25 novembro, 2015

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XLII)

Hoje, nesta séria série, iríamos falar de assunto mais ameno e científico.
Mas o desastre ambiental em Mariana (MG), os novos atentados em Paris, uma performance polêmica e a sucessão municipal no Rio de Janeiro tomaram o lugar dele.
Então vamos lá.
(Aviso: como é muito assunto - e como muitas das coisas que vou falar serão espontâneas - este texto periga de ser longo. Tenham paciência.)

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Nem sempre podemos acompanhar todas as questões ambientais no Brasil. Mas agora deu para perceber que o rompimento da barragem de rejeitos de minério no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG) - que acabaram caindo no rio Doce e seguiram o seu curso até chegar ao oceano - era uma tragédia quase anunciada, pela fiscalização ineficiente e pela cabeça-de-planilha dos ilustres executivos da Vale-BHP-Samarco, com suas "brilhantes" soluções para cortar custos e sobrar dinheiro para pagar mais dividendos aos acionistas - como a igualmente "brilhante" ideia de ignorar uma pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), que transforma os rejeitos de minério em materiais de construção, o que esvaziaria, e muito, as barragens. (Sobre isso, há uma matéria no jornal O Tempo, de Bel'Zonte, e outra no Portal da EBC.)
Mas não vou me estender sobre isso. Prefiro recomendar a vocês um vídeo sobre o assunto, bem estruturado e bem pesquisado, de "um tal de Pirula" - é assim que Olavo DOI-Codi de Carvalho, o "filósofo" (SIC) defensor de torturadores, chama o Pirula desde que foi esculhambado por ele a respeito de um boato de que "a Pepsi usava células de fetos abortados como adoçante nos refrigerantes" - aliás, esta "polêmica" é comentada aqui pelo Maestro Bogs, com o merecido deboche, em um vídeo.




Como sempre acontece, sempre tem l'esprits de cochon (só estou treinando meu francês de escola; quem não entendeu, quer dizer, simplesmente: espíritos de porco) na internet (e principalmente no Facebook) querendo aparecer. Desta vez é um grupo chamado Socialista de iPhone - que se diz centro-direita, mas na verdade é coxinha mesmo.



Notícias dão conta de que a Socialista Morena doou um exemplar do livro dela lá pro pessoal
Todos os demais, nem sinal...
Tico Santa Cruz
Pitty
Emicida
Gregorio Duvivier

Fofos, não?
Bem como diria Jack, o Estripador, vamos por partes:

1- Para quem voltou de Marte ontem: Pitty, Emicida e Tico Santa Cruz são músicos. Gregório Duvivier é humorista integrante do grupo Porta dos Fundos. E a Socialista Morena ao qual se referem é a jornalista e blogueira Cynara Menezes, que tem um blog com este nomeTico Santa Cruz, Pitty, Emicida e Gregório Duvivier nunca se declararam socialistas ou coisa parecida. Simplesmente são contra todo e qualquer tipo de golpe contra as instituições ou contra a Constituição para derrubar o atual governo - seja "golpe paraguaio" (sob a forma de impeachment) ou militar (sob a forma de "intervenção militar constitucional" sem que nenhum dos três poderes da República peça isso) - sonho dourado de todos os coxinhas.
2- Aliás, é louvável que o Pearl Jam doe o cachê de seu show. Mas será que eles realmente precisavam fazer isso? Como, aliás, explicou o próprio Tico Santa Cruz em resposta a este post:




3- Por que Tico Santa Cruz, Pitty, Emicida e Gregório Duvivier devem fazer alguma doação, SE É DA VALE-BHP-SAMARCO A RESPONSABILIDADE DE ARCAR COM TODOS OS CUSTOS DA, se me desculpar o termo, DA M... QUE ELES FIZERAM (por desleixo e "economia de custos para remunerar melhor os seus acionistas") EM MARIANA?
4- Sabe o que isso me lembra? Lembra o dia em que postaram na internet este meme, quando a Suprema Corte dos EUA aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o seu território.




