20 maio, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXVI)

Tem gente que me pergunta onde moro. É hora de responder a quem me pergunta.
Eu moro em Niterói desde os 13 anos, e gostava tanto desta cidade - onde participei do movimento estudantil secundarista, onde cursei cinema na UFF - que, quando havia a pergunta "Natural de..." num formulário qualquer, tinha o vício de preencher: "Natural de Niterói".
Agora, estou pensando duas vezes em fazer isso. Minha cidade está praticamente sem governo. Minto: oficialmente tem um prefeito, mas ele não governa. Tem 11 vereadores, mas só dois honram os mandatos que ganharam; os outros tem o triste hábito de fazer da vida pública uma continuação da privada (copyright Barão de Itararé).
E ainda há os que somam a este triste papel a função de "fiscais de fiofó".
Direto do site Acorda Niterói, um triste exemplo:


Líder do governo na câmara, vereador Carlos Macedo propõe mais homofobia nas escolas

24 de agosto de 2011

Depois de aprovarem uma moção de REPÚDIO ao Frei Beto, simplesmente por ele ter escrito um artigo contra a homofobia, agora o líder do governo, Vereador Carlos Macedo (PRP) apresenta um Projeto de Lei totalmente HOMOFÓBICO!
Macedo pretende VEDAR a distribuição de TODA publicação, filmes ou QUALQUER tipo de material contendo orientações sobre a diversidade sexual nos estabelecimentos da rede pública de ensino do Município de Niterói! Um dos artigos do PL dispõe que no caso de distribuição de algum item sobre diversidade sexual, o Poder Executivo deverá abrir “procedimento investigatório, visando apurar as responsabilidades do ato praticado”.

Na justificativa do Projeto de Lei, o Vereador Macedo, líder do governo de Jorge Roberto Silveira, afirma que com a divulgação de informações que atentem contra a homofobia “iremos em breve formar uma sociedade repleta de pessoas com sérios distúrbios de personalidade”.
O vereador Renatinho (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que na semana passada compareceu na delegacia de policia com o jovem Silaedson Junior (Juninho), estudante da UFF agredido por homofobia e fez uma Indicação Legislativa ao Governador Sergio Cabral para que este tipo específico de agressão passe a constar dos Boletins de Ocorrência afirmou:
“Neste momento de diversas agressões homofóbicas na cidade, quase uma por semana, na Cantareira e outros locais, um Projeto de Lei como esse é um retrocesso. Discordar de um determinado material sobre diversidade sexual é até aceitável, mas simplesmente dizer que todo e qualquer material sobre diversidade sexual deve ser repudiado é demais. Respeito a opinião de todos, mas houve exagero nesse caso. Vou votar contra o PL e darei parecer contrário pela Comissão de Direitos Humanos.”, disse o vereador do PSOL.
Indicação Legislativa: A Indicação Legislativa feita por Renatinho objetiva diminuir as agressões homofóbicas no Estado. Vai no sentido de medir exatamente quantos crimes como este ocorrem no Estado para que se possa pensar políticas públicas que garantam os direitos humanos a todos, como por exemplo a criação de núcleos de atendimento ou delegacias especializadas para o público LGBT.”

Por que a vergonha? Bem, já falei em posts anteriores de iniciativas cretinas do mesmo tipo em outras cidades, como em São José dos Campos (SP), governada pelo PSDB com as bênçãos do bispo de Guarulhos, e aqui no Rio de Janeiro mesmo (com o vergonhoso voto a favor da atual - e incompetente - presidente do Flamengo).

Mas eu não esperava que em minha cidade, em minha querida Niterói, houvesse um "fiscal do fiofó" capaz de uma m... destas.
Resumindo: vocês estão muito a fim de que eu deixe de cidade...
Tenha paciência, dr. Carlos Macedo. Não venha se fazer de idiota na minha frente. O sr. não é burro, e deve saber muito bem que materiais educativos sobre diversidade sexual não vai "ensinar as crianças a ser gays ou lésbicas", como costumam dizer os "fiscais de fiofó" mais cavalos-de-vinte-e-quatro-patas. Simplesmente tem um grande objetivo: INFORMAR. Informar corretamente aos héteros e aos homossexuais sobre sexualidade e orientação sexual.
Quem é hétero não vai se tornar gay: vai saber que o povo LGBT é gente como a gente - cuja única diferença dos héteros é manter relações amorosas com pessoas do mesmo sexo - algumas tão duradouras como casamentos.
E quem é gay ou lésbica não vai se envergonhar em ser honesto com os outros a respeito de sua sexualidade. 
Ah, complementando: ser honesto com os outros... e consigo mesmo. Assim não se junta aos grupos de homófobos que agridem e matam homossexuais. Até porque a ciência já provou: todo homófobo raivoso, no fundo, é um homossexual enrustido, que externa esta agressividade porque não consegue lidar com sua homossexualidade, nem assumi-la para si mesmo.
Torço para que não seja o seu caso, dr. Carlos Macedo.
Nem da maioria dos operosos edis de Niterói.
Do contrário, vai ser duro para mim mudar de cidade, para não me submeter à República Evangélica Niteroiense.


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E se é duro ser gay ou lésbica aqui em Terra Papagalli, imagine na Coréia. Não, nem estou falando da Coréia do Norte, onde o povo morre de fome enquanto a dinastia dos Kim (de Kim Il Sung, fundador da ditadura em 1948, a Kim Jong-Un - passando pelo excêntrico Kim Jong-Il) abre em´presas lavadoras de dinheiro e sonegadoras de impostos (Carlinhos Cachoeira que o diga, se um dia ele falar na CPI...) e gasta o que tem e o que não tem com um programa de armas nucleares. Estou falando da outra Coréia, a do Sul - país economicamente desenvolvido e com regime democrático pleno.
Pleno, claro, pero no mucho - pelo menos, em termos de aceitação da homossexualidade.
Pelo menos, é o que se depreende de um filme apresentado na KBS, rede de rádio e TV sul-coreana que encontrei no bom e velho YouTube, Daughters of Club Bilitis
Infelizmente não posso dar detalhes sobre diretor e atrizes, já que ainda não iniciei meus estudos de língua coreana...
Só posso dizer que o filme trata de seis mulheres que tentam lidar com problemas em torno de sua homossexualidade, numa Coréia do Sul ainda conservadora neste assunto. As duas primeiras mulheres são jovens estudantes secundaristas, deixando a adolescência e lidando com o despertar de sua homossexualidade em conflito com suas famílias e com o conservador (neste ponto) sistema educacional coreano. Depois, outro casal lésbico, adulto, enfrenta uma crise quando uma das moças fica grávida. Finalmente, um casal de mulheres mais maduras, donas do tal Club Bilitis (um bar de lésbicas em Seul), que recebe a visita da filha adulta de uma delas - criada com a sua ausência (pode-se imaginar o motivo: uma vez que uma das mulheres rompe o casamento, foi afastada dos filhos pelo marido, pois o machismo é forte na sociedade oriental).
Mas eu, idiota, contando a história, não explicito direito o que é Daughters of Club Bilitis. O melhor é assistir, enquanto ainda está disponível no YouTube.
Está em quatro partes, com legendas em espanhol: 1ª parte, 2ª parte, 3ª parte e 4ª parte.
E, se alguém for fluente em coreano e especialista em TV sul-coreana, por favor, entre em contato comigo para me dar mais detalhes.















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