26 dezembro, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXII)

Não, amigos, podem ficar tranquilos: Jair Besteiraro não falou mais nenhuma besteira nos últimos dias e horas.
Inclusive, preciso cumprimenta-lo.
Não, não estou maluco nem encaretei e mudei de lado. O assunto é outro.
É que Jair Besteiraro está entre os nobres deputados que assinaram o pedido do deputado Protógenes Queiroz (PC do B – SP) para a instalação da CPI da Privataria.
Certo, nem todo mundo gosta do ansioso blogueiro Paulo Henrique Amorim e seu Conversa Afiada. Mas, como é público e notório, a grande mídia (PIG, para os ansiosos blogueiros) não vai dar destaque. E foi lá no Conversa Afiada que a listagem completa dos deputados que assinaram o pedido da CPI foi publicada. Aliás, aproveite e verifique se o seu deputado (isto é, o deputado em quem você votou nas últimas eleições) está entre os 197 signatários.
Aliás, por increça que parível: até outro grande “fiscal do fiofó” (nome extraoficial dos parlamentares membros da Frente Parlamentar Evangélica), o deputado Anthony Gargantinho (PP-RJ) assinou.

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Infelizmente, isto não é o suficiente para que estes (e outros tantos) ilustres “fiscais do fiofó” subam no nosso conceito.
Até porque sua campanha para transformar o Brasil numa república teocrática evangélica – onde o povo LGBT não terá nenhum direito humano – continua.
A sua última vitória foi no início deste último mês do ano. A vítima? O bom e velho PLC 122, que criminaliza a homofobia. Leiam abaixo:

Marta Suplicy retira PLC 122 de votação para chegar a consenso sobre novo texto

Por Marcelo Hailer em 08/12/2011 às 11h22
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) retirou de votação o PLC 122/2006 - Projeto de Lei que visa tornar crime a homofobia em todo o Brasil-, para chegar a um acordo em torno do novo texto. Ao justificar a retirada de votação, a senadora disse acreditar no dialogo para transformar uma realidade a qual ela considera "injusta e perversa".
Na defesa de sua relatoria, a senadora ainda rebateu a crítica que recebeu do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) que havia chamado o texto substitutivo de "inócuo". "Não considero, como alguns dizem, que este texto seja inócuo, ele vai ajudar a diminuir a discriminação homofóbica", declarou Marta Suplicy.
Ativistas do movimento LGBT pediram à senadora que equiparasse a homofobia ao racismo, como colocava o texto antigo, e que não deixe de criminalizar os discursos em púlpitos que incitam a discriminação contra homossexuais. O projeto só volta em pauta em 2012.

Nos comentários sobre tal triste notícia, o pau comeu. Um comentou assim:

(...): Com relação ao meu comentário feito anteriormente, eu gostaria de dizer que eu sou a favor a pl122/2006! mas do jeito que tá, e na situação que se encontra, é utopia total dizer que ela será aprovada! A marta fez tudo o que ela podia pra lei ser aprovado, por outro lado, os maquiavélicos (silas e magno malta) fizeram e vão fazer o diabo pro projeto não ser aceito! Perdemos a oportunidade de ter o mínimo a nosso favor! Não aceitar negociações com a oposição é o mesmo que dizer ''somos a maioria'' ou ''estamos totalmente certos''! não é assim que se faz politica! Querer que o antigo projeto seja aprovado na marra é fantasiar que todo mundo tem que gosta de gay! Isso não acontece em lugar nenhum! mesmo que o projeto fosse aprovado ia continuar como está, e o silas e cia. iam lutar pra derrubar! o texto original nao diz ''cale a boca dos crentes''! É uma questão de ler e INTERPRETAR, coisa que nem todo mundo sabe fazer!

Até aí ele pode estar certo: não tem como agir como se todos aceitassem a homossexualidade do outro.
Mas “chegar a um consenso” com quem não quer consenso é o mesmo que convencer morcegos a doarem sangue.
Uma coisa é um religioso pregar no púlpito que a homossexualidade é pecado. Outra, muitíssimo diferente, é um pastor pentecostal da ala histérica (aliás, a mais numerosa da bancada dos "fiscais de fiofó", que prega berrando como se você fosse surdo) usar o púlpito de sua igreja (e também os seus programas de TV) para "exagerar" na demonização e desumanização do povo LGBT, se necessário for, para “pregar a sua palavra” - inclusive dizendo para “baixar o pau” neles, como disse certa vez, "em sentido figurado", Silas Mala-Sem-Alça-Faia. (Como se a ala histérica dos pentecostais não fizesse isso no sentido literal da palavra...) Ou seja, quanto à interpretação do PLC 122, é como bem diz outro que comentou o fato:

(... 2): (...), todo mundo sabe interpretar - mas os citados (Silas e Magno) fingem que faltaram tal aula. O problema dessa lei é que toda vez que ela é retirada de pauta, retiram/modificam um artigo ou outro dela, fazendo apenas ficar como está. Do jeito que tá indo, logo, logo essa emenda constitucional nem vai existir mais.

Vamos ver se, no ano novo que está chegando, este triste panorama muda.

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Agora, vamos para outro assunto: o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012 – a nossa insistente tentativa de termos um Oscar brasileiro.
Mas o que diabos isto tem a ver com esta séria série?
Bem, esta séria série tem a ver, entre outras coisas, com cinema. E a nossa indicação de filme quase foi indicado para este Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012.
Por que quase?
Diz o regulamento:

2. Concorrerão ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012, as obras cinematográficas lançadas de 1° de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2011, de acordo com as seguintes especificações:
• Filmes de longa-metragem brasileiros de ficção - cuja primeira exibição pública tenha ocorrido em salas de cinema e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema em, no mínimo, 3 (três) capitais brasileiras, nestas incluídas, necessariamente, Rio de Janeiro ou São Paulo.
• Filmes de longa-metragem brasileiros documentários - cuja primeira exibição pública tenha ocorrido em projeção de salas de cinema ou em canal de televisão e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema no mínimo nas cidades do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
• Filmes de curta-metragem brasileiros - exibidos em pelo menos um festival cinematográfico brasileiro ou apresentados em sessões públicas em salas de cinema do território brasileiro.
• Filmes de longa-metragem estrangeiros, de ficção ou documentários - cuja primeira exibição pública no Brasil tenha ocorrido em projeção de salas de cinema e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema do território brasileiro, nestas incluídas, necessariamente as cidades do Rio de Janeiro ou de São Paulo.