O que eles queriam dizer, de modo bem escroto: não temos nada contra o "homossexualismo" ("homossexualismo" de subilatório é rola!), mas que coisa mais insensível, essa de preocupar-se com direitos LGBT como o casamento, quando há milhões de pessoas no mundo passando fome...
Primeiro: haviam milhões de pessoas passando fome aqui mesmo no Brasil, em extrema miséria, e para o bem ou para o mal deixaram de passar fome graças a políticas afirmativas dos últimos 12 anos, como o Bolsa Família. ONDE É QUE ESTES MENINOS QUE CRIARAM ESTE MEME ESTAVAM NESTA ÉPOCA?
Segundo e mais importante: uma coisa - o problema da fome no mundo - não exclui outra - os direitos LGBT, incluindo o casamento. (Aliás, uma pergunta que não canso de fazer a quem é contra o casamento LGBT: O QUE CARGAS D'ÁGUA ELE ATRAPALHA O CASAMENTO TRADICIONAL ENTRE HOMENS E MULHERES? Ou você é contra só por uma necessidade de fiscalizar o fiofó dos outros?)
Quando este meme apareceu, o Izzy Nobre, em seu canal no YouTube, comentou tal escrotidão e fez um desafio aos homofóbicos que postaram tal meme:



O desafio: não só doou dinheiro, através do site da organização Save The Children, como também juntou um monte de gente - principalmente do povo LGBT - para doar mais dinheiro para a mesma organização.
E, last but not least, desafiou os homofóbicos que postaram este meme safado a coçar o bolso e fazer o mesmo.
Até a data de postagem do vídeo, para sua (e nossa) NENHUMA surpresa, NENHUM dos homofóbicos que compartilhou ou espalhou este meme coçou o bolso para doar dinheiro para a causa da fome.
Inspirado pelo exemplo de Izzy Nobre - e pelo desafio de Tico Santa Cruz - faço um desafio: ao invés de cobrar desta ou daquela personalidade, POR QUE VOCÊS NÃO COÇAM O BOLSO E DOAM ALGUM DINHEIRO OU ALGUMA COISA PARA OS DESABRIGADOS DE MARIANA?
Aposto que os "Socialistas de iPhone" vão responder: "E daí? O que importa é que eles não doaram, pô!"
Aí, eu é que digo: e daí? Melhor do que cobrar dos outros é DAR O EXEMPLO, certo?
Eu mesmo, assim que tiver algum dinheiro no bolso, pretendo doar algum. Por enquanto, estou procurando alguma roupa ou alimento não perecível para doar.
Logo, façam o mesmo: parem de fiscalizar os outros com sua hipocrisia, tirem o escorpião do bolso e DOEM ALGO OU ALGUMA COISA.
Caso contrário (num oferecimento do Maestro Bogs), fica uma singela palavrinha de consolo para vocês:



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Como viram, demos mais importância à tragédia em Mariana (claro, afinal aconteceu aqui no Brasil, com compatriotas nossos, pô!), do que aos atentados dos fanáticos peidados da ideia do chamado Estado Islâmico. Isso não quer dizer que estamos indiferentes à dor dos franceses pelos mortos e feridos por mais este ataque - o segundo em um ano. (O primeiro, para quem não se lembra, foi na redação do semanário de humor Charlie Hebdo.)
Aliás, tem mais um vídeo sobre este mesmo assunto "desse tal de Pirula" - é assim que Olavo DOI-Codi de Carvalho etc., etc.




(Aliás, quem quiser entender esta "polêmica" entre Olavo DOI-Codi de Carvalho e o Pirula sobre a Pepsi, pode assistir os vídeos pela ordem: 
- a "denúncia" do "filósofo" - favor tomar um engov e sal de fruta após assistir;
- a resposta bem pesquisada e cientificamente embasada de "um tal de Pirula";
- a réplica raivosa do "filósofo" ; 
e
- a tréplica bem humorada do mesmo Pirula. Enjoy, pero no mucho, pelo bem de sua saúde.)
Só que, infelizmente, enquanto os franceses choram seus mortos e vão buscar as vísceras do fanáticos do Estado Islâmico, aqui em Terra Papagalli tem gente que prefere demonstrar seu próprio fanatismo raivoso.
Já adivinharam? Sim, eles mesmos: os evangélicos mais fundamentalistas, a quem tenho a honra de chamar de evangelicuzinhos.
Ah, vai dizer que Silas Mala-sem-Alça-Faia falou mais alguma merda?
Não, não desta vez. Foi o pastor, depufede (junção das palavras "deputado" e "federal" para economizar espaço e fazer pensar isso mesmo que você está pensando... - copyright Stanislaw Ponte Preta, in Febeapá - Festival de besteiras que assolam o país) e pré-candidato à prefeitura de São Paulo Marco Feliciano.
Quem chama a atenção para mais esta demonstração de insensibilidade do depufede é Carlos Fernandes, via Diário do Centro do Mundo:

O pastor Marcos Feliciano, internacionalmente conhecido pelo seu enorme repertório de insanidades, conseguiu aumentar ainda mais a sua já infame lista de contribuições à desinformação, ao racismo, ao preconceito e à intolerância religiosa.
Circula na internet um vídeo em que o “líder” religioso explana o que para ele seriam as razões pelas quais a França foi alvo dos recentes atentados terroristas que vitimaram pelo menos 129 pessoas.
Na encenação teatral que já virou lugar comum no “modus operandi” que farsantes travestidos de pastores utilizam para manipular os fiéis, Feliciano não economizou na performance e aos berros rezou o seu terço de ignorância e ódio para uma platéia de braços erguidos e olhos em lágrimas, como se o próprio apocalipse estivesse à sua frente.
Culpou o fato da França ser um dos países mais liberais do mundo, de ser um dos primeiros a lutar pela legalização do aborto, por defender a liberdade sexual e principalmente pelo fato dos franceses não terem filhos, permitindo assim que os imigrantes da religião islâmica tornassem a França num país muçulmano em 10 anos, profetizou.
Sobrou até para os animais. Segundo o cidadão, se você possui um gato ou um cachorro de estimação em sua casa e não filhos, você está atraindo a “islamização” e o terrorismo para o seu país. Santa demência.

Duvida? Então olha a prova do crime. É muito pior do que se pensava. (Recomenda-se tomar muito sal de frutas, engov e remédio contra náuseas ao terminar de assistir.)




(E não, você NÃO está vendo arquivos dobrados. Simplesmente nos prevenimos contra a hipótese de, por covardia, o pastor-depufede resolver apagar o vídeo do YouTube para apagar seu rastro de ódio - nada a ver com John Wayne: baixamos o vídeo para que fique como prova do crime.)



Mal comparando: assim como um destes policiais broncos e despreparados, que fala para uma mulher vítima de estupro que "ela é que tem culpa por ter sido estuprada" (quem foi vítima de estupro ou conhece alguma vítima, sabe do que estou falando), o pastor-depufede culpa as próprias vítimas dos tiros ou bombas do Estado Islâmico por levarem os tiros ou bombas. É como se ele dissesse aos franceses: bem feito.
Continuando o texto de Carlos Fernandes:


Marcos Feliciano nunca foi bom em história e geopolítica . Na verdade, Feliciano nunca foi bom em nada decente, talvez por isso não tenha feito qualquer menção aos massacres efetuados pela França nas suas colônias ou sua atual política internacional. Preferiu justificar essa tragédia com base nas suas próprias convicções, que convenhamos, são contemporâneas à Idade média e à Inquisição religiosa.
Primeiro que querer atribuir os atos de fanáticos religiosos ao fato do país ter avançado em temas como a legalização do aborto e a liberdade sexual, é na melhor das hipóteses, uma deficiência intelectual de proporções continentais. Nem mesmo o argumento da França possuir um baixo índice de natalidade permitindo um aumento proporcional de cidadãos de religião muçulmana, se ampara na realidade.
De acordo com o relatório do Eurostat, o Departamento de Estatística da União Européia, a França segue na contra-mão da maioria dos países da Europa no que se refere à taxa de natalidade. Ainda segundo o relatório, o país fechou o ano de 2013 com uma média de 1,99 filho por mulher, perdendo apenas para a Turquia que apresentou um índice de 2,08.
Essa é uma posição muito mais confortável no chamado “nível de substituição” (que estabelece a possibilidade da geração dos filhos substituírem os pais), do que os verificados na Alemanha (1,40), Itália (1,39), Espanha (1,27) e Portugal (1,21) no mesmo período.

Não é a primeira vez que este calhorda se esconde atrás da Bíblia (ou do que ele entende da Bíblia) para destilar seu ódio pelos outros seres humanos.
Lembram-se de sua opinião "espiritual" que ele tuitou a respeito dos africanos, que já comentei nesta séria série?




