04 abril, 2013

MILLÔR E OS PORTUGUESES MANDAM LEMBRANÇAS 2 - A MISSÃO (ou: AINDA SOBRE O FUTURO DO CENTRO PETROBRAS DE CULTURA, EM NITERÓI, RJ)


Vamos combinar: até que o título é bem conveniente para tratar do assunto Centro Petrobras de Cinema, em Niterói, RJ. Ou melhor, para tratar das ameaças contra ele, inclusive de sua privatização – eufemismo para “fazer com que meia-dúzia-de-três-ou-quatro lucrem com um bem PÚBLICO, que custou o meu, o seu, o nosso dinheiro em impostos para ser construído”.
E, por coincidência, tenho duas coisas para falar sobre o Centro Petrobras de Cinema. Uma é opinião pessoal. A outra é uma notícia vinda de terceiros.

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Primeiro: se a causa é nobre, não precisamos usar mentiras para defende-la. (E, ainda complementando: lembrem-se da fama do dia 1º de abril – data também conhecida como “o aniversário de Pinóquio”...)
Quem é de Niterói, está interessado no assunto Centro Petrobras de Cinema e tem conta no Facebook leu na página de eventos o seguinte aviso:


A justificativa vem abaixo:

As obras do Centro Petrobrás de Cinema começaram em 2004 e ainda estão inacabadas.
Por intermédio do Diretório Acadêmico de Cinema da UFF e do Movimento #Cinejá, solicitamos esta proposta para a realização de uma Audiência Pública sobre o tema, por acreditar que o rumo a ser tomado no uso deste Centro é importante para o cinema e audiovisual em Niterói, incluindo as iniciativas de ensino de produção acerca desta pauta. A iniciativa do livre debate com a sociedade civil se legitima, já que esta está diretamente envolvida.
Existe uma carência no que se refere a alternativas salas de cinema em Niterói e a população deve participar das decisões pertinentes na contemplação de mais um espaço cultural do município.

Que bom. Assim, todos os interessados no assunto Centro Petrobras de Cinema poderiam se manifestar – inclusive os executivos do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer, que poderiam justificar porque um bem PÚBLICO (vai em caixa alta mesmo, para que se lembrem) deva ser privatizado.
Só que, no mesmo dia da audiência (remember to date: 1º DE ABRIL), alguém escreveu na página do evento no Facebook:

[ALGUÉM - ESTOU OMITINDO O NOME PORQUE NÃO QUERO PREJULGAR NINGUÉM] alterou o nome do evento para "REUNIÃO ABERTA: Centro Petrobrás de Cinema".

Tarde demais: já estava na cabeça de todos os interessados no assunto Centro Petrobras de Cinema que era a audiência pública sobre o tema.
E lá se foram todos os interessados no assunto Centro Petrobras de Cinema – inclusive este que vos escreve.
Conhece um trecho da Bíblia (não, não estou virando evangélico, nem evangelicuzinho...) que diz: “Muitos são chamados, mas poucos serão os escolhidos”?
Pois é.
Poucos conseguiram entrar nesta “audiência pública”, que depois virou “reunião aberta”: as portas da Câmara Municipal estavam fechadas, e quase todas as luzes apagadas. Menos no gabinete de um vereador do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL – vulgarmente conhecido como “o distraído”, por seu papel, em 2006, na derrubada do veto do então prefeito de Niterói ao projeto de destombamento do cinema Icaraí...
Porque era isso, amigos: não era a audiência pública sobre o Centro Petrobras de Cinema: era uma reunião aberta sobre o assunto. Melhor dizendo: UMA REUNIÃO CONVOCADA PELA BANCADA DO PSOL NA CÂMARA MUNICIPAL, aberta a todos os interessados – de preferência, os interessados que sejam filiados ao PSOL.
Ué, é direito de um partido convocar reunião para debater determinado assunto de seu interesse, certo? Certo.
E é direito de um partido abrir ou não suas reuniões ao respeitável público, certo? Certo.
Ainda mais quando é o assunto Centro Petrobras de Cinema. Lembremos do que está escrito na página do evento no Facebook:

a população deve participar das decisões pertinentes na contemplação de mais um espaço cultural do município.

Então, POR QUE USAR DE UM SUBTERFUGIO ENGANADOR, BEIRANDO AO ESTELIONATO (dizer que era “audiência pública” sobre o assunto Centro Petrobras de Cinema, quando na verdade era uma “reunião aberta” do PSOL), PARA CONVOCAR UMA REUNIÃO DE UM PARTIDO SOBRE O ASSUNTO?
Já pararam para pensar, ínclitos membros do PSOL, que depois disso, quando realmente for convocada e marcada a data da audiência pública sobre o assunto Centro Petrobras de Cinema, todos os interessados poderão não comparecer para expor suas ideias, já que pensarão que pode ser mais um 1º de abril fora de época? (A menos que o interesse do setor cultural do PSOL – se é que existe – seja exatamente esse, para monopolizar a discussão...)
Já pararam para pensar que o assunto Centro Petrobras de Cinema INTERESSA A TODA A CULTURA DE NITERÓI, e não ao setor cultural de um partido?
Ou será que, para o PSOL, a ânsia de “conquistar posições” é maior do que o interesse de todos?