Este é o problema de Duas mulheres (2009), do português João Mário Grilo. O filme é uma co-produção luso-brasileira (a nossa Lúcia Murat é uma das produtoras executivas). E, me adiscurpem a pergunta burra, mas como lançar este filme no Brasil: como brasileiro ou como estrangeiro?
Isto, claro, se este filme houvesse sido lançado no Brasil este ano. Como não o foi, Duas mulheres ficou de fora.
Quem sabe, Duas mulheres acabe sendo lançado neste ano de 2012 aqui nest’Ilha de vera Cruz. O filme (sejamos sinceros) não é uma obra-prima, mas é simpático, e exprime a tentativa de diálogo do cinema português com uma sociedade que, cada vez mais, deixa no baú o conservadorismo dos tempos de Salazar. Só para lembrar: desde 2010, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido em Portugal. (Já aqui, em Terra Papagalli...)
É claro que Duas mulheres poderia ser bem mais corajoso e menos convencional. O filme narra o encontro ocasional entre Joana (Beatriz Batarda), psicanalista e esposa do executivo Paulo (Virgílio Castelo), com Mônica (Débora Monteiro), modelo e, suspeita-se, “rapariga de programa”. Joana atende Mônica numa consulta de emergência. Bela e inconformista, Mônica fascina Joana, e as duas passam a ter um caso amoroso ardente. O problema...
Bem, o problema é que eu não sou dedo-duro para ficar contando a história completa de um filme. Quem quiser saber mais, que dê uma olhada na ficha deste filme no IMDb, certo? Ou então confira o trailer  
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Ah, em tempo.
Deveria encerrar este último post do ano por aqui. Mas vi essa foto no Facebook e nóis num resistiu...



Agora, sim: Feliz 2012 para todos.

25 novembro, 2011

SAUDAÇÃO AO AUDIOVISUAL BRASILEIRO

Não devia fazer isso, mestre João Batista de Andrade. Não devia transcrever um texto seu de sua página no Facebook. Mas isto é uma coisa que precisava ser dita para todos - especialmente os não facebookianos.
Escreve João Batista de Andrade (os grifos são responsabilidade minha, não dele):

Quero aqui saudar o cinema brasileiro tanto por seus filmes, seus talentos, quanto perla luta de todos pela nossa existência como cineastas. Devo minha carreira a esse cinema, fiz e faço parte dele. Peço que não leiam meu desabafo nem como "jogar a toalha" nem como negação do atual cinema brasileiro. Desabafos como o meu muitos e muitos cineastas, de todas as idades, poderiam fazer. Não quero também diminuir o que já disse achando que o texto está direcionado a pessoas ou a instituições. Há um vazio na política cultural brasileira. E também um messianismo militante de alguns dirigentes que pensam saber mais do cinema brasileiro do que os próprios cineastas. Dirigentes que decidiram que a partir de agora o cinema deve ser medido apenas pela bilheteria, sem riscos, sem propostas: quem deu certo leva tudo. É de um primarismo absurdo. Ainda mais entre nós, onde todos os recursos, seja para filmes absolutamente e só comerciais, seja para os absolutamente experimentais. QUE SE CULTIVE TUDO, COMERCIAIS, MEIO COMERCIAIS, AUTORAIS, EXPERIMENTAIS! cada um na sua esteira, sem eutanásia e sem esse darwinismo cultural! Sobre jogar toalha: nada disso. Há decisões esperadas (certamente já tomadas mas não divulgadas) e devo esperar. E há muita luta pela frente, tenho recebido muitos apoios e promessas, buscando recursos para meu novo projeto, o "Vila dos Confins", adaptação do maravilhoso romance de Mário Palmério. E eu mesmo preciso pensar que por todo lado, mesmo nas instituições, federais e aqui mesmo em SP, há pensamentos discordantes e idéias de mudanças. E há também a esperança enorme de que a lei que abriu as TVs para a produção independente entre mesmo em vigor, que isso abra bastante o mercado de trabalho e a possibilidade de um grande diálogo de nosso cinema com o povo brasileiro através das telinhas. É preciso lutar.

Como eu disse, os grifos são meus e tem destino certo.
O primeiro vai para os dirigentes das Riofilmes e Globo Filmes da vida, que fecham a porta para todos os outros tipos de cinema. Cinema é múltiplo, não pode nem deve ser um só. Senão dá um sono...
O segundo poderia ser lido pelo DEMO, do psicopata Cesar Maia e do imbecil Demagogóstenes Torres. Muito engraçado vocês entrarem com ação contra a nova lei que abriu as TV por assinatura para a produção independente brasileira em nome de uma "liberdade de escolha" do espectador, quando o que vai acabar acontecendo é a manutenção de um monopólio e de uma mesmice que está presenta na TV atual - ou seja, a retirada de uma opção de escolha do espectador. Muito engraçado mesmo.
De resto, é preciso lutar MESMO.

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXI)

Rapaz, faz tempo que não falo do mais exibido (tipo "melancia-no-pescoço") dos "fiscais de fiofó" - justamente, o que dá nome a esta séria série.
Pois é... quando eu já estava quase me esquecendo que este cidadão ainda existia, eis que ele resolve reaparecer ao seu estilo costumeiro: falando merda para todo o lado, só para aparecer.
Só que, desta vez, o negócio é sério.
Muito sério.
(BG - rufar os tambores e soar de clarins. Ou – melhor ainda – a vinheta do Repórter Esso, a "testemunha ocular da história".)
Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira, 24 de novembro, Jair Besteiraro questionou a sexualidade da presidenta Dilma Rousseff.
Sério.