Pois é.
Lembram-se da sua pífia e covarde defesa, de que "nunca quis ofender os africanos, até porque eu sou afrodescendente", e que "tudo o que falei sobre isso foi sobre uma questão espiritual"?
("Espiritual"? Só se for "espiritual" de porco...)
Pois é.
E não é a primeira vez que Marco Feliciânus faz a figura de Deus à sua imagem e semelhança - isto é, de alguém que não tem nenhuma empatia com o ser humano ao seu lado, que efetivamente TEM NOJO do próximo, ODEIA o próximo. Não gosta do próximo e acontece algo de ruim com ele? A culpa é de Deus, foi Ele quem castigou.
O assassinato de John Lennon, em 1980? Foi "vingança divina". Deus mandou o mentalmente perturbado Mark Chapman para "cumprir a vontade de Deus" e matar Lennon. Diz o traste: "Eu queria estar lá no dia em que descobriram o corpo dele. Ia tirar o pano de cima e dizer: 'me perdoe John, mas esse primeiro tiro é em nome do Pai, esse é em nome do Filho e esse é em nome do Espírito Santo'."
A morte dos Mamonas Assassinas em desastre aéreo, em 1996? Foi obra de Deus. Diz Feliciânus: "O avião estava no céu, região do ministro do juízo de Deus, lá na serra da Cantareira. Ao invés de virar para um lado, o manche tocou para o outro. O anjo pôs o dedo no manche, e Deus fulminou aqueles que tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças." O motivo, segundo Feliciânus? Dinho, o vocalista da banda, se "vendeu ao Diabo" por dinheiro. Bem, se se vender por dinheiro é grave ofensa a Deus, porque é que Ele não mandou pras Profundas estes pastores caça-dízimos, que arrancam o pouco dinheiro dos fiéis "em nome de Jesus" para financiar sua própria boa vida - tipo assim, o próprio Feliciânus? (#ficadica, Deus...) E se Deus queria castigar os Mamonas Assassinas, por que o piloto do avião também pagou o pato - justo ele, que não tinha nada a ver com a história? "Neste momento, eu consigo sentir dó, pena de um comentário que chegou a me perturbar, como perturbou às minhas filhas. Mas a gente tem de ser superior nessa hora. [...] Se Deus, o Deus do Marco, queria tirar esse grupo que cantava músicas ‘inconsequentes’ - sei lá como ele chamou -, o que o meu marido tinha a ver com isso? Ele não cantava, era o piloto, estava trabalhando, com uma filha de 1 ano e uma de 3 anos em casa. A gente tem de acreditar que o mesmo Deus dele não é meu Deus". (Cristiane Parreira Martins, viúva do piloto do avião.)
A morte de Nelson Mandela, em 2013? Castigo de Deus, porque durante seu governo (e dos governos seguintes do Conselho Nacional Africano, o partido de Mandela), leis de direito ao aborto na África do Sul foram aprovadas. Logo, mais um "bem feito, já vai tarde" de Marco Feliciânus: "Quem mata uma criança, para mim, não é meu amigo. Então Mandela implantou a cultura que chamamos de cultura da morte dentro da África do Sul".
E esta de que "o Estado Islâmico persegue evangélicos"? 
Primeiro: o Estado Islâmico realmente executa cristãos que não queiram se converter na marra ao Islã. Mas são cristãos de igrejas orientais - especialmente da Igreja Assíria do Oriente e da Igreja Ortodoxa Síria, as mais antigas confissões cristãs do mundo. E, que eu saiba, não há Assembleia de Deus (a igreja evangélica de Marco Feliciânus) nem na Síria nem no Iraque, onde ficam os territórios ocupados pelo Estado Islâmico. A não ser que seja uma burrice seletiva - tipo assim, vincular os cristãos do Oriente Médio aos evangelicuzinhos de sua igreja, achando que seus fiéis são uns otários... 
Segundo: qual a lógica de Deus - o Deus cristão - em usar como instrumento de seu "castigo" contra "estes franceses depravados" fanáticos terroristas que matam cristãos "em nome do Islã"? 
(Assim mesmo, sr. revisor, "em nome do Islã" entre aspas, porque a grande maioria dos muçulmanos não é fanática, intolerante e assassina do jeito que outros fanáticos intolerantes - os evangelicuzinhos fundamentalistas - tentem nos fazer crer - obrigado.) 
Isso ele não explica. 
Talvez porque, para Marco Feliciânus - que, repetindo, NÃO TEM NENHUMA EMPATIA COM NENHUM SER HUMANO (a não ser, é claro, que tal ser tenha um cartão de débito para dar a ele, com senha e tudo...) - a lógica seja uma questão de detalhe... 
(Tipo assim, a "filosofia" de Jean Marie Le Pen, que acha que o extermínio de 14 milhões de seres humanos em campos de extermínio - dos quais 6 milhões de judeus - é "uma questão de detalhe da II Guerra Mundial...)
Ou seja, assim como Le Pen, Marco Feliciânus ME DÁ NOJO.
Vale a pena relembrar um pouco da história. em 9 de junho de 1954, o advogado Joseph Welch, conselheiro do Exército dos Estados Unidos, confrontou o famigerado senador Joseph McCarthy, o demagogo que presidia a Comissão de Atividades Antiamericanas do Senado, fazendo-lhe a pergunta que ficaria famosa na história política do país:

