20 agosto, 2011

COMO DIRIA DIDI MOCÓ... (ou: NOVOS AUTORES NA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA - CADÊ?)

Sinceridade? Eu não entendo nada de TV. Menos ainda de gestão da TV brasileira.
Saiu no blog TV Mix (http://audienciadatvmix.wordpress.com/2011/08/17/rede-globo-contrata-escritor-de-novelas-de-portugal/): 
A Rede Globo está investindo em novos autores e contratou Rui Vilhena para seu time de novelistas. O profissional é amigo de Aguinaldo Silva e se muda para o Brasil no mês de setembro para assumir um contrato de dois anos com a emissora.
Em Portugal, ele trata de temas polêmicos como homossexualidade e preconceito e até choca o público. Recentemente, escreveu para o canal TVI “Tempo de Viver”, “Olhos nos Olhos” e “Sedução”.
A vinda do autor português ao Brasil teve a ajuda de Aguinaldo, que intermediou as negociações com a Globo. “O Aguinaldo é um grande amigo e deu a maior força. Gosto muito dele e tenho a sorte de partilhar com ele a mesma paixão pela escrita”, contou Vilhena ao blog do colunista Daniel Castro.
Já que perguntar não ofende, vamos lá. Mas vamos pela ordem dos tratores, que não altera o viaduto.
Sobre a homossexualidade - temática do ilustre autor português - acho que já estou falando demais na nossa séria série de filmes que alguém a-do-ra-ri-a, pelo menos em cinema. Portanto, fico para falar sobre isso em outra ocasião.
Mas, como diria o grande filósofo cearense Didi Mocó Sonrisépio Novalgina Mufumo, estou cafuso, cafuso...
Se a ideia é buscar novos autores de teledramaturgia para a nossa ilustre TV brasileira, será que não temos gente aqui nesta Ilha de Vera Cruz capacitada e merecedora de uma chance? Ainda mais com a aprovação da PLC 116, que abre espaço para a produção independente na TV brasileira - inclusive teledramaturgia.
Ou, como comentou, com justa razão, um certo aspirante a roteirista, cujo nome não vou dizer:
Uso a analogia de um colega: se somos o país do futebol, por que buscar jogadores em outros países? Se somos o país das telenovelas, por que buscar autores fora? Não seria mais fácil e mais barato dar oportunidades aos que são daqui?
Quantos colaboradores passam décadas na Globo sem nunca ter a oportunidade de apresentar um projeto solo? E quando apresentam, são sempre preteridos em favor de alguém mais tarimbado? Não são poucos...
Quantos precisam sair de lá para ter oportunidade e reconhecimento em outros canais?
Gente, temos um enorme celeiro de talentos aqui em Terra Papagalli. E estes talentos são simplesmente ignorados e abandonados à própria sorte pelas emissoras de TV brasileiras. Pombas, o próprio Aguinaldo Silva não teria acesso à TV se, a certa altura dos anos 1980, a própria Globo não procurasse novos autores para a sua teledramaturgia (relembrando: Carga pesada, Malu mulher, Plantão de polícia).
Pior: a própria criatividade brasileira está sendo esnobada pela TV brasileira.
Pelo menos na TV aberta, é um tal de emissoras anunciarem de boca cheia que compraram esse ou aquele formato de programa de sucesso na TV americana, argentina, europeia etc. A Globo tem a sua associação com a holandesa Endemol, e dela compra formatos de programas, inclusive o famigerado Big Brother. A Band compra todos os tipos de formato da Eyeworks/Cuatro Cabezas, da Argentina (da Argentina! aqui do nosso lado...), inclusive o famigerado PQP... digo, CQC. A Record compra formatos de programas da Freemantle, inclusive Ídolos e A fazenda. Imagine na TV paga, se não fosse a aprovação do PLC 116...
Será que nós, roteiristas e produtores brasileiros, não somos capazes de criar novos programas para a nossa própria TV?
Decididamente, não entendo nada mesmo de gestão da TV brasileira. Vai ver porque eu não sou como a maioria dos executivos da TV - um Homer Simpson, que não só acha que eu, você e todos os telespectadores também são Homer Simpsons, como acha que devemos ser tratados como Homer Simpsons - isto é, como um bando de idiotas.
No mais, boa sorte ao sr. Rui Vilhena. Mas, schifazfavoire, respeite a criatividade brasileira, sim?

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