Para não deixar dúvidas, vai aí um trecho do discurso de Besteiraro (o grifo é meu):
"Dilma Rousseff, pare de mentir! Se gosta de homossexual, assuma! Se o seu negócio é amor com homossexual, assuma, mas não deixe que essa covardia entre nas escolas do primeiro grau!"
O tema é o mesmo, e já está batido: o kit anti homofobia nas escolas do ensino fundamental - assunto, aliás, do qual ninguém, nem mesmo a própria Dilma, se lembra mais, desde que cedeu às pressões e mentiras - inclusive às mentiras de má fé sobre o próprio kit, denunciadas corajosamente pelo deputado Jean Willys em entrevista a Marília Gabriela – dos "fiscais do fiofó". E, claro, desde que passou a se preocupar com as estripulias de seus ministros – especialmente os casos mais recentes, Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, e Mário Negromonte (PP), das Cidades.
Quando esta nova gracinha de Besteiraro caiu nas redes sociais (Facebook, Orkut, Twitter), alguém mais sensato comentou com justa propriedade:
"Agora o negócio ficou simples: ou cassam o cara ou a parada virou esculhambação."
E a Dilma bem que poderia colaborar para isso.
O novo ministro encrencado é o ministro das Cidades, certo?
O ministério é da cota do PP – para quem não sabe, é a sigla do Partido Progressista (Progressista? PQP!), certo?
(Aliás, o próprio PP nunca esteve satisfeito em ter o sr. Negromonte na pasta, mas isso são outros quinhentos.)
E, por uma destas curiosas coincidências, Jair Besteiraro é deputado foderal... ops, federal pela legenda do PP, certo?
(Se bem que ele parece mais um parlamentar da oposição – mais especificamente, do DEMO – do que da base governista: além destas m..., fala mal do próprio governo do qual o PP faz parte, e em certas ocasiões votou contra o governo. Com um parlamentar governista assim, precisa-se realmente de uma oposição?)
Pois então... Na hora que o sr. Negromonte for gentilmente convidado a se retirar do cargo e o PP indicar um novo nome para o seu lugar, Dilma pode perfeitamente botar o pau (o pedaço de madeira, suas mentes sujas!) na mesa e dizer em alto e bom som:
"Não me venham com novo nome para o governo! Primeiro, vocês vão ter de resolver sua relação com esse Jair Besteiraro. Ou vocês põem esse gorila para fora de seu partido, ou vocês perdem a pasta! E não me venham com ameaças de que vão para a oposição, que eu ponho gente de outros partidos que querem fazer parte do governo no lugar de vocês!"
Quer apostar como o PP, docemente constrangido, vai atender à exigência da presidenta?
Mais ainda: o PP ainda pode pedir, via TSE, o mandato de Besteiraro. Assim, ele volta para o quartel, volta a bater continência para generais e, talvez, para de encher o nosso saco.
E eu desconfio que vai ter de ser assim, porque se tivermos de esperar a Comissão de Ética (SIC) e o plenário da Câmara dos Deputados, com todo o seu esprit de corps (ou melhor, esprit de cochon), vai ser como já disse certa vez o filósofo Barão de Itararé: "De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo..."
Qualé? Sonhar e sugerir não custa nada mesmo...
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Em mais uma homenagem a este ínclito deputado (SIC), não vou me limitar a uma sugestão, mas vou logo com duas sugestões de filmes.
O primeiro é o documentário As filhas da Chiquita (2006), de Priscila Brasil. A tal da Chiquita é uma festa que a comunidade LGBT de Belém realiza há 33 anos (já está com a idade de Cristo!) no segundo domingo de outubro – mais especificamente, na noite do primeiro dia da procissão do Círio de Nazaré. O documentário registra esta convivência entre quase dois milhões de católicos devotos e milhares de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais etc. e tal numa noite só. Detalhe mais engraçado desta história: em 2004, o IPHAN começou um processo de tombamento do Círio de Nazaré como patrimônio cultural imaterial da humanidade, e incluiu a Festa da Chiquita no processo. Claro que a polêmica está armada: a festa da Chiquita, afinal, faz ou não faz parte do Círio? Confiram mais detalhes de As filhas da Chiquita – exibido no 16º Festival Mix Brasil, mas que, para variar, não chegou a ser exibido nos cinemas (aguarda-se o lançamento em DVD) – na página da produtora Greenvision.
Outro filme exibido em outra edição do Mix Brasil, a 13ª, na mostra Mundo China, que merecia mas não foi lançado nos cinemas foi Borboleta (Hu die, 2004), do chinês de Hong Kong Yan Yan Mak. A historinha é mais ou menos assim:
Era uma vez uma jovem professora do ensino secundário, Flavia (Josie Ho), casada com Ming (Eric Kot) e com um filho. A rotina conjugal é quebrada quando ela conhece Yip (Yuan Tian), uma jovem cantora, e se apaixona por ela. Isso faz com que Flavia relembre os seus tempos de adolescente (Yat Ning Chan, ou Isabel Chan, vive Flavia adolescente), quando era estudante secundária e teve uma relação amorosa com outra moça, Jin (Joman Chiang)– hoje uma monja budista (encarnada por Stephanie Che) em Macao – e se questiona: vale a pena continuar com seu casamento ou partir para uma nova vida ao lado de Yip? Nada de mais, se Yan Yan Mak não situasse as lembranças do romance entre Flavia e Jin durante o período do movimento pró-democrático na Praça da paz Celestial – aquele mesmo que acabou com os tanques do exército chinês.
Vale a pena ver o trailer e se perguntar por que diabos os distribuidores não se interessaram nem em lança-lo em DVD ou Blu-ray aqui no Brasil? (Ou será que lançaram e nós não fomos informados?)