Já basta. Chega! O senhor não tem nenhum senso de decência? Será que não lhe sobra mesmo nenhum senso de decência, senador?

Será que precisa aparecer algum Joseph Welch para confrontar o depufede Marco Feliciânus e perguntar-lhe se não lhes sobrou nenhum senso de decência?
Pensando bem, podia ter apenas posto aqui o texto de Carlos Fernandes no Diário do Centro do Mundo ao invés de desabafar tanto. Vamos ao restante do texto:

Do início ao fim, Marcos Feliciano demonstrou o quanto é despreparado, e pior, mal-intencionado quando o assunto é a compreensão das diferentes formas de pensar e a convivência harmoniosa e cooperativa entre os diversos povos, religiões e culturas.
Acusa descaradamente o povo islâmico de perseguir evangélicos, o que não passa da mais ignóbil mentira, além de servir apenas como mais um alicerce para a construção de estereótipos que não param de alimentar o preconceito e a violência.
Da mesma forma que os evangélicos do mundo inteiro não podem ser responsabilizados pelas atitudes vergonhosas de indivíduos como Marcos Feliciano, a comunidade muçulmana também não pode sofrer em função do extremismo religioso de grupos que nada refletem o que prega o Alcorão.

O Brasil já passa por uma radicalização política demasiada o suficiente para que um membro de um outro tipo de Estado Islâmico venha incitar o ódio e a vingança para todos nós.

Sério, quem faria o grande favor de mandar este vídeo nojento de Marco Feliciânus para a embaixada ou o consulado da França mais próximo. Afinal, se o objetivo da França é combater o terrorismo fanático, melhor começar também a cortar pela raiz a fonte de um possível terrorismo fundamentalista - desta vez, se dizendo cristão - antes que tais evangelicuzinhos peguem em armas. Se com pedras eles já fazem estragos - como no caso Kailane, que também já comentei aqui em um post desta séria série - imagine com fuzis Ar-15 ou Kalashnikov

De resto, fica mais uma singela palavrinha de consolo para o senhor:



Ponto.

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E agora, vamos à tal performance. Chama-se MacaquinhosVale a pena dar uma olhadinha no texto do professor Paulo Ghiraldelli, que explica bem sobre a motivação desta performance.
Macaquinhos foi apresentada pela primeira vez em São Paulo, no Festival Mix Brasil de 2014. (E para quem voltou de Marte ontem: desde 2012, o Mix Brasil ampliou seu escopo, deixando de ser apenas um festival de cinema LGBT para se tornar um festival múltiplo de cultura, com cinema, teatro shows musicais... e performances, como a Macaquinhos.)
Isso me lembra, e muito, a polêmica sobre outra performance, a Xereka Satanikdo Coletivo de Arte Autonomista COYOTE, que aconteceu no final do II Seminário de Investigação e Criação do Grupo de Pesquisas UFF/CNPq: Cultura e Cidade Contemporânea: arte, política cultural e resistências, sob o título CORPO E RESISTÊNCIAS, no PURO-UFF, em maio de 2014, que eu também já comentei nesta séria série. Lembram? Pois é.
A diferença é que o SESC-CE botou o pau na mesa, feito cabra macho, e bancou o ato, ao se explicar em nota de esclarecimento no site da Mostra SESC Cariri de Culturas:

O Sesc, entidade de direito privado mantida pelos empresários do comércio, vem a público esclarecer que realizou a 17ª edição da Mostra Sesc Cariri de Culturas em 28 municípios caririenses promovendo o acesso à cultura de forma gratuita em suas mais diferentes expressões. Neste ano mais de 200 mil pessoas tiveram acesso a 127 espetáculos que são selecionados atendendo a critérios definidos em edital por um grupo de curadores, com total e plena autonomia, não cabendo ao Sesc nenhum tipo de censura, conforme prevê a constituição brasileira.
Em relação à apresentação Macaquinhos (SP), baseado no livro ‘O Povo Brasileiro”, de Darcy Ribeiro, o Sesc esclarece que atuou de forma a assegurar que apenas o público interessado tivesse acesso ao referido espetáculo. Assim, todas as informações foram oferecidas, sendo estabelecida classificação de 18 anos e horário de apresentação às 23 horas, com exibição obrigatória da Carteira da Identidade.
O Sesc tomou cuidado ainda em não divulgar qualquer imagem do espetáculo, por entender que pessoas fora da faixa etária indicada não devem ter acesso a tais conteúdos e não apoia a sua divulgação e portanto repudia a postagem de cenas do referido espetáculo nas redes sociais.
O Sesc, dessa forma, cumpre o seu dever de incentivar o fazer artístico respeitando a pluralidade e a formação crítica e autônoma do ser.

COORDENAÇÃO DA MOSTRA SESC CARIRI DE CULTURAS

Bem diferente da atitude da Reitoria da UFF ante a performance Xereka Satanik: ante a enxurrada de críticas fecais de sites de extrema direita, o reitor em exercício (que é o atual reitor) instalou uma comissão de sindicância... que já tinha suas conclusões antes mesmo de começar seus trabalhos... (Conclusões, aliás, bem parecidas com as dos sites de extrema direita... Coincidência?)
Aliás, já veio gente criticar de modo fecal o SESC-CE, dizendo que, pelo fato de "o evento é patrocinado pelo sistema S, que recebe milhões do Governo Federal, ou seja, vc bancou esta baixaria em forma de arte".
Primeiro: o sistema S se compõe das entidades de formação educacional profissionalizante (Senai, Senac etc.) e de entidades de lazer e cultura para os trabalhadores (Sesi, Sesc etc.). O governo federal banca com verbas somente uma parte das entidades de formação profissional (Senai, Senac etc.). O restante das mesmas e as entidades de lazer e cultura (Sesi, Sesc etc.) são bancadas pelos empresários das respectivas áreas em seus estados: Sesi é bancado pela industria, Sesc é bancado pelo comércio e serviços etc. Portanto, estude direito antes de meter o pau neles.
Segundo: performances corporais seguem uma tradição da arte contemporânea, que vem dos happenings dos anos 1970 aos mais recentes trabalhos da sérvia Marina Abramovic, passando pelos trabalhos do Living Theatre, de Julian Beck e Judith Malina. Claro, ninguém é obrigado a saber disso, mas bastaria uma breve pesquisa no bom e velho Google (digitar performance, ou performance corporal artística, ou happening, ou Marina Abramovic) poderia esclarecer isto, e informar a quem não sabe disso que performances corporais são destinadas, sim, a chocar, mas que, a partir do choque, façam pensar sobre o tema da mesma. Xereka Satanik, poe exemplo, se baseia num triste fato que ocorre lá em Rio das Ostras: o alto número de estupros de estudantes do PURO-UFF. O tema de Macaquinhos é um pouco mais complexo, por isso leia o prof. Paulo Ghiraldelli ou dê uma olhada no Tumblr da performance. Vários textos podem esclarecer sua visão. Leia-os antes de condenar ou aplaudir.
Ou então você pode ficar com a versão do site de humor Sensacionalista sobre a performance MacaquinhosNa minha modesta opinião, além de bem divertida, pode até ser crível...