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Segundo:
Recebi por esses dias, um email de outra pessoa interessada no assunto Centro Petrobras de Cinema.
E vindo de onde menos se espera, como vocês poderão ler aqui. (O grifo é meu.)

----- Mensagem encaminhada -----
De: Joaquim Camarão
Para: Antonio Paiva Filho
Enviada: Sexta-feira, 29 de Março de 2013 10:09
Assunto: Centro Petrobras de Cinema

Prezado sr. Antonio, bom dia.

Meu nome é Joaquim Camarão. Sou formado em Comunicação, com doutorado em Ciências Sociais Aplicadas.
Pois, com todos estes títulos, o senhor sabe onde trabalho? Como servente, a serviço de uma empresa que terceiriza serviços para a prefeitura de Niterói.
Mas não é para me lamentar a respeito do meu trabalho atual. É para falar sobre um assunto que o senhor vem tratando, que é o Centro Petrobras de Cinema.
É que eu presto serviços justamente num lugar inesperadamente estratégico: na sede do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer.
Na verdade, estou aproveitando o folga do feriado para lhe escrever sobre isso. Ou melhor, sobre uma coisa que soube durante minha jornada de trabalho. E, creia-me, estou arriscando meu emprego, mas acho que isso é mais importante do que isto.
Acompanhei toda a discussão sobre o Centro Petrobras de Cinema e sobre os planos a seu respeito – aquela ideia de conceder sua administração por tempo determinado a um grupo privado, para que pudessem ser abertas lojas, os cinemas etc. E – que os meus atuais patrões e os empregadores destes não me ouçam – gostei muito que tais planos acabassem arquivados, depois que o sr. e outras pessoas se mobilizaram para isso.
A partir daí, rezaria a lógica democrática que qualquer decisão sobre o futuro do Centro Petrobras de Cinema fosse realizada em conjunto com outros órgãos – especialmente a Secretaria Municipal de Cultura, ao qual ele pertence – e depois de ampla discussão com a sociedade – especialmente durante uma audiência pública, ao qual estou aguardando ansiosamente.
No entanto, esta lógica parece que passa longe do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer: os seus executivos parecem estar imbuídos do direito de passar por cima do bem público e mesmo do prefeito que os nomeou – pelo menos, em se tratando de privatizar o bem público, pois, infelizmente, é disso que se trata.
Por isso, transmito ao senhor o que descobri.
Na semana passada, um executivo do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer enviou correios eletrônicos a diversos diretores de grupos exibidores privados, brasileiros e estrangeiros, atuantes no Brasil.
O motivo dos correios eletrônicos? Solicitar a estes ilustres cavalheiros sugestões e subsídios para... elaborar um edital de concessão das salas de cinema do Centro Petrobras de Cinema.
Em suma: os membros do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer não querem esperar a discussão sobre o Centro Petrobras de Cinema: querem porque querem privatizar, pelo menos, as salas de cinema. (E a UFF que se cuide, porque neste processo, ela pode perder o direito a ter a sala de cinema que tanto desejava ali.)
Agora, ao mesmo tempo que lhe revelo esta minha descoberta (descoberta que, volto a repetir, pode custar o meu “excelente” emprego atual...), pergunto ao senhor: que poder tem este Grupo Executivo do Caminho Niemeyer para agir acima dos interesses da população da cidade e, mesmo, do governo eleito pelo povo – que, salvo engano, nomeou este Grupo Executivo – para fazer o que bem entender – inclusive não informando as autoridades constituídas (volto a repetir) eleitas pelo povo do que faz ou que pretende fazer?
E o que podemos fazer para evitar este (me desculpe o termo) bundalelê, destinado a fazer com que uma minoria usufrua dos frutos do trabalho e dos impostos pagos por todos (porque é disso que se trata)?
Esperando pronta resposta a estas perguntas (e desde já procurando outro trabalho), subscrevo-me,

Atenciosamente,

Joaquim Camarão

Boas perguntas, Joaquim Camarão, boas perguntas.
Enquanto elas não são respondidas, podemos agir, nos estreitos limites que temos, para saber o que diabos o Grupo Executivo do Caminho Niemeyer realmente pretende: colaborar para o bem estar de todo o povo de Niterói ou para o bem estar de meia-dúzia-de-três ou quatro pessoas...
Cartas e telegramas, pedindo esclarecimentos a respeito deste assunto, podem ser enviadas para o endereço abaixo:

Grupo Executivo do Caminho Niemeyer
Avenida Jornalista Rogério Coelho Neto, s/nº (Antiga Vila Olímpica)
Centro
Niterói – RJ.
Cep: 24.020-011

Quem quiser telefonar, pode usar os seguintes números: Telefones: (21) 2613-2613 / 2613-2734 / 2622-7377 (escritório)

Paralelamente a isso, e-mails podem ser enviados ao Exmo. Sr. prefeito municipal de Niterói, informando-o (e pedindo informações) sobre o assunto, no endereço abaixo: prefeitura@niteroi.rj.gov.br.