13 novembro, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM... (XX)

E vocês pensando que a nossa séria série acabou, não é?
Não, não acabou não. Apenas está bem low profile. Só vai se manifestar toda a vez que os "fiscais de fiofó" (você pode não gostar do termo, mas eu adorei) falarem uma... com perdão do termo... uma merda muito grande.
De preferência, uma merda como a que foi falada pelo reverendo Silas Malafaia, grande "amigo" (ou melhor, muy amigo) da comunidade LGBT do país. (Um perfil supostamente simpático de Silas Malafaia pode ser encontrado na edição nº 60 da revista Piauí)
Pior: uma merda atrás da outra.
Tudo começa na Parada LGBT de São Paulo, quando é lançada uma campanha de prevenção a AIDS. Título da campanha: Nem Santo Te Protege. Nada de mais, não fosse um pequeno detalhe: para ilustrar o tema, o fotógrafo Ronaldo Gutierrez produziu fotos com representações de santos católicos. O problema foram justamente as tais representações - quase todas com jovens modelos masculinos.
Como sói acontecer, a Igreja Católica - mais especificamente, o cardeal arcebispo de São Paulo d. Odilo Scherer - não gostou muito: achou que as imagens ofendem profundamente a Igreja. (E você, o que acha? Dê uma olhada no link com as fotos.) Mas ficaram só nisso.
A verdade é que a Igreja Católica não ficou muito feliz com o modo utilizado (as fotos) para contestar a sua metodologia para prevenir a AIDS - contra o uso de preservativos e defendendo... a castidade. A campanha Nem Santo Te Protege é clara: ninguém está livre de se contaminar com o HIV. E nem o santo de sua devoção, seja ele qual for, pode salvar você sem que se previna. (E, convenhamos, é no mínimo cretino insistir numa solução como a castidade para a prevenção da AIDS - não com uma enorme população jovem e adolescente, hetero ou LGBT, com os hormônios em ebulição, não é, cardeal?)
Mas, convenhamos, até que d. Odilo foi educado em sua indignação. Ao contrário de quem não tinha nada a ver com isso.
Se estou falando do reverendo Silas Malafaia? Ora, caro leitor, com todo o respeito, por que você não vai retumbar um editorial da Folha, do Estadão ou d'O Globo?
Sim, ele mesmo.

Ninguém pediu a opinião do reverendo Malafaia. Mas ele deu a sua "brilhante" opinião assim mesmo: "os caras na Parada Gay ridicularizaram símbolos da igreja católica e ninguém fala nada. É pra a igreja católica entrar de pau em cima desses caras [gays]. Baixar o porrete em cima, pra esses caras aprenderem. É uma vergonha!" (Para não dizerem que eu ou as entidades LGBT estão inventando: alguém gravou a fala de Silas Malafaia em seu programa - SIC - Vitória em Cristo e botou no YouTube. Deleitem-se com a "sabedoria" do "piedoso" pastor.)
Resultado: a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros (ABGLT) entrou com representação no Ministério Público. A revista A Capa informa o motivo: "A entidade justifica o seu pedido afirmando que Malafaia incita 'a violência contra a população LGBT'.
A Associação ressalta que nos "últimos tempos a violência contra LGBT tem sido recorrente" e cita os recentes ataques na Avenida Paulista, em São Paulo, e afirma que atitudes como a do pastor contribuem para o "aumento da violência homofóbica".


"EU?" responde Malafaia. "Eu não odeio os homossexuais. Apenas, como bom cristão, odeio o pecado e amo o pecador. Eu não disse para 'descer o porrete' no sentido de agredir. Eu só quero que a Igreja reaja a essa campanha Nem Santo Te Protege, porque ela ridiculariza a Igreja Católica. Essa coisa de descer o porrete foi em sentido figurado."
Como diria um amigo meu bem “erudito”: “Sentido figurado no fiofó é rola! É ROLA!”
O senhor está careca de saber (quer dizer... quase careca, a julgar por sua aparência no vídeo...) que sempre vai haver uma minoria mais afoita, agressiva, que vai tomar este "descer o porrete" ao pé da letra. Isto é, vai agredir gays e lésbicas (ou quem pareça ser, aos seus olhos, gays e lésbicas - lembra do caso onde pai e filho foram agredidos por um bando de homófobos porque estes pensaram que fossem um casal gay?)
Ora pinhões, reverendo Malafaia, se o senhor não defende a agressão aos LGBTs, por que é contra o projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia? Porque (e o senhor bem sabe) o senhor sabe que um bando de idiotas homofóbicos pode tomar o seu "descer o porrete" ao pé da letra, e se o fizer o senhor poderá dormir tranquilo porque não poderá ser responsabilizado.
O mais engraçado nesta situação (e, por favor, caro leitor, não ria ainda) é a prova de como o mundo dá voltas. Diz o reverendo Malafaia:


"Quando um pastor chutou uma santa, a imprensa detonou os camaradas. O camarada teve que correr do Brasil por que até de morte foi ameaçado. Agora, a Parada Gay ridiculariza símbolos católicos e a imprensa não diz nada, não baixa o porrete... É isso que eles querem, botar uma mordaça na sociedade pra eles falarem o que quiserem, criticarem e ridicularizarem o que quiserem"

O pastor, no caso, era bispo e chamava-se Sérgio Van Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus. Em 1995, durante um dos programas da madrugada da Igreja Universal, Van Helder quis provar que os santos, na verdade, eram meros bonecos, sem santidade nenhuma. O problema é que quis provar também na prática: em pleno programa de TV, ao vivo, Van Helder deu vários chutes em uma imagem da Virgem Maria. Alguém gravou (ainda era o tempo das fitas VHS) e espalhou por aí. O mundo (católico, é claro) caiu sobre a Igreja Universal e sobre Van Helder, que, salvo engano, foi para fora do Brasil, para uma das missões desta Igreja num país africano de língua portuguesa
Mas vários outros pastores apareceram em defesa da Igreja Universal e de van Helder. Entre eles (adivinhem?), o reverendo Silas Malafaia.
Então, a lição que o reverendo Silas Malafaia nos dá é essa: chutar santos, pode. Usar representações dos santos para campanhas de prevenção contra a AIDS, não pode.
E entrar com representações no MP contra pastores que aconselham "descer o porrete" no povo LGBT (e por tabela, incitar, conscientemente ou não, a violência e o assassinato contra este povo), menos ainda. O reverendo Silas Malafaia anunciou que vai entrar com processo judicial contra a ABGLT, por causa de sua representação no MP. Olhem só como ele está uma arara...