Em meio a polêmica sobre Macaquinhos Performance, uma peça teatral na qual os atores, em círculo, introduzem os dedos nos ânus uns dos outros, o grupo finalmente resolveu se explicar. O coletivo deu um sentido à encenação, já que ninguém estava entendendo do que se tratava.
“Quisemos replicar o trabalho de Cunha, Malafaia e Bolsonaro. Então estamos encenando, na verdade, os fiscais de c*”.
Desde que a peça entrou em cartaz no Sesc o grupo vem sendo atacado. O espetáculo também não está ganhando aplausos, já que parte da plateia resolve imitar o que está acontecendo no palco e fica com a mão ocupada.

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Por fim, en passant, o caso Pedro Paulo, no Rio de Janeiro. Para quem voltou de Marte ontem etc., etc.: Pedro Paulo Carvalho é secretário municipal de Coordenação de Governo da cidade do Rio de Janeiro e velho amigo do atual prefeito Eduardo Paes (vulgo Eduardo PaesPalho, segundo fontes não oficiais...) - que, aliás, não só o indicou para ser o seu candidato a prefeito, em sua sucessão no cargo em 2016, como passou a pavimentar o seu caminho, através de negociações e outras manobras para tirar outros possíveis candidatos do páreo e garantir a predominância de seu "herdeiro". (Ou seja, quem acredita que aquela denúncia caluniosa e falsa da (In)Veja contra um possível candidato, o senador Romário, do PSB-RJ, foi apenas "mera coincidência", é bem possível que acredite também no mito da cegonha...)
Estava tudo às mil maravilhas para Eduardo Paes e para Pedro Paulo. Até que alguns jornalistas resolveram escarafunchar alguns esqueletos no armário do doutor Pedro Paulo. (Jornalistas..."ô raça" - copyright Tutty Vasques) E acharam um esqueleto muito, mas muito feio: dois BO registrados em delegacias de polícia do Rio de Janeiro contra o doutor pela sua então esposa, Alexandra. Crime: violência doméstica. Por duas vezes (2008 e 2010), o doutor Pedro Paulo infringiu a lei Maria da Penha, agredindo Alexandra verbal e fisicamente - numa das agressões, quebrou-lhe um dente.

Como qualquer espectador de “The good wife” sabe, todo político tem um passado. O que ele precisa saber é como se comportar em relação a esse passado. Dependendo do passado, o melhor é revelá-lo antes que seja descoberto. Se tentar escondê-lo, o político deve se preparar para reagir à revelação quando ela for feita. Mas, se o passado for realmente tenebroso, o melhor é pedir desculpas e retirar sua candidatura.

É o mais lógico a fazer em qualquer país democrático do mundo. E houve um tempo em que era assim aqui em Terra Papagalli. 
Agora, pelo visto, não mais.
Isso porque o doutor Pedro Paulo, apesar de sua vida política pregressa, que inclui o fato de ser "grande amigo das mulheres" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas porque é uma IRONIA! - obrigado) manteve sua candidatura a prefeito do Rio de Janeiro.

Mais do que isso: na última segunda feira, 23 de novembro,de 2015, a cúpula do PMDB fluminense - o governador do estado Luiz Fernando Pezão; o Führer Serge von Cabral, ex-governador; e o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani; e, last but not least, o prefeito Eduardo PaesPalho - não só insistem nesta candidatura, como transformaram o evento num ato de desagravo ao  do doutor Pedro Paulo, conforme nos informa uma matéria do Extra:


Rio — A convenção estadual do PMDB se transformou num ato de apoio à candidatura do secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho, à prefeitura do Rio. Os líderes do partido unificaram o discurso em público, fizeram uma série de elogios ao secretário e, sem referências diretas aos casos de agressão, trataram o assunto como "fofoca" e se recusaram a responder perguntas relacionadas aos episódios.
A intenção de mostrar a unidade do PMDB foi percebida logo no início do encontro: o governador Luiz Fernando Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o presidente da Alerj, Jorge Picciani, o ex-governador Sérgio Cabral e Pedro Paulo chegaram juntos à sede do partido. Pezão foi incisivo na defesa do nome do secretário para a sucessão de Paes.
— Pedro, você pode ter certeza, essas fofocas cada vez vêm de um jeito. Agora nossos adversários estão colocando a cara para fora mais cedo. Não temos medo de picareta, de pastor de R$ 1,99 de rede de televisão. Se tiver que ir para o pau, a gente vai para o pau — afirmou.
(...)

