25 abril, 2015

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXXVIII)

Que conste dos autos: às vezes escrever para esta séria série cansa. Mas nem por isso deixamos de seguir em frente. Até porque conheço uma coisa bem mais cansativa do que escrever: discutir com alguém acometido do complexo do pombo enxadrista.
As gentis leitoras relativamente versadas em psicologia não sabem o que é isso? Ah, que desinformação mais linda de olhos azuis, verdes, negros, castanhos...
Há uma definição do complexo do pombo enxadrista na Wikipedia. É sério: alguém gastou tempo criando uma página na Wikipedia só para explicar o que é isso...
Já que o fizeram, vou simplesmente transcrevê-la:

O conceito psicológico do complexo do pombo enxadrista ou complexo do pombo xadrezista foi criado na Internet como uma ironia especialmente relacionada com debates sobre a questão "Criacionismo versus Teoria da Evolução" dos seres vivos, mas é expansível seu uso como um comportamento em qualquer debate. É usado para descrever o comportamento de um dos lados em uma discussão, onde um lado (invariavelmente o menos provido de referências e bases técnico-científicas, ou formalismo), sem mais contra-argumentos, age com infantilidade.
Seu comportamento é descrito pela seguinte frase:


Normalmente em discussões, um dos lados, o mais fraco, quando fica sem argumentos, cai em falácias e começa a agredir verbalmente o interlocutor (propriamente a clássica falácia argumentum ad hominem), para, em seguida, sair "cantando vitória", (falácia da falsa proclamação de vitória). Trata-se de uma técnica inferior de erística.
O termo “chess pigeon” (pombo enxadrista) surgiu de um comentário feito em 2005 por Scott D. Weitzenhoffer, a respeito do livro “Evolucionism Vs Creationism: An Introduction” de Eugenie Scott: “Debater com criacionistas sobre o tópico evolução é comparado a tentar jogar xadrez com um pombo – ele derruba as peças, defeca no tabuleiro e volta voando pro seu bando para cantar vitória”.

Pai dos burros para quem não estudou latim (só os alunos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, salvo engano, estudam o idioma atualmente) ou filosofia no ensino médio (cortesia das reformas educacionais do regime militar):
Erística é a técnica da disputa argumentativa no debate filosófico – desenvolvida principalmente pelos sofistas gregos – cujo único objetivo é vencer uma discussão, e não necessariamente de descobrir a verdade de uma questão. (Mais detalhes em outro verbete da Wikipedia).
Já o argumentum ad hominem (argumento contra a pessoa, em latim) é muito utilizado em ocasiões em que se usa e abusa da erística quando não há mais sofismas ou falácias à disposição do argumentador-pombo-enxadrista. É quando este procura negar um argumento de outro criticando e desvalorizando o seu autor, não o conteúdo do argumento. É uma forte arma retórica, mas não tem nenhuma base lógica. Ou, como diria um amigo meu que é a franqueza em pessoa, em português (vulgar) claro:
- É uma daquelas ocasiões em que o cu não tem nada a ver com as calças...
(Eu disse que esse meu amigo era a franqueza em pessoa...)

Feito este breve (pero no mucho...) introito, vamos logo à vaca fria – isto é, a historinha.
Até ontem, tinha uma moça no meu Facebook. (Não citarei o nome dela por uma questão de ética.) A moça é amiga (no mesmo Facebook) de alguém com quem tento desenvolver um projeto de audiovisual, mas isso (por enquanto) não vem ao caso.
Minto. Talvez tenha pois, por estar tão absorto neste projeto audiovisual, não prestei a atenção devida às coisas que esta moça falava via Facebook, em resposta a coisas que postava e/ou falava. Pensava que eram provocações da moça. (Nada a ver com o programa de Antônio Abujamra, na TV Cultura de São Paulo, que eu gosto muito.)
Uma das vezes foi quando postei um comentário sobre os imbeciotas (mil desculpas pelo ad hominem, mas este tem tudo a ver) que vão às manifestações da oposição para pedir "uma intervenção militar constitucional" (SIC) para tirar a presidente Dilma Rousseff do poder. Isso porque eles nunca leram direito a Constituição. Ou se leram, de duas uma: ou não entenderam, ou entenderam até bem demais e torcem o entendimento, porque o Art. 142 da Constituição é claro como água (e para ficar mais claro, lá vai o grifo):

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Em suma, quem pede "uma intervenção militar constitucional" na verdade quer outra coisa: a quebra da normalidade constitucional e a desobediência à Constituição. Em português claro: golpe. E quem pede golpe, desobedece a lei. Inclusive a veneranda Lei de Segurança Nacional, cuja regra é clara (© Arnaldo CesarCoelho)...
Pois, em meio a esta discussão – e depois de lhe explicar, com toda a paciência, que intervenção das Forças Armadas sem ser pedia por um dos três poderes da República é contra lei, mostrando inclusive os trechos da Constituição e da LSN, a tal moça me vem com esta (vai assim de memória): "Por que temos de nos limitar à letra da lei e não buscar mudanças?" Depois desta, fiquei perguntando insistentemente duas coisas: "o que ela tinha contra a lei?"; e "que tipo de mudança ela queria?" Nem tchum: só ficou repetindo isso: "Por que temos de nos limitar à letra da lei e não buscar mudanças?"
Mas tá. Achei que era uma provocação.
Não era.
E isso ficou claro quando postei esta notícia – mais uma das muitas peripécias deMarco (In)Feliciano:

Comissão de Direitos Humanos da Câmara vai ouvir nove ‘ex-homossexuais’
Autor da proposta, Marcos Feliciano (PSC-SP) diz que eles são alvo de discriminação e considerados fingidores
POR EVANDRO ÉBOLI / EDUARDO VANINI
17/04/2015 14:36 / ATUALIZADO 17/04/2015 16:39

BRASÍLIA – Dominada por um grupo de parlamentares considerado mais conservador, a Comissão de Direitos Humanos aprovou na última quarta-feira - por 10 a 6 – audiência pública que irá ouvir nove pessoas que, segundo eles, eram homossexuais e que mudaram a orientação sexual com o tempo.
Ainda não há data para ocorrer. A proposta é de autoria do Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que, na justificativa de seu pedido argumenta que os chamados ex-gays são alvos de discriminação e apontados, por seus antigos "pares homossexuais", os companheiros, como fingidores. Segundo o deputado, também as pessoas que sempre foram heterossexuais consideram que os "ex-gays" estão mentindo.
- Assim, os homossexuais e os heterossexuais consideram os ex-LGBTTs mentirosos, dissimulados e até mesmo doentes mentais – justifica Feliciano.
Dos nove convidados, cinco são homens e quatro mulheres. No grupo, há três pastores, um cantor evangélico, uma missionária, uma psicóloga e um estudante de psicologia. Para o deputado, os programas de TV tratam os ex-homossexuais como pessoas caricatas e que enganam a sociedade, sobretudo os cônjuges.
- Esses cônjuges são mostrados como quem estaria embarcando numa aventura, ao se casarem com pessoas que praticariam fraude sentimental, dizendo haver mudado a orientação sexual quando, na verdade, apenas enganam e tripudiam sobre a confiança de terceiros – diz Feliciano.
Parlamentares do PT, do PSB e do PSDB, cientes da derrota na votação, apelaram para que a proposta não fosse votada. O presidente da comissão, Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que um debate desse vai expor as pessoas e será um "atrativo para a mídia".

ENTIDADES CRITICAM AUDIÊNCIA
O presidente da Articulação Brasileira de Gays, Léo Mendes, criticou a audiência. Para ele, dizer que essas pessoas são ex-homossexuais é uma inverdade.
- Eles, inclusive, nunca foram homossexuais. São bissexuais que, neste momento, podem estar vivendo sua heterossexualidade – reflete. – Além disso, não cultivamos qualquer preconceito contra essas pessoas, pois defendemos o respeito a todas as orientações. O que não admitimos é tratar a homossexualidade como doença e querer curá-la, como tem sido a intenção do deputado por trás dessa ação.
Já o secretário da International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association para América Latina e Caribe, Beto de Jesus, acredita que a proposta de Feliciano faz parte de uma estratégia que ele tem adotado para atrair atenção através da mídia.
- Ele tem criado factoides que reverberam pelas redes sociais e entram para os tópicos mais discutidos. E isso acaba fazendo propaganda dele – avalia. – A discussão proposta é muito rasa. É um descabimento. Tanto para a Organização Mundial de Saúde, quanto para Conselho Federal de Psicologia, a homossexualidade não pode ser tratada como doença e, portanto, não há o que ser curado.

Claro, como ex-LGBT é que nem sueco ex-louro (sem pintar o cabelo de preto) de ex-olhos claros (sem precisar de lentes colridas de contato), postei em meu Facebook, com mais um comentário para a hashtag #NeguinhoÉMauPracaráiVéio:

"Breve falha de informação. Também estiveram presentes:
- a mula-sem-cabeça;
- o saci pererê;
- o Abominável Homem das Neves (direto do Himalaia); e
- é claro, Nessie, o nome carinhoso do Monstro do Lago Ness, direto da Escócia..."


Foi quando começou o debate entre eu e a moça.
Ela começou assim:

Feliciano é gay. Ou pelo menos já foi. A aparência dele, os trejeitos, revelam isso.
Acrescentando: ou pelos menos tem tendência.

Até aí, nádegas de mais. Sabe-se até no mundo mineral (© Mino Carta) que Marco Feliciano leva toda a pinta de ser um gay enrustido que não consegue se segurar muito. Mas, como eu disse, é um gay enrustido, e como muitos gays enrustidos, homófobo convicto.
Repetindo: É um gay enrustido. Não foi gay, porque ex-gay é como mula-sem-cabeça, saci pererê, o Abominável Homem das Neves (direto do Himalaia) ou o Monstro do Lago Ness: só existe para quem acredita. Além disto, expliquei também para a moça, que os fundamentalistas evangelicuzinhos oscilam entre duas premissas falsas que nem eles mesmos sabem qual adotar para a sua argumentação: ou que as pessoas escolhem ser gays ou lésbicas, ou que a homossexualidade é uma doença - e nenhuma destas coisas é verdade.
A ciência ainda estuda o que causa a homossexualidade. Mas já comprovou que a homossexualidade não é doença. E que as pessoas NASCEM com sua orientação sexual. Afinal, por que cargas d'água uma pessoa vai escolher uma orientação sexual que só vai lhe dar aporrinhação?
Foi aí que eu comecei a ouvir um arrulho nada simpático de pombos. Justo no momento em que a moça replica de modo didático. (As rebatidas são minhas.)