Ah, em tempo: no mesmo programa da Record em que defendeu o bispo van Helder, o reverendo Silas Malafaia avisa, em alto e bom som: "O dia em que nós, evangélicos, formos maioria no Brasil, vocês vão ver!"
"Vamos ver" o quê, reverendo Malafaia? Fogueiras tipo Inquisição ou campos de concentração para os não-evangélicos?
Aliás, este é um aviso ou uma ameaça?
Não haveria nenhum problema se a população brasileira se tornar majoritariamente evangélica. O problema é: esta maioria evangélica será livre para pensar, sem deixar de cultuar a Jesus Cristo, ou se será uma maioria fanatizada, sem senso crítico, teleguiada por suas lideranças religiosas?
Pior: e se estas lideranças religiosas desta maioria evangélica forem raivosas e intolerantes como o reverendo Malafaia?
A gente sabe o resultado desta equação: maioria fanatizada (politicamente ou religiosamente) + lideranças intolerantes = uma nação indo para o abismo. A Alemanha de Hitler que o diga.
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Por falar no velho Adolf (que Deus o persiga e o Diabo o carregue...) - e em homenagem ao reverendo Silas Malafaia (e ao mundo que ele deve sonhar para o povo LGBT) - nossa indicação de filme para hoje: Amor em tempos de guerra (Un amour à Taire – França, 2005), de Christian Fauré - destaque no 14º Festival Mix Brasil que, para variar, nenhuma distribuidora no Brasil se interessou em distribuir.
Na primavera de 1942, em Paris, Jean (Jérémie Renier) e Philippe (Bruno Todeschini) arriscam suas vidas para abrigar Sarah (Louise Monot), uma amiga de infância de Jean, cuja família foi assassinada pela Gestapo. Jean é o grande amor de Sarah, mas ele é homossexual e apaixonado por Philippe, membro da resistência francesa. Mesmo assim, os três conseguem manter uma relação harmoniosa, até que entra em cena o irmão de Jean, Jacques (Nicolas Gob), colaborador dos nazistas. Quando Jean é falsamente acusado de manter um caso com um oficial alemão, começa a descida ao inferno sob o signo do triângulo rosa.
(Para registro histórico: até a Segunda Guerra Mundial, a França era o único país europeu que não criminalizava a homossexualidade. Isso mudou com a ocupação alemã e o État Français, o regime colaboracionista do marechal Pétain e Philippe Laval em Vichy, que, sob a influência de um conservadorismo religioso exacerbado, baixou leis em 1942 tornando a homossexualidade crime grave. Os ocupantes nazistas - que já deportavam os homossexuais para campos de concentração desde a subida ao poder, em 1933 - fizeram o resto. Cerca de 100 mil homossexuais foram presos, na Alemanha e na Europa durante a guerra; cerca de 10 a 15 mil morreram nos campos. A lei anti-homossexualidade de Vichy foi mantida pela IV República francesa depois da libertação. Só em em 1981 ela foi revogada. E só em 2001 a deportação de homossexuais foi reconhecida pela França.)

Confiram o trailer.

11 novembro, 2011

O TREM (DA REAÇÃO) TÁ ATRASADO OU JÁ PASSOU

Bem que eu poderia escrever sobre os últimos fatos na USP. Mas prefiro transcrever um texto sobre isso, que recebi via Facebook:

Esclarecendo o caso USP (pra quem vê de fora).
por Jannerson Xavier, quarta, 9 de Novembro de 2011 às 16:04.


Somos alunos da ECA-USP e visto a falta de imparcialidade da mídia com referência aos últimos acontecimentos ocorridos dentro da Universidade de São Paulo, cremos ser importante divulgar o cenário real do que realmente se passa na USP. Alguns fatos importantes que gostaríamos de mostrar:


- O incidente do dia 27/10/11, quando 3 alunos foram pegos portando maconha, NÃO foi o ponto de partida das reivindicações estudantis. Aquele foi o estopim para insatisfações já existentes.


- Portanto, gostaríamos de explicitar que a legalização da maconha, seja dentro da Cidade Universitária ou em qualquer espaço público, não é uma reivindicação estudantil. Alguns grupos até estão discutindo essa questão, mas ela NÃO entra na pauta de discussões que estamos tendo na USP.


- Os alunos da USP NÃO são uma unidade. Dentro da Universidade há diversas unidades (FFLCH, FEA, Poli, etc.) e, dentro de cada unidade, grupos com diferentes opiniões. Por isso não se deve generalizar atitudes de minorias para uma universidade inteira. O que estamos fazendo, isso no geral, é sim discutir a situação atual em que se encontra a Universidade.


- O Movimento Estudantil, responsável pelos eventos recentes, NÃO é uma organização e tampouco possui membros fixos. Cada ação é deliberada em assembleia por alunos cuja presença é facultativa. O que há é uma liderança desse movimento, composta principalmente por membros do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e dos CAs (Centros Acadêmicos) de cada unidade. Alguns são ligados a partidos políticos, outros não.


- Portanto, os meios pelos quais o Movimento Estudantil se mostra (invasões, pixações, etc.) não são decisão de maiorias e, portanto, são passíveis de reprovação. Seus fins (ou seja, os pontos reais que são discutidos), no entanto, têm adesão muito maior, com 3000 alunos na assembleia do dia 08/11.


- Apesar de reprovar os meio usados pelo Movimento Estudantil (invasões, depredação), não podemos desligitimar as reivindicações feitas por esses 3000 alunos. Os fatos não podem ser resumidos a uma atitude de uma parcela muito pequena dos universitários.


Sabendo do que esse movimento NÃO se trata, seguem suas reinvidicações:


DISCUSSÃO DO CONVÊNIO PM-USP / MODELOS DE SEGURANÇA NA USP
A reivindicação estudantil não é: PM FORA DO CAMPUS, mas antes SEGURANÇA DENTRO DO CAMPUS. Os estudantes crêem na relação dessas reivindicações por três motivos:


A PM não é o melhor instrumento para aumentar a segurança, pois a falta de segurança da Cidade Universitária se deve, entre outros fatores, a um planejamento urbanístico antiquado, gerando grandes vazios. Iluminação apropriada, política preventiva de segurança e abertura do campus à populacão (gerando maior circulação de pessoas) seriam mais efetivas. Mas, acima de tudo...
A Guarda Universitária deve ser responsável pela segurança da universidade. Essa guarda já existe, mas está completamente sucateada. Falta contingente, treinamento, equipamento e uma legislação amparando sua atuação. Seria muito mais razoável aprimorá-la a permitir a PM no campus, principalmente porque...
A PM é instrumento de poder do Estado de São Paulo sobre a USP, que é uma autarquia e, como tal, deveria ter autonomia administrativa. O conceito de Universidade pressupõe a supremacia da ciência, sem submissão a interesses políticos e econômicos. A eleição indireta para reitor, com seleção pessoal por parte do governador do Estado, ilustra essa submissão. O atual reitor João Grandino Rodas, por exemplo, era homem forte do governo Serra antes de assumir o cargo.


