25 novembro, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXI)

Rapaz, faz tempo que não falo do mais exibido (tipo "melancia-no-pescoço") dos "fiscais de fiofó" - justamente, o que dá nome a esta séria série.
Pois é... quando eu já estava quase me esquecendo que este cidadão ainda existia, eis que ele resolve reaparecer ao seu estilo costumeiro: falando merda para todo o lado, só para aparecer.
Só que, desta vez, o negócio é sério.
Muito sério.
(BG - rufar os tambores e soar de clarins. Ou – melhor ainda – a vinheta do Repórter Esso, a "testemunha ocular da história".)
Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira, 24 de novembro, Jair Besteiraro questionou a sexualidade da presidenta Dilma Rousseff.
Sério.

Para não deixar dúvidas, vai aí um trecho do discurso de Besteiraro (o grifo é meu):
"Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau!"
O tema é o mesmo, e já está batido: o kit anti homofobia nas escolas do ensino fundamental - assunto, aliás, do qual ninguém, nem mesmo a própria Dilma, se lembra mais, desde que cedeu às pressões e mentiras - inclusive às mentiras de má fé sobre o próprio kit, denunciadas corajosamente pelo deputado Jean Willys em entrevista a Marília Gabriela – dos "fiscais do fiofó". E, claro, desde que passou a se preocupar com as estripulias de seus ministros – especialmente os casos mais recentes, Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, e Mário Negromonte (PP), das Cidades.
Quando esta nova gracinha de Besteiraro caiu nas redes sociais (Facebook, Orkut, Twitter), alguém mais sensato comentou com justa propriedade:
"Agora o negócio ficou simples: ou cassam o cara ou a parada virou esculhambação."
E a Dilma bem que poderia colaborar para isso.
O novo ministro encrencado é o ministro das Cidades, certo?
O ministério é da cota do PP – para quem não sabe, é a sigla do Partido Progressista (Progressista? PQP!), certo?
(Aliás, o próprio PP nunca esteve satisfeito em ter o sr. Negromonte na pasta, mas isso são outros quinhentos.)
E, por uma destas curiosas coincidências, Jair Besteiraro é deputado foderal... ops, federal pela legenda do PP, certo?
(Se bem que ele parece mais um parlamentar da oposição – mais especificamente, do DEMO – do que da base governista: além destas m..., fala mal do próprio governo do qual o PP faz parte, e em certas ocasiões votou contra o governo. Com um parlamentar governista assim, precisa-se realmente de uma oposição?)
Pois então... Na hora que o sr. Negromonte for gentilmente convidado a se retirar do cargo e o PP indicar um novo nome para o seu lugar, Dilma pode perfeitamente botar o pau (o pedaço de madeira, suas mentes sujas!) na mesa e dizer em alto e bom som:
"Não me venham com novo nome para o governo! Primeiro, vocês vão ter de resolver sua relação com esse Jair Besteiraro. Ou vocês põem esse gorila para fora de seu partido, ou vocês perdem a pasta! E não me venham com ameaças de que vão para a oposição, que eu ponho gente de outros partidos que querem fazer parte do governo no lugar de vocês!"
Quer apostar como o PP, docemente constrangido, vai atender à exigência da presidenta?
Mais ainda: o PP ainda pode pedir, via TSE, o mandato de Besteiraro. Assim, ele volta para o quartel, volta a bater continência para generais e, talvez, para de encher o nosso saco.
E eu desconfio que vai ter de ser assim, porque se tivermos de esperar a Comissão de Ética (SIC) e o plenário da Câmara dos Deputados, com todo o seu esprit de corps (ou melhor, esprit de cochon), vai ser como já disse certa vez o filósofo Barão de Itararé: "De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo..."
Qualé? Sonhar e sugerir não custa nada mesmo...
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Em mais uma homenagem a este ínclito deputado (SIC), não vou me limitar a uma sugestão, mas vou logo com duas sugestões de filmes.
O primeiro é o documentário As filhas da Chiquita (2006), de Priscila Brasil. A tal da Chiquita é uma festa que a comunidade LGBT de Belém realiza há 33 anos (já está com a idade de Cristo!) no segundo domingo de outubro – mais especificamente, na noite do primeiro dia da procissão do Círio de Nazaré. O documentário registra esta convivência entre quase dois milhões de católicos devotos e milhares de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais etc. e tal numa noite só. Detalhe mais engraçado desta história: em 2004, o IPHAN começou um processo de tombamento do Círio de Nazaré como patrimônio cultural imaterial da humanidade, e incluiu a Festa da Chiquita no processo. Claro que a polêmica está armada: a festa da Chiquita, afinal, faz ou não faz parte do Círio? Confiram mais detalhes de As filhas da Chiquita – exibido no 16º Festival Mix Brasil, mas que, para variar, não chegou a ser exibido nos cinemas (aguarda-se o lançamento em DVD) – na página da produtora Greenvision.
Outro filme exibido em outra edição do Mix Brasil, a 13ª, na mostra Mundo China, que merecia mas não foi lançado nos cinemas foi Borboleta (Hu die, 2004), do chinês de Hong Kong Yan Yan Mak. A historinha é mais ou menos assim:
Era uma vez uma jovem professora do ensino secundário, Flavia (Josie Ho), casada com Ming (Eric Kot) e com um filho. A rotina conjugal é quebrada quando ela conhece Yip (Yuan Tian), uma jovem cantora, e se apaixona por ela. Isso faz com que Flavia relembre os seus tempos de adolescente (Yat Ning Chan, ou Isabel Chan, vive Flavia adolescente), quando era estudante secundária e teve uma relação amorosa com outra moça, Jin (Joman Chiang)– hoje uma monja budista (encarnada por Stephanie Che) em Macao – e se questiona: vale a pena continuar com seu casamento ou partir para uma nova vida ao lado de Yip? Nada de mais, se Yan Yan Mak não situasse as lembranças do romance entre Flavia e Jin durante o período do movimento pró-democrático na Praça da paz Celestial – aquele mesmo que acabou com os tanques do exército chinês.
Vale a pena ver o trailer e se perguntar por que diabos os distribuidores não se interessaram nem em lança-lo em DVD ou Blu-ray aqui no Brasil? (Ou será que lançaram e nós não fomos informados?)

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