O que é gay? Uma pessoa que tem tendência homossexual (ou nascem com orientação homossexual) mas NÃO se relaciona sexualmente com pessoas do mesmo sexo, é gay?

(Sim, é gay – só que enrustido, reprimido pela família e por um grupo social ao qual pertence – ou mesmo autoreprimido – que tem medo de sair do armário.)

Uma pessoa que nasce com orientação heterossexual, mas por algum motivo (dinheiro ou quem sabe de curtição [mas depois se sente mal e se arrepende]) fica com pessoa do mesmo sexo, é gay?

Primeira intervenção do cientista cearense Didi Mocó Sonrisépio Novalgina Mufumo: CUMA?
Que eu saiba, quem é heterossexual e fica com alguém do mesmo sexo por "curtição" é o que chamamos de curioso. Ou é uma pessoa que AINDA TEM ALGUMA DÚVIDA sobre sua orientação sexual (ou, em português claro, sobre seu TESÃO). Ou que tem ALGUMA CURIOSIDADE sobre a homossexualidade – e a curiosidade sempre foi e será saudável. Pessoalmente, conheci amigos – e, principalmente, amigas – que tiveram experiências sexuais com pessoas do mesmo sexo. Pois conto nos (dois) dedos de uma só mão as que "se sentiram mal e se arrependem": a maioria delas encara isso como uma experiência de vida.
E que eu saiba, o único tipo de pessoa heterossexual que vai para a cama com alguém do mesmo sexo por dinheiro chama-se profissional do sexo – prostituta ou garoto de programa. E para exercer esta profissão (por necessidade ou não) e se dar bem nela, precisa ter certa "vocação" (assim mesmo, entre aspas, sr. revisor, no sentido de disposição ou estômago, obrigado). Talvez Nelson Rodrigues esteja exagerando ao afirmar que "a prostituta é vocacional", mas uma ou outra parte de sua argumentação faz algum sentido:

Naquele tempo (o de "Vestido de noiva") a Conde Lajes era o ponto alto do granfinismo da prostituição. Madame Clessy era uma gaúcha linda. Ficava besta: "Mas como é que ela está na vida?" – perguntava a mim mesmo. Daí é que veio a minha ideia de que a prostituta é vocacional. Fiz grandes investigações nos prostíbulos e nunca encontrei uma prostituta triste, uma prostituta que não tivesse a maior, mais absoluta, a mais plena satisfação profissional. Diziam-me que trabalhar é chato.
Por isso é que digo que a prostituta é vocacional. Se não é assim, por que a menina bonita e jeitosa vai para aquela vida e fica satisfeita? Por que ela não se mata? A prostituta só se mata por dor de cotovelo, quando seu cáften arranja outra e a abandona. Só assim. Fora disso não há suicídio de prostituta. Há suicídio de mulher honestíssima, mas não de prostituta.

E, para atender clientes de ambos os sexos, a prostituta ou o garoto de programa precisariam, no mínimo, ter alguma tendência à bissexualidade. Simples assim, minha flor.
Segue a moça:

E a ciência não comprovou nada.

Segunda intervenção do cientista cearense Didi Mocó Sonrisépio Novalgina Mufumo: CUMA?
Nesse ponto, devia ter respondido alguma coisa que contestasse essa ideia de jerico. Ou então mostrar alguns vídeos do Pirula, que é biólogo, cientista – logo, entende do riscado – e é extremamente claro até para beócios. Por exemplo, vejam o que Pirula fala em um trecho do vídeo "Malafaia e os argumentos antigay" – os grifos são meus:

Mas dentro da biologia, e acredito que dentro da psicologia também, não há mais discussão sobre essa questão da homossexualidade. Ela não é uma opção do indivíduo. É só o pessoal das ciências sociais ainda que teima com outras coisas. Mas o que acontece? O pessoal das ciências sociais se divide em dois tipos: aquele pessoal que nega o conhecimento biológico, e aquele pessoal que não nega o conhecimento biológico. O pessoal das ciências sociais que nega o conhecimento biológico pode dar a mão pro Malafaia e ir pro quinto dos infernos...

(Não reclame desta última frase: até quem tem toda a paciência do mundo perde as estribeiras diante da teimosia alheia...)
Adiante:

Mas, ao meu entender, conforme pude constatar analisando casos, ouvindo outros etc, todos estão certos, ou parcialmente certos: 
Há quem nasce gay;
Há quem escolhe se relacionar homossexualmente (por algum motivo, mas contrariando sua verdadeira inclinação);

(Vem cá, gentis leitoras(es): acho que é mais fácil um homossexual ser obrigado a se relacionar heterossexualmente, contrariando sua orientação sexual por pressões familiares e de setores da sociedade, não é?)

E há aqueles casos que a homossexualidade vem atrelada há (SIC) algum transtorno ou distúrbio.

(Vem cá, gentis leitoras(es) 2: esta história de "homossexualidade atrelada a algum transtorno ou distúrbio" não lhe parece uma tentativa de colocar a homossexualidade como uma forma de parafilia, como em tempos idos?)

Por isso há essa confusão, de uns entendendo de uma forma e outros de outra forma. Todos estão certos, ou parcialmente certos.

A esta altura, outra pessoa entrou na conversa no Facebook:

Sabe que não é doença e ponto. A OMC em 88 decretou que não é patologia, portanto não deve ser tratada. Ir contra isso é ir contra a OMC é ir contra todo e qualquer ética e respeito a alteridade.

Eis que os arrulhos pombais-enxadristas ficaram mais fortes:

Grandes coisas. Como se muitos casos não fossem admitidos apenas por convenções políticas ou financeiras.

Pronto. Primeiro ad hominem que entra na discussão, com parentesco direto com Olavo DOI-Codi de Carvalho, o filósofo (SIC) defensor de torturadores e patrono dos pombos enxadristas. Ele e seus discípulos também acham que:

- a Associação Americana de Psiquiatria deixou de classificar a homossexualidade como transtorno em 1973;
- a Associação Americana de Psicologia deixou de considerar a homossexualidade uma doença em 1975;
- a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) fez o mesmo em 1984;
- o Conselho Federal de Psicologia (CFP), que deixou de considerar a homossexualidade um desvio sexual em 1985, e em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos psicólogos em relação às questões de orientação sexual, declarando que "a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e/ou cura da homossexualidade;
- e em 17 de maio de 1990, a Assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID)

por interesses políticos ou financeiros, e não porque pesquisas científicas demonstraram que a homossexualidade não era uma doença que prejudicava o indivíduo e/ou a sociedade. Tipo assim: infiltração de gays nestas entidades para legislar em causa própria.
(Ou seja: Teoria da Conspiração perde feio...)
Mas, para não dizer que não se quer discussão, pedi à moça para que me esclarecesse uma coisa: a quais transtornos ou distúrbios a homossexualidade está atrelada?
Eis a "inteligente resposta" da moça:

 Ah, na boa, eu não sei dar nome aos bois, mas, além de saber de psicólogos, pela convivência pude constatar distúrbios bastante nítidos em homossexuais, de várias idades, e podia ver relação com a homossexualidade, ou até mesmo com os trejeitos femininos.
Então li que muitos psicólogos afirmam o mesmo, então aí vi que não era convenção ou por motivação religiosa ou preconceito: é real.

Eu não pedi nomes aos bois (nem mesmo pedi bois: se eu os quisesse, pediria ao Bruno Mezenga, da novela O rei do gado.) Só pedi a ela que me citasse quais transtornos ou distúrbios eram diretamente ligados à homossexualidade. Nem tchum.
Diz a moça: muitos psicólogos afirmam o mesmo. Eu perguntei: QUAIS? Nem tchum.
Ao invés disso, a moça me vem com um caso que ela jura que ela viu:

Atualmente tem um menino gordinho aqui da rua, de uns 7 anos, com trejeitos femininos, e ele dá uns chiliques do nada andando na rua sozinho, tem umas manias estranhas e complicadas que ao mesmo tempo expressam seus trejeitos femininos.
Esse é o último caso, recente, que pude constatar de perto. Mas há outros.

Sobre o "menino gordinho aqui da rua, de uns 7 anos". Nunca pararam para pensar que ele pode estar sofrendo bullying das outras crianças (ou mesmo dentro da família, por outros parentes) - ou por ser gordinho, ou por ter estes tais trejeitos femininos, que talvez indiquem que ele pode, sim, ser gay? E que este bullying que pode estar na raiz dos chiliques e das "manias estranhas e complicadas" que ele tem?
A resposta da moça:

Talvez ele sofra algum bullying, mas ele é bastante alegrinho, e esses chiliques são sempre "alegres", não parecem ter a ver com bullying.

Então ele, possivelmente, nasceu gay. Mas a descoberta e a consciência de sua homossexualidade só vai se desenvolver a partir da adolescência.
Foi então que, ao invés de continuar a discussão, a moça me manda o link de um blog. Blog sobre ciência ou psicologia?

Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que é aquilo, não deves afirmar ou negar nada. Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade e o que quer que seja negado não é verdadeiro.
Como alguém poderá dizer com certeza o que aquilo possa ser enquanto por si mesmo não tiver compreendido plenamente o que é? E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma região onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde possa seguir?
Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silêncio, silêncio – e um dedo apontando o caminho.

Há alguém que acompanha esta séria série que tenha conhecimentos amplos sobre o budismo? Preciso que me esclareça duas coisas:
1- Este REALMENTE é um verso budista?
2- O sentido deste verso é o mesmo que dizer, de maneira sutil como um elefante: "Cale a boca e pare de discutir, pois o que eu digo é a verdadeira verdade, e não deve ser questionada"? (Conceito típico, aliás, dos pombos enxadristas.)

Bem, quando eu quiser discutir religião, talvez eu volte ao Pegadas no Caminho. Mas como a discussão é sobre ciência, preferi mandar à moça fontes de argumentos científicos a respeito da homossexualidade.
Com isso, a discussão teria de parar por algum tempo, já que a moça teria de ler estas coisas para voltar a falar sobre o assunto numa discussão equilibrada, certo?
Errado. No mesmo dia, a moça começou o processo pombo-enxadrista radical – ou seja, começou a derrubar as peças do tabuleiro.
Primeira peça:

Esse Drauzio é muito papagaio. E fala muita besteira.

Ad hominem 2, a missão.
Até onde eu sei, a única coisa que pode desabonar o dr. Drauzio Varela é ele fazer séries especiais sobre assuntos de medicina para a Grobo – especialmente, para o Fantástico. Fora isso, ele é médico oncologista de longa carreira. – portanto, estuda bem mais profundamente o organismo e a biologia humanas para ter base mais apurada para tratar todas as formas de câncer. E, ao contrário de muitos médicos recém-formados, tem uma cultura ampla.
Daí, por que a moça acha que ele fala muita besteira? Porque ele não concorda com ela e os tais psicólogos que acham que podem curar a homossexualidade (que não é doença)? Talvez seja porque o nobre doutor termina com este trecho que mistura ironia com saco cheio desta canalha evangelicuzinha. Será?

Eu, que sempre coloquei em dúvida a masculinidade daqueles excessivamente preocupados ou ofendidos com a homossexualidade alheia, gostaria de saber em que porta de botequim os nobres deputados ouviram falar que o homossexual é um doente à espera de tratamento psicológico.

Segunda peça do tabuleiro a ser derrubada:

Tem professor(a) que não sabe nem escrever um texto de 15 linhas. Qual o problema?

Ad hominem 3, a revanche.
Talvez nem tanto, já que realmente existem professores que escrevem mal. Mas no caso da pomba-enxadrista, o que ela está é generalizando: quem escreve mal são todos os professores que não concordam com as ideias dos mentores dela.
Última peça a ser derrubada (ou já estaria – se me permitem o termo – cagando no tabuleiro?):

Há muitos homossexuais no Conselho Federal de Psicologia que deliberam em causa própria.

Ad hominem 3, a revanche.
Oh, céus... o argumento favorito dos fundamentalistas evangélicos para refutar argumentos que eles mesmo não leram – primo irmão daquele "Como se muitos casos não fossem admitidos apenas por convenções políticas ou financeiras" que já vimos antes. E pior: para passar por cima do Conselho Federal de Psicologia e impor sua visão religiosa sobre a ciência...
Aquela altura, meu estômago já estava embrulhado – talvez pelo cheiro imaginário da m... que o pombo-enxadrista deixou no debate. Ainda assim, com o estômago embrulhado, insisti para que ela lesse o que mandei a ela, para depois voltarmos a conversar. Afinal, ela não podia refutar o que não leu.
A resposta arrogante da pomba-enxadrista:

Já li tanta coisa antes mesmo de você indicar...

É? E o que diabos ela leu? Resposta:

Tanta coisa, incluindo o que você está indicando. Capisce?

(Pelo visto, se a moça leu, não entendeu...)
Se você realmente leu, o que a leva a dizer que isso não vale? Resposta:

Pensei que já estivesse ficado claro... Veja bem, eu já li essa versão, e já li a outra... a outra me pareceu mais coerente e legítima, baseado em que pude constatar também por convivência. Entendeu agora?

O último ad hominem – desta vez, para este escriba, com a impressão de que a moça quase ia dizer a mim: "Entendeu o que eu te expliquei, seu burro?"
Entendi, sim, moça. Para você, a versão de que a homossexualidade é doença (ou melhor, transtorno ou distúrbio) lhe parece mais clara e aceitável do que o fato de que homossexualidade não é doença. É isso que você me diz, moça?
Então, os gays é lésbicas que você conhece lhe parecem ter transtornos ou distúrbios, não as pessoas normais e felizes da vida, como as que eu conheci e com os quais trabalhei. É isso, moça?
Então, os psicólogos que ainda acham que homossexualidade é doença (ou melhor, transtorno ou distúrbio) - seja por se apegarem ao passado, seja por causa de sua religião, lhe são mais confiáveis, e os que os que reconhecem a decisão da OMS e do CFP não são – afinal, são "homossexuais que estão nestes lugares para deliberar em causa própria", por "interesses políticos ou financeiros". É isso que você me diz, moça?
Então tá.
Só pedi para que ela me esclarecesse uma coisa: quantos e quais "homossexuais no Conselho Federal de Psicologia que deliberam em causa própria" você conhece pessoalmente? Ou você sabe de isso ouvir dizer?
A última resposta da moça – a, digamos, cereja do bolo (de m...):

Respondendo tua última pergunta: não é meu meio, então não conheço, mas conheço pessoas que conhecem.
E sobre homossexualidade ser doença, releia o que eu disse antes: há pelo menos TRÊS tipos de homossexualidade, no meu entender, e doença é UM.
É difícil uma pessoa assumir que é problemática, tem algum transtorno, distúrbio ou manias estranhas, ou que é doente, isso é como que se humilhar, por isso muitas pessoas tentam a todo custo defender sua condição como normal. Não é fácil expor o seu interior, os seus segredos íntimos, pois assim fazendo a pessoa se sente como que humilhada, por isso essa relutância.

Ou seja: a moça afirma peremptoriamente que "Há muitos homossexuais no Conselho Federal de Psicologia que deliberam em causa própria", mas não apresenta uma prova do que disse – afinal, só sabe disso de ouvir dizer, através de "pessoas que conhecem". E que podem, simplesmente, estar mentindo ou, simplesmente, afirmaram isso sem provas.
O que, para a moça pomba-enxadrista de viés evangelicuzinho, não tem a menor importância. Porque, apesar da ciência pesquisar e provar que NÃO EXISTE a doença chamada homossexualidade (e que os transtornos e distúrbios são comuns a todas as pessoas - hetero ou homo), ela está convencida (sem precisar de argumentos mais consistentes) de que homossexualidade era doença, e que Marco (In)Feliciano estava certo em insistir em "terapias" para cura gay.
Então tá, moça pomba-enxadrista. Fique com a sua aletheia (a "verdadeira verdade", segundo alguns filósofos gregos), que eu fico com o meu questionamento de todas as verdades, que são relativas. Pode dar a mão pro Feliciano e pro Malafaia e ir pro quinto dos infernos. Tchau de meu Facebook, que meu estômago não merece, e meu cérebro não é penico – nem de cocô de pombos-enxadristas...

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Só uma coisa que preciso chamar a atenção do Pirula e de outros que lidam com a ciência.
Só para relembrar o que ele disse em seu vídeo "Malafaia e os argumentos antigay":

Mas dentro da biologia, e acredito que dentro da psicologia também não há mais discussão sobre essa questão da homossexualidade. Ela não é uma opção do indivíduo.

Dentro da biologia, é fato. Dentro da psicologia, também.
Menos aqui em Terra Papagalli.
Porque, se a moça pomba-enxadrista estiver certa, não são apenas os pastores fundamentalistas evangelicuzinhos que pregam que homossexualidade é doença.
São também psicólogos (sabe-se lá em que faculdades PP – Pagou, Passou – eles se formaram...) que simplesmente ignoram o que a ciência realmente sabe sobre a homossexualidade – seja por se agarrarem a teorias científicas ultrapassadas (quiçá lombrosianas, que ainda acham que a homossexualidade é uma parafilia a ser tratada), seja por convicções religiosas que se intrometem indevidamente na lógica científica.
E isso, de certa forma, é perigoso, pois dá um verniz de respeitabilidade científica a preconceitos mais velhos do que a invenção da roda. E, em casos extremos, ao ódio.

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Talvez por estas coisas, as poucas boas notícias que ouço me consolam um pouco.
Primeira notícia: Jair Besteiraro foi condenado em primeira instância ao pagamento de indenização de R$150 mil, por declarações homofóbicas.
Claro, a condenação é em primeira instância, e ainda cabe recurso.
Mas, se a instância superior da justiça tomar conhecimento desta última gracinha entre Jair Besteiraro e um fã (SIC) do brucutu, talvez acabe perdendo em segunda instância...



(Não são uma gracinha - SIC - estes dois beócios?)


E antes que alguém me fale de novo sobre a liberdade de expressão e o direito de cada um ter sua opinião, de não gostar de uma pessoa ou grupo de pessoas etc. e tal.
Ter opinião é uma coisa. Disseminar ódio (tipo assim "ter filho gay é falta de porrada" – o que me leva a pensar que, se isso funcionasse, é sinal de que Jair Besteiraro não apanhou tanto quanto devia, pois comporta-se como um gay enrustido homófobo...) a um grupo social é outra, completamente diferente.
Não gostar de uma coisa ou pessoa é uma coisa. Declarar guerra de morte a uma coisa ou pessoa é outra coisa, completamente diferente.
Eu O-D-E-I-O jiló. Nem por isso eu vou defender que os plantadores de jiló devam apanhar (ou morrer), e que as plantações de jiló devam ser erradicadas da face da terra...

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E isso vale para a segunda boa notícia, que veio antes. O ex-candidato do PRTB Levy (In)Fidelix foi condenado a pagar uma multa mais pesada ainda do que a de Jair Besteiraro: R$ 1 milhão
Como hoje estou com preguiça, não vou repetir aqui tudo o que falei em um post daquela época para esta séria série. Prefiro transcrever o que o editor-chefe do BrasilPost, Diego Iraheta, falou sobre isso. (Mais claro do que isso, só desenhando, não é?)

Gostaria de propor uma reflexão desapaixonada (!) sobre a homofobia, pauta que está em voga nesta campanha eleitoral, sobretudo na corrida pelo Palácio do Planalto .
Para tanto, começo reproduzindo comentários dos leitores do Brasil Post sobre nossa cobertura crítica às declarações de Levy Fidelix (PRTB) sobre os gays no último domingo (28)

"Estamos em um país de livre expressão, por enquanto. Opiniões diferentes das nossas fazem parte da vida e da democracia."
"Vivemos ainda em um país livre. Deixa ele falar ou pensar o que quiser."
"O que ele disse foi errado, mas ele tem o direito de falar a merda que ele quiser. Isso se chama democracia."

É verdade que a democracia pressupõe a coexistência de opiniões diferentes, a pluralidade de posições e ideologias.
Levy Fidelix poderia ser contrário à criminalização da homofobia e ao casamento gay. Ele teria direito a expor os seus argumentos.
Entretanto, não foi a isso que assistimos no debate da Record. .
Relembro o que Levy, presidenciável ainda que de partido nanico, disse em rede nacional de televisão (assista ao vídeo completo):

"Prefiro não ter esses votos [dos gays], mas ser um pai, um avô, que tenha vergonha na cara, que instrua seu filho, instrua seu neto, e vamos acabar com essa historinha [de casal gay]. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo... Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria. Vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentar, não ter medo dizer que sou o pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente. Bem longe mesmo que aqui não dá."

Ele misturou orientação sexual com parafilia (um transtorno mental) e sugeriu que gays fossem punidos como o embaixador papal detido por fazer sexo com crianças .
Conclamou o público a constranger aqueles que são diferentes da maioria.
Sublinhou a palavra "enfrentar", de maneira a intimidar -- o que pode ser simbólico, mas também pode ser físico, como explicou a blogueira Rafaela Marques.
E arrematou mandando a minoria para "bem longe da gente".
Isso não é liberdade de expressão!
É manifestação de desrespeito e discriminação. É apologia à violência exclusão.
E vindo de um postulante à Presidência da República, falando para o País.
É uma posição antidemocrática, que visa a excluir e não a integrar os diferentes, em um debate que deveria promover a democracia.

Breve parêntesis, só para lembrar: há muito e muito tempo atrás, num país muito e muito distante chamado Alemanha, um ex-cabo do exército do Kaiser Guilherme II levou algum tempo, mas convenceu a maioria do povo alemão a enfrentar – de maneira a intimidar, mesmo – uma "minoria", que segundo ele, prejudicava a nação. O ex-cabo do exército que pregava isso era um tal de Adolf Hitler, e a "minoria" eram os judeus. Quem estudou a história da II Guerra Mundial – especialmente a parte referente aos catorze milhões de pessoas – incluindo seis milhões de judeus – que morreram naqueles lugares que tinham a frase Arbeit macht frei – "Só o trabalho liberta" – escrita no portão – sabe no que deu isso...)

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Taí uma coisa que precisa ser lembrada pelos nobres membros de outro partido nanico... só que dito de esquerda. Por increça que parível (e isso eu não esperava...), esta visão de alguns leitores do BrasilPost – que "Estamos em um país de livre expressão, por enquanto. Opiniões diferentes das nossas fazem parte da vida e da democracia", "Deixa ele falar ou pensar o que quiser" e " O que ele disse foi errado, mas ele tem o direito de falar a m... que ele quiser. Isso se chama democracia" – foi a mesma posição adotada pelo Partido da Causa Operária (PCO), em dois editoriais de sua versão online de seu jornal (SIC) Causa Operária – um de 1º de outubro de 2014 e outro do dia 10 de abril de 2015, usam as mesmas argumentações de "liberdade de expressão" para defender e se solidarizar-se com Levy (In)Fidelix. Parece que eles se esqueceram de que, se a liberdade de expressão é um direito garantido pela Constituição, ele também não é um direito absoluto: há limites para ela, e quem se utiliza deste direito deve arcar com as consequências quando o usa erradamente – especialmente quando o usa para pregar ódio.
Ou é isso ou eles têm a mesma visão dos regimes comunistas da Cortina de Ferro – de que a homossexualidade é um "desvio fascista" ou "um desvio burguês".
E depois eles se perguntam porque não conseguem eleger um parlamentar que seja... Ou, como novamente diz aquele meu amigo que é a franqueza em pessoa:
- Depois eles ficam p... da vida quando chamam esse grupelho de "Coisa Operária"...
(Eu disse que esse meu amigo era a franqueza em pessoa...)

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Acrescento aqui: a declaração de guerra de Levy (In)Fidelix ("Vamos enfrentar essa minoria", "Bem longe mesmo que aqui não dá") só sancionou publicamente uma guerra que já existe – uma guerra suja, cheia de assassinatos movidos pelo ódio e espancamentos covardes, cujas baixas mais pesadas só se dão em apenas um lado: o povo LGBT.
Basta lembra uma das últimas "escaramuças" desta "guerra" covarde, em duas partes. Eis a primeira parte:

Filho de casal gay é espancado dentro de escola paulista e entra em coma

6 de março de 2015 às 14:12
Um adolescente de 14 anos foi brutalmente espancado dentro de uma escola pública na Vila Jamil, em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, na manhã da última quinta-feira (5).  Segundo informações do delegado que investiga o caso, o adolescente sofria preconceito e foi agredido por ser filho adotivo de um casal gay.
O garoto estuda na unidade de ensino desde os seis anos. Um irmão de 15 anos, que frequenta o mesmo colégio, presenciou a agressão. De acordo com o que os médicos relataram aos familiares, a vítima teve aneurisma cerebral e está em coma induzido. O estado de saúde é grave.
"Eu não sabia que meu filho sofria preconceito por ser filho de um casal homossexual. O delegado que nos informou. Estamos tristes e decidimos divulgar o que aconteceu para que isso não se repita com outras crianças", disse Márcio Nogueira, pai do menino, em entrevista ao R7.
Dois dos agressores estiveram na casa da avó do estudante e se desculparam pelo ocorrido. Os pais da vítima registraram um boletim de ocorrência na Delegacia de Ferraz de Vasconcelos. O pai disse que pretende processar o Estado. "Eu estou pedindo muito que meu filho sobreviva a tudo isso, mas queremos também que a Justiça seja feita."

Agora, a segunda parte:

Morre filho de casal gay agredido em escola de SP 
Os adolescentes envolvidos na confusão prestaram depoimento na semana passada 

Sylvia Albuquerque, do R7

Morreu, na tarde desta segunda-feira (9), o adolescente Peterson Ricardo de Oliveira, de 14 anos, que estava em coma desde a semana passada após se envolver em uma confusão em uma escola pública na Vila Jamil, em Ferraz de Vasconcelos, Grande São Paulo.
Peterson foi agredido no dia 5 deste mês por ser filho de um casal de homossexuais, segundo um dos pais que conversou com o R7, Márcio Nogueira.
— Eu não sabia que meu filho sofria preconceito por ser filho de um casal homossexual. O delegado que nos informou. Estamos tristes e decidimos divulgar o que aconteceu para que isso não se repita com outras crianças.
O adolescente estudava na unidade de ensino desde os seis anos. Um irmão de 15 anos, que frequenta o mesmo colégio, presenciou a agressão.
O delegado Eduardo Boiguez Queiroz, da delegacia de Itaquaquecetuba, confirmou que o menino se envolveu em uma briga horas antes de passar mal e precisar ser levado da escola para o hospital.
— Ele brigou com alguns garotos na entrada da escola e passou mal quatro horas depois. Ele brincou, assistiu aula e depois passou mal. Ele já tinha um aneurisma. Não podemos afirmar que ele passou mal por conta da briga.
A Secretaria Estadual de Educação e a Secretaria Estadual de Saúde negam a versão da família. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação informou que não há nenhum registro de agressão no interior da unidade onde o adolescente estudava.
Já a Secretaria Estadual de Saúde confirma que o adolescente deu entrada nesta quinta-feira (5) no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos com parada cardiorrespiratória e passou por um processo de reanimação. Exames feitos no garoto também constataram que ele teve hemorragia, mas não apresentava sinais externos de violência física.
O pai informou que pretende processar o governo de São Paulo. 
— Queremos que a justiça seja feita. 

Desnecessário dizer que, depois que os pais do adolescente morto disseram o que pretendem fazer – e como é hábito na administração tucana paulista - a Secretaria (da Falta) de Educação do estado pretende usar como pretexto o possível aneurisma para tirar seu corpo fora. Ora, pinhões, mesmo que a causa da morte de Peterson fosse este tal aneurisma, isso não tira a responsabilidade do bando de aborrescentes brigões, de seus pais – possíveis repetidores de preconceitos contra o povo LGBT – e da Secretaria de Educação, por sua omissão. Porque qualquer incidente, causado por qualquer pessoa, que fizesse estourar o tal aneurisma (desde uma pequena aporrinhação até uma briga, como a que houve no colégio) torna a pessoa corresponsável por causar sua morte.

Pessoas como ele dizem que não incitam a violência. Não é a mão delas que segura a faca ou o revólver, mas é a sobreposicão de seus discursos ao longo do tempo que distorce o mundo e torna o ato de esfaquear, atirar e atacar banais. Ou, melhor dizendo, 'necessários', quase um pedido do céu. São pessoas como ele que alimentam lentamente a intolerância, que depois será consumida pelos malucos que fazem o serviço sujo.

Quem sabe, desta vez se entende direito a responsabilidade que acompanha o direito de sua liberdade de expressão...

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Agora, a minha indicação de filme para esta séria série: Sangailė ou The Summer Of Sangaile, de Alanté Kavaïté – uma coprodução da Fralita Films, da Lituânia (Lituânia! Até este país báltico tem mais disposição para falar de certos temas do que a mídia brasileira...) com a França (Les Films d'Antoine) e a Holanda (Viking Film).
A singela história deste filme é simples.
Aos 17 anos, Sangaile (Julija Steponaityté) é fascinada por aviões de acrobacias. Único problema: tem medo de altura – tanto que ela nunca ousou até mesmo entrar em um dos cockpits. No verão, durante um show aeronáutica, nas proximidades do lago de uma vila onde moram seus pais, ela conhece Auste (Aistė Diržiūtė), uma garota local de sua idade, que ao contrário Sangaile, vive a sua vida ao máximo com criatividade e coragem. As duas meninas se tornam amantes, e Sangaile revela a Auste seu segredo mais íntimo, e encontra nela a única pessoa que realmente vai incentivá-la em voar.
Vale a pena ver um trailer do filme e uma entrevista (em inglês) com as atrizes e a diretora.



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Ah, em tempo: antes de terminar, duas indicações de vídeos interessantes do Canal das Bee no YouTube.
Num deles, Jéssica Tauane e Victor Larguesa entrevistam Maíra Souza, heterossexual que vai falar de heterossexualidade – heterossexualidade MESMO, não homofobia travestida de heterossexualidade (Taí, eu recomendo este vídeo para os homófobos aprenderem direito sobre o assunto – se quiserem).



No segundo, os dois entrevistam Amanda Palha, travesti ... e comunista. Assunto: LGBT e Esquerda.



Ah, em tempo de novo: se alguém quiser mandar algum vídeo discutindo as questões LGBT pela visão da direita, para o bem do equilíbrio de um debate sério sobre o assunto, poderei indicar nesta séria série – desde que sua argumentação não seja fundamentalista e/ou preconceituosa, pombal e cheia de ad hominens, certo?

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