POSTURA MAIS TRANSPARENTE DO REITOR RODAS / FIM DA PERSEGUIÇÃO AOS ALUNOS


Antes de tudo, independentemente de questões ideológicas, Rodas está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo por corrupção, sob acusação de envolvimento em escândalos como nomeação a cargos públicos sem concurso (inclusive do filho de Suely Vilela, reitora anterior a Rodas), criação de cargos de Pró-Reitor Adjunto sem previsão orçamentária e autorização legal, e outros.
No mais, suas decisões são contrárias à autonomia administrativa que é direito de toda universidade. Depois de declarar-se a favor da privatização da universidade pública, suspendeu salários em ocasiões de greve, anunciou a demissão em massa de 270 funcionários e, principalmente, moveu processos contra alunos e funcionários envolvidos em protestos políticos.
Rodas, em suma: foi eleito indiretamente, faz uma gestão corrupta e destrói a autonomia universitária.


Você pode estar pensando…


MAS E O ALUNO MORTO NO ESTACIONAMENTO DA FEA-USP, ENTRE OUTRAS OCORRÊNCIAS?


Sobre o caso específico, a PM fazia blitz dentro da Cidade Universitária na noite do assassinato. Ainda é bom lembrar que a presença da PM já vinha se intensificando desde sua primeira entrada na USP, em Junho/2009 (entrada permitida por Rodas, então braço-direito de Serra). Mesmo assim, ela não alterou o número de ocorrências nesse período comparado com o período anterior a 2009. Ao contrário, iniciou um policiamento ostensivo, regularmente enquadrando alunos, mesmo em unidades nas quais mais estudantes apoiam sua presença, como Poli e FEA.


MAS E A DIMINUIÇÃO DE 60% NA CRIMINALIDADE APÓS O CONVÊNIO USP-PM?


São dados corretos. Porém a estatística mostra que esta variação não está fora da variação anual na taxa de ocorrências dentro do campus (http://bit.ly/sXlp0U ). A PM, portanto, não causou diminuição real da criminalidade na USP antes ou depois do convênio. Lembre-se: ela já estava presente no início do ano, quando a criminalidade disparou.




MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE A TAL AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA?


Serve para que a Universidade possa cumprir suas funções da melhor maneira possível. De maneira simplista, são elas:


- Melhorar a sociedade com pesquisas científicas, sem depender de retorno financeiro imediato.


- Formar cidadãos com um verdadeiro senso crítico, pois mera especialização profissional é papel de cursos técnicos e de tecnologia.


Importante: autonomia universitária total não existe. O dinheiro vem sim do Governo, do contribuinte, porém a autonomia universitária não serve para tirar responsabilidades da Universidade, mas sim para que ela possa cumprir essas responsabilidades melhor.


COMO ISSO ME AFETA? POR QUE EU DEVERIA APOIA-LOS?


As lutas que estão ocorrendo na USP são localizadas, mas tratam de temas GLOBAIS. São duas bandeiras: SEGURANÇA e CORRUPÇÃO, e acreditamos que opiniões sobre elas não sejam tão divergentes. Alguém apoia a corrupção? Alguem é contra segurança?


O que você acha mais sensato:


- Rechaçar reivindicações justas por conta de depredações e atos reprováveis de uma minoria, ou;
- Aderir a essas mesmas reivindicações, propondo ações mais efetivas?


Você tem a liberdade de escolher, contra-argumentar ou mesmo ignorar.
Mas lembre-se de que liberdade só existe com esclarecimento.


Esperamos ter contribuído para isso.


Se você se interessa pelo assunto, pode começar lendo este depoimento: http://on.fb.me/szJwJt.  


Bárbara Doro Zachi
Jannerson Xavier Borges


PS: Já que a desconfiança é com a mídia, evitamos linkar material de qualquer veículo.




Pós-escrito, citando esta mesma mídia que criminalizou os estudantes. Mais especificamente, Elio Gaspari, que tinha toda a razão:


Serra atrasado



Contumaz retardatário, José Serra conseguiu bater todas as suas marcas. Chegou com 46 anos de atraso à Marcha da Família com Deus pela Democracia (obs: Liberdade), que juntou 200 mil pessoas no Centro de São Paulo manifestando-se contra o governo de João Goulart.
A “Marcha da Família” foi a maior manifestação popular de 1964. Doze dias depois de sua realização, Goulart foi deposto.
Segundo o cônsul americano na cidade, “quase todas as famílias das classes média e alta estavam representadas, com pequena participação das classes mais baixas”.
Quem deu musculatura à manifestação foram organizações religiosas e líderes políticos. Anos depois, as senhoras que lideraram a Marcha tornaram-se um estorvo para os generais.

Ou seja: em 2010, escapamos de boa...

