube. Sobre The Watermelon woman, há também no YouTube um trailer do filme e uma cena com Camille Paglia. Enjoy.)