17 setembro, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXX)


Eu tentei. Juro que tentei.
Juro que passei esse longo tempo tentando cuidar da minha vida.
Juro que fiz a alegria dos laboratórios farmacêuticos que fabricam sal de fruta e genéricos, para ver se conseguia reequilibrar minha digestão.
Mas não dá.
Ainda é difícil engolir regras defecadas por “santos homens como Silas Mala-Sem-Alça-Faia, como naquela entrevista ao iG.
Para quem não sabe, lá vai o trecho que me deixou com indigestão (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/2012-05-19/pastor-silas-malafaia-tenho-pastores-que-ganham-entre-r-4-e-22-m.html): 


iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays? 
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles. Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.

Briga de amor entre gays?
Então me diga, reverendo: o que dizer deste fato (que estou querendo comentar faz tempo)?
http://www.folhademaringa.com.br/elisa-riemer-blogueira-da-folha-de-maringa-e-espancada-pelo-proprio-irmao/

15/07/12
Elisa Riemer, blogueira da Folha de Maringá, é espancada pelo próprio irmão

A artista plástica e blogueira da Folha de Maringá, Elisa Riemer, foi espancada neste sábado (14) pelo próprio irmão.
Segundo relatos de Michelle Riemer, irmã da artista, Elisa recebeu golpes de muay thai nas pernas, costas, barriga e cabeça por Matheus Riemer até perder a consciência. Após ver a irmã desacordada, o agressor continuou a espancá-la com chutes na cabeça e costas, mesmo tendo a mãe dos dois intervindo na tentativa de assassinato. O jovem parou de agredir Elisa e fugiu do local assim que percebeu que sua mãe havia chamado a polícia.
Luiz Modesto, representante local da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, e Transexuais), deve se encontrar com a artista e sua mãe ainda hoje acompanhado de um grupo de advogados e um psicólogo para dar suporte legal e psicológico. “A Elisa é uma amiga pessoal, uma companheira de luta, e sentiu na própria carne hoje a dor que tantas pessoas sentem todos os dias, a mesma dor que ela tenta combater em sua arte, em sua militância. Falei com ela agora a pouco, coloquei todo o nosso pessoal a disposição para o que precisar”, disse Modesto.
O representante da ABGLT ainda diz que todo o discurso que segregue ou constranja determinado grupo é reafirmador dessa violência. “Indiretamente, pais, pastores, professores e comunicadores dão o aval a esse tipo de violência ao repetir, como um mantra da morte, as máximas machistas, sexistas, homofóbicas e racistas. A culpa pela agressão da nossa Elisa não é só de seu irmão, mas de todos aqueles que, dia após dia, autorizaram esse rapaz e ser machista, a tratar mulher assim. Tanto com piadinhas, com seus mau exemplos, inúmeras pessoas tem a mão manchada do sangue e a culpa pelo que sofreu Elisa Riemer”.
Elisa Riemer foi a criadora do cartaz alternativo da primeira Parada LGBT de Maringá e ganhou destaque nacional pelo trabalho polêmico e criativo.

Repetindo: o que dizer deste ato, reverendo?
Seria uma demonstração amor fraterno?
Há uns dois meses, fui a um encontro político de uma candidata a vereadora. Um dos assuntos discutidos naquela noite foi a questão da violência contra o povo LGBT.
Talvez por isso, estava presente Angélica Ivo, mãe do adolescente Alexandre Ivo.
Bem, para quem ainda não sabe quem é Alexandre Ivo, sugiro que leia a matéria abaixo:

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/08/caso-alexandre-ivo-mae-de-adolescente-morto-em-crime-homofobico-no-rio-luta-por-justica

CIDADANIA
Mãe de Alexandre Ivo conta história do filho assassinado por homofobia
Angélica Ivo diz que a morte do filho, Alexandre, teve "todos os requintes de crueldade possíveis". Nome do jovem poderá batizar projeto de lei anti homofobia.
Por: raoscandiuzzi
Publicado em 05/08/2011, 13:00