10 novembro, 2011

A VIDA COMO CIRCO (Sobre "O Palhaço", de Selton Mello)

Um pequeno desafio aos gentis leitores: você se lembra de algum filme (de ficção - documentário é assunto para outro texto) que se passe nos bastidores do circo?
Eu, como rato de cinemateca (que eu fui - hoje não tenho tempo), posso citar, pelo menos, uns três: O maior espetáculo da Terra (1952), de Cecil B. DeMille; O circo (1928), de Charles Chaplin; e, é claro, A estrada da vida (La strada, 1954), de Federico Fellini.
Agora saiu mais um: O palhaço (2011), de Selton Mello.
Agora, outro desafio para quem viu O palhaço: com qual dos filmes que eu citei no começo deste texto ele tem a ver?
Com O maior espetáculo da Terra não tem nada a ver: o filme é o superespetáculo típico de DeMille, e se passa no Cirque du Soleil da época, o Ringling Bros. Barnum & Bailey Circus.
Com O circo? Também não: o circo do filme de Carlitos não é o Ringling Bros. Barnum & Bailey, mas não é um circo pobre. Além do mais, há lirismo em O palhaço, mas não o lirismo chapliniano.
La strada? Talvez sim, talvez não: este ainda é neorrealista até a medula de seu lirismo. Há um certo lirismo felliniano em O palhaço, mas não o de La strada, e sim o do cinema de Fellini pós-A doce vida (1960), em que Fellini faz com que a vida real se torne circo.
Aliás, O palhaço é bem diferente - uma volta de 180º - de seu primeiro filme como diretor, Feliz Natal (2008) - um drama familiar num espaço fechado sufocante (a casa da família, durante o Natal), com influências de Lucrecia Martel, John Cassavetes e, claro, de Lavoura arcaica, de Luiz Fernando Carvalho.
Aliás 2: vários nobres colegas cismam de ver influências de Fellini em O palhaço. Inácio Araújo é um deles, com ressalvas. Só deixaram de perceber outra influência no filme: Carlos Alberto Prates Correia - não apenas pelo fato de que sequencias do filme foram filmadas no universo mítico deste cineasta, a região de Montes Claros, mas pela presença de um humor acridoce e de um quase surrealismo, típico de filmes como Cabaret mineiro (1980) ou Minas, Texas (1989).
Aliás 3: às vezes não fica a impressão de que a montagem de O palhaço deixou muita coisa de fora para que o filme tivesse a duração de 90 minutos, justinha para o "mercado"? Claro, isso pode ser feito, mas sempre há um risco de que ideias necessárias para a compreensão da linha narrativa fiquem de fora - tipo assim, tirar tijolos da estrutura de uma casa: a dita acaba um pouco ou meio capenga. 
Pois mesmo meio capenga deste jeito, as qualidades de O palhaço dão de dez a zero em suas falhas. O elenco é afinadíssimo - certo, Selton Mello (o palhaço Pangaré) e Paulo José (o veterano palhaço Puro Sangue) são os destaques, mas as presenças de Teuda Bara (do grupo Galpão) e da menina Larissa Manoella são fortes, fora as participações dos veteranos Jackson Antunes, fabiana Karla, Jorge Loredo ("Zé bonitinho, o perigote das mulheres") e Moacyr Franco (como um delegado de polícia bem prateano), que são impagáveis. E, com todos os tropeços narrativos, a leveza e o lirismo - meras coberturas para questões mais profundas, como a busca de si mesmo e de sua identidade - são fortes e predominam. 
Um filme delicioso de ser visto
P.S.: por questões financeiras, assisti O palhaço durante a décima edição do famoso (SIC) Projeta Brasil Cinemark - aquele único dia do ano (quase no fim do ano) em que filmes brasileiros são exibidos pela rede a R$ 2,00.
O que penso deste Projeta Brasil Cinemark? Quase o mesmo que pensou um ilustre colega crítico de cinema (cujo nome só vou citar se ele autorizar), em comentário na lista de discussão CINEMABRASIL:

"Deixa eu entender. Durante 364 dias por ano, a Rede Cinemark de Cinema dá prioridade total aos filmes americanos, e trava quase todas as suas salas exibindo quase sempre blockbusters. É isso? Tá, então eles pegam um dia do ano - no caso, 7 de novembro - e neste dia fazem um estardalhaço enorme, dizendo que exibirão somente filmes brasileiros a 2 reais. E querem que nós, jornalistas, saiamos divulgando isso como se fosse uma maravilha que a Cinemark faz ao nosso cinema. É isso ou eu estou errado? Porque, se for isso, na minha terra chama Esmola. Se não for isso, aceito esclarecimentos."

Comentários sobre isso, gente?

07 outubro, 2011

CADÊ O ESTADO LAICO BRASILEIRO? (ou: BURUDUNGA EM CIMA DA EBC)

Informa-nos o Observatório do Direito à Comunicação (http://www.direitoacomunicacao.org.br/content.php?option=com_content&task=view&id=8416):

Senadores querem derrubar decisão do Conselho da EBC sobre programação religiosa
Jacson Segundo - Observatório do Direito à Comunicação
03.10.2011

A decisão do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de alterar a programação religiosa de seus veículos extrapolou definitivamente os muros da empresa. Depois da interferência da Justiça Federal anulando a resolução do Conselho e de entidades da sociedade civil terem se manifestado sobre o tema, foi a vez do Senado entrar na polêmica. Nesta quinta-feira (29), depois da realização de audiência pública sobre o assunto, os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Edison Lobão Filho (PMDB-MA) protocolaram na Casa um decreto legislativo para sustar a decisão do Conselho.
Os poucos senadores presentes na audiência do Senado criticaram bastante a decisão do Conselho, tomada em 24 de março deste ano. A argumentação dos parlamentares, boa parte ligada a grupos religiosos, é que o órgão foi além das suas atribuições. Também afirmaram que a retirada dos conteúdos religiosos presentes na grade atualmente seria um ato descriminatório. A resolução do Conselho foi para que as produções religiosas (A Santa Missa e Palavras de Vida, da igreja católica, e Reencontros, da evangélica igreja batista) fossem substituídas por faixa(s) horária(s) que promovam a pluralidade religiosa.
A 15ª Vara Federal do Distrito Federal já havia decidido que os programas, que somam 2h45 da programação semanal da TV Brasil e Rádio Nacional de Brasília, continuassem a ser exibidos. O setor jurídico da empresa recorreu da antecipação de tutela movida pelas igrejas. No entanto, é provável que o decreto seja aprovado antes dessa tramitação na Justiça e que a questão seja definida pelo Legislativo. O esforço da base governista será para que isso ocorra.
A presidenta da empresa também não fez questão de defender a legitimidade do órgão, que possui 15 de seus 22 membros representantes da sociedade civil. “O Conselho exorbita a sua competência. Ele tem descompromisso com as questões administrativas e políticas da empresa”, atacou Tereza Cruvinel, que defende uma revisão legal para que o papel do Conselho seja redefinido.

Decisão do conselho

Essa pauta chegou ao Conselho Curador da EBC em abril de 2010. Entre 4 de agosto e 19 de outubro daquele ano foi feita uma consulta pública, que contou com 141 contribuições de pessoas e organizações. No dia 24 de março deste ano foi aprovada a resolução que propõe a troca dos atuais programas por uma faixa na programação que promova a pluralidade de religiões. Portanto, o assunto está em discussão há mais de um ano e meio.
Para os conselheiros, manter dois programas católicos e um evangélico nas emissoras da empresa é um privilégio injustificado a esses grupos. A decisão levou em conta, entre outros fatores, a diretriz constitucional que proíbe entes públicos vinculados à União de estabelecer ou subvencionar cultos ou igrejas (art. 19), bem como na Lei 11.652/2008, que impõe à EBC a não-discriminação religiosa (art. 2º) e a vedação a qualquer proselitismo na programação (art. 3º).
A diretoria, por sua vez, apresentou em 18 de setembro uma proposta que cria lotes na programação: 26 minutos (slots fixos) para católicos, evangélicos e cultos afro-brasileiros e 13 minutos (slots rotativos) para programas de religiões minoritárias. Esse modelo ainda está em análise pelo Conselho.

Legitimidade

Na audiência de quinta-feira realizada pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) do Senado, alguns parlamentares não se contiveram em apenas criticar a decisão do Conselho Curador, mas também questionaram sua legitimidade. O senador Lindbergh Farias foi quem mais bateu nessa tecla. Ele afirmou que irá apresentar um projeto de lei redefinindo o órgão. A realização de eleições para escolha dos conselheiros – que atualmente são designados pelo presidente da República - seria uma das mudanças. “Parece aquele velho esquerdismo. É um conselho de iluminados que está se achando”, criticou duramente o senador.
A presidenta da empresa também não fez questão de defender a legitimidade do órgão, que possui 15 de seus 22 membros representantes da sociedade civil. “O Conselho exorbita a sua competência. Ele tem descompromisso com as questões administrativas e políticas da empresa”, atacou Tereza Cruvinel, que defende uma revisão legal para que o papel do Conselho seja redefinido.
A integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Bia Barbosa, acredita que o questionamento à legitimidade do Conselho é grave. “É um órgão constituído legalmente, que passou pelo Senado inclusive”, ressaltou Bia. O Intervozes é uma das 31 entidades que assinaram um manifesto em apoio à decisão do Conselho Curador.
“Os senadores se colocam em um pedestal para questionarem espaços de construção democrática da sociedade civil”, diz Bia Barbosa, que também criticou a diretora Tereza Cruvinel por ter deslegitimado o papel do órgão. Segundo Bia, a lei da EBC determina prerrogativas ao Conselho que a direção deve cumprir. “Vamos construir uma reação”, promete a militante.

Antes de Suas Excelências (SIC), os senadores, tomarem esta decisão fundamentalista-religiosa, interferindo num órgão legítimo da TV Brasil, uma breve informação:



- A Santa Madre Igreja Católica possui, de forma direta e/ou indireta, 46 emissoras de televisão, tem 863 retransmissoras e nove grupos de mídia filiados. Só a Arquidiocese do Rio de Janeiro tem um órgão de mídia próprio, a Rádio Catedral. Além disso, ao contrário do que dizem, a Santa Missa continua sendo transmitida em todas as manhãs de domingo pela Rede Globo (ver http://redeglobo.globo.com/programacao.html). Então, para que diabos a Santa Madre Igreja Católica quer porque quer mais espaço na TV Brasil?
- As confissões evangélicas, nem se fala: quase todos tem espaços alugados em emissoras privadas, e não custa nada lembrar da Rede Record (propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus) e da Nossa TV (canal de TV a cabo da Igreja Internacional da Graça de Deus). Então, para que diabos eles querem porque querem mais espaço na TV Brasil?

Se a ideia é dar espaço às religiões, que tal conceder espaço às que nunca o tiveram na mídia? Alguém já viu um programa de rádio ou TV das religiões afro? Os espíritas kardecistas tem um programa nas tardes de domingo na RedeTV!, o "Transição", e uma emissora de rádio no Rio de Janeiro, a Rádio Rio de Janeiro (http://www.radioriodejaneiro.am.br/RRJsiteCMS/), e só. Mais algum?
No mais, o Conselho Curador da EBC está certo: manter dois programas católicos e um evangélico nas emissoras da empresa é privilégio demais para ambos.
É certo que a Constituição Federal diz em seu Art. 5º:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

(...)

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;"

No entanto, o Art. 19 é claro:

"Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;"

E a lei que criou a EBC também é clara:

"Art. 2o A prestação dos serviços de radiodifusão pública por órgãos do Poder Executivo ou mediante outorga a entidades de sua administração indireta deverá observar os seguintes princípios:

(...)

VI - não discriminação religiosa, político partidária, filosófica, étnica, de gênero ou de opção sexual;"

"Art. 3o- Constituem objetivos dos serviços de radiodifusão pública explorados pelo Poder Executivo ou mediante outorga a entidades de sua administração indireta:

(...)

Parágrafo único. É vedada qualquer forma de proselitismo na programação"

E a proposta apresentada pela diretoria da EBC - criar slots fixos de 26 minutos na programação para católicos, evangélicos e cultos afrobrasileiros, e slots rotativos de 13 minutos para religiões minoritárias - pode não ser o ideal, mas acho que atende às religiões, sem tirar da EBC a sua característica de órgão laico de um Estado laico.
Mas o que são a Constituição Federal e as leis do Estado laico para fundamentalistas de todas as religiões, que querem transformar o Brasil num Estado teocrático, regido pelos ditames da SUA religião? (O duro vai ser: qual destas religiões será a mandatária num Estado teocrático, a católica ou a evangélica? Os primeiros ainda sonham com a volta da situação dos tempos do Império e da Constituição de 1934, onde eram a religião oficial do Estado. Mas os segundos estão agindo de modo mais agressivo, e podem surpreender nesta disputa. Noites de São Bartolomeu à vista?)
Basta lembrar o Art. 241 do Estatuto da Criança