Fica a pergunta, governador (SIC) Pezão: esse "ir pro pau" é metafórico ou pra valer? E desde quando BO em delegacia de polícia (da polícia do estado que o senhor governa) é "fofoca"? 
O senhor realmente pensou antes de falar isso? Ou o senhor faz parte deste numeroso Febeapá (Festival de Besteira que Assola o País - copyright Stanislaw Ponte Preta) 2.0, que "atira primeiro e pergunta depois" - isto é, fala antes de pensar?
E tu, ó PMDB? Sim, sabemos que hoje você não é o grande partido democrático que resistiu à ditadura. Mas precisa fazer Ulysses Guimarães dar cambalhotas de raiva e vergonha no misterioso ponto da costa brasileira onde está sepultado? 
Por mais do que isso - o escrotíssimo projeto de lei 5.069, do depufede Eduardo Vai-Tomar-no-Cunha (aliás, seu colega de partido - olha a vergonha alheia...) que, "em nome da vida", pretende dificultar ainda mais o direito da mulher de realizar um aborto seguro em caso de gravidez resultante de aborto (aquilo que falei antes: o pensamento torto de que "a culpa do estupro é da vítima") - movimentos de mulheres saíram às ruas, querendo respeito e (com justa razão) as vísceras do ilustre depufede
Será que, para ser tão racionais, preocupando-se mais com cálculos políticos de curto prazo, com vistas a manter-se no poder na cidade do Rio de Janeiro, ou questiúnculas do tipo "o quanto o caso Pedro paulo poderia afetar a candidatura de Paes ao governo do RJ - enfim, para ser tão racionais assim, os senhores precisam ser canalhas a este extremo?
Voltando ao advogado Joseph Welch e sua famosa pergunta a Joseph McCarthy:

Já basta. Chega! O senhor não tem nenhum senso de decência? Será que não lhe sobra mesmo nenhum senso de decência, senador?

Será que precisa aparecer algum Joseph Welch para confrontar o PMDB fluminense e carioca e perguntar-lhes, sobre o caso do doutor Pedro Paulo, se não lhes sobrou nenhum senso de decência?
Porque só resta um caminho para o doutor Pedro Paulo, CQD Artur Xexéo:


Só há um caminho para a trajetória de Pedro Paulo na sua ambição de ser o próximo prefeito do Rio. É o que chamam, no mundo das esposas compreensivas, de caminho do capitão Nascimento. Pede pra sair, secretário. 

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Já que começamos com uma breve citação ao casamento LGBT, a indicação de filme para esta série não poderia ser sobre outro tema: o documentário Vestidas de noiva, das diretoras (e noivas) Gabi Torrezani e Fábia Fuzeti.
(Nada a ver com a obra-prima de Nelson Rodrigues Vestido de noiva, tá distraídos?)
Com licença do site do filme, transcrevo aqui a sua sinopse:

Vestidas de Noiva é um documentário que traça o histórico do casamento homoafetivo no Brasil enquanto acompanha o processo de casamento de Fabia e Gabi . Entre beijos, flores e cetim, as duas apresentam outras histórias de amor homoafetivas, ativistas LGBT e figuras políticas. Vestidas de Noiva celebra as conquistas já alcançadas e aponta o que ainda precisa ser feito para garantir direitos iguais às famílias homoafetivas.

O documentário - lançado no último dia 13 de novembro, no Itaú Cultural (São Paulo) - é simples e bonito, e merece uma carreira nas salas de cinema ou na TV. 
(Ó, #ficadica, Canal Brasil, TV Cultura, TV Brasil etc. E se algum evangelicuzinho tipo Marco Feliciânus der piti, fica outra dica: dê a eles o mesmo conselho que um ilustre jornalista deu a um sábio, puro e tolerante líder religioso evangelicuzinho, que já comentei aqui nesta séria série: VAI PROCURAR UMA ROLA, VAI!
Por ora, ficam aqui dois teasers de Vestidas de noiva.





Ah, sim: os votos de casamento das noivas Fábia e Gabi. Muito fofo, não?



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