São Paulo – Jovem, inteligente, bem humorado, amoroso e de estilo próprio. Estas são algumas das características destacadas por aqueles que conheciam Alexandre Ivo, garoto de São Gonçalo (RJ) brutalmente assassinado em junho de 2010, aos 14 anos, vítima de preconceito homofóbico. Angélica Ivo, sua mãe, espera e luta há mais de um ano pela punição dos responsáveis pelo crime que, segundo ela, “teve todos os requintes de crueldade possíveis”.
Alexandre Ivo batizou, recentemente, o possível substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara 122/06, que prevê a criminalização da homofobia. A história do jovem comoveu o estado do Rio de Janeiro em meados do ano passado, quando três homens espancaram Alexandre até a morte e o atiraram em um terreno baldio na madrugada de 23 de junho. Uma queixa na delegacia após uma briga entre o grupo de amigos de Alexandre e três skinheads teria motivado a agressão e o assassinato do jovem.
Dois amigos de Alexandre que são homossexuais sofreram ameaças após o episódio. À época, a polícia identificou Eric Boa Hora Bedruim e Alan Siqueira como os possíveis agressores do adolescente, e decretou prisão temporária de ambos, no prazo de 60 dias. No entanto, eles conseguiram um habeas corpus para aguardar em liberdade o julgamento, que ainda não ocorreu.
A apreensão de Angélica é flagrante quando ela conta que Alexandre não tinha orientação sexual definida. “Ele estava 'se descobrindo', jogava bola, andava de skate, e, segundo os amigos, não tivera nenhuma experiência sexual ou amorosa nem com menino, nem com menina”, relata a mãe.
Todos contam que Alexandre mantinha uma relação saudável com sua família e todos os dias ajudava nos cuidados à sua avó, que meses antes havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).  Na escola, o garoto é lembrado, segundo depoimentos dos professores à polícia, como um menino muito inteligente e ativo, que participava de todos os debates em sala de aula e colocava, sem hesitar, seu ponto de vista, seja ele qual fosse.
Pela espontaneidade, sonhava trabalhar como ator. A mãe conta que sua beleza física chamava a atenção nas ruas e que por diversas vezes Alexandre fora convidado para ensaios fotográficos em agências de modelos.
Leitor assíduo, segundo Angélica, Alexandre ganhava livros do avô e separava, quase que diariamente, alguns minutos para a leitura. A menina que roubava livros era a obra à qual ele se dedicava quando foi morto.
“Eles sabem que a impunidade é grande e quando fizerem isso (cometer crimes motivados por homofobia) não vai acontecer nada. Quem sofre é somente a família”, desabafa Angélica, que aguarda esperançosa alguma atitude da justiça para punir aqueles que “mataram uma criança feliz, de bem com a vida, que não fazia mal a ninguém, por puro preconceito”.

Repetindo o que Angélica Ivo disse: aos 14 anos, Alexandre não tinha orientação sexual definida. Não teve nenhuma relação sexual ou amorosa com meninas ou meninos, porque ainda estava descobrindo sua sexualidade.
O problema, para o bando de brucutus que torturou e matou Alexandre, é que ele tinha um amigo e colega de escola que, sim, era gay assumido.
Contei esse detalhe da história de Alexandre Ivo a um amigo meu, que se caracteriza pela falta de paciência com a hipocrisia e pela, digamos, franqueza. Transcrevo aqui o que ele me respondeu:
- Como é que é? Morreu só por ter um amigo gay? PQP!!! Alguém precisa explicar a esses cornos que amizade se faz por afinidade e sentimentos, não pelo estado do cu!
(Eu avisei que ele é franco demais...)
O problema é que, para os ilustres brucutus, ter amigo gay é o mesmo que ser gay. E pela lei dos brucutus sem cérebro, gay bom é gay morto...
E nem o senhor, reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia, poderá dizer, em defesa deste bando de brucutus – que continua à solta, respondendo ao processo em liberdade – que eles estavam apaixonados pelo jovem Alexandre Ivo. Primeiro, porque vai acabar corroborando o que a ciência já provou: que os homófobos, na verdade, são pessoas com tendências homossexuais que não conseguemlidar com sua homossexualidade latente nem assumi-la para si mesmos. Segundo, porque a coisa pode passar de crime por motivação homofóbica para pedofilia...

Agora entendemos por que é que o reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia e outros líderes evangelicuzinhos são contra o projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia.
Lembrando: o projeto de lei 122 não impede as igrejas de continuarem a pregar que a homossexualidade é um grave pecado aos olhos de Deus – pelo menos, aos olhos do Deus estreito deles, não é? – mas pune quem estimula e pratica a violência contra gays e lésbicas. Porque, desta forma, ele e outros pastores podem exagerar em sua pregação contra a homossexualidade, dizendo que os assassinatos de gays é lésbicas são "brigas de amor entre eles", ou mandando "descer o porrete" no povo LGBT, podendo dormir tranquilos – sem remorsos por autorizar alguns de seus fiéis a desrespeitar um dos Dez Mandamentos (aquele que diz "não matarás") – porque não poderão ser responsabilizados se um bando de idiotas homofóbicos tomar isso ao pé da letra.
E se dizem cristãos, defensores do amor fraterno...

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Esperando que minha digestão volte ao normal, vamos à minha indicação de hoje.
Como é público e notório, a TV Cultura, sob a administração de João Safad... digo, Sayad, se dedica a demitir funcionários e fazer a alegria do departamento de vendas da BBC (ao invés de trabalhar para torna-la uma TV pública igual à própria BBC – uma TV de qualidade e servindo ao povo de São Paulo, não submissa demais ao governo).
Sendo assim – para não dizer que não colaboro com a política do dr. Safad... digo, Sayad – gostaria  de sugerir um programa batuta da BBC que a TV Cultura poderia comprar para exibir: a série Tipping The Velvet (2002), dirigida por Geoffrey Sax, a partir de roteiro de Sarah Waters (autora de Fingersmith, do qual falarei futuramente) e Andrew Davies. É curtinha (3 episódios), mas é uma graça – ainda mais ambientada na Londres de 1890.
Conta o caso de amor lésbico entre Kitty Butler (Keeley Hawes),estrela do music hall londrino, especializada em travestir-se de homens, e Nan Astley (Rachael Stirling), moça vinda do interior.
Que tal, dr. Safad... digo, Sayad?
(Ah, maldito teclado emperrado deste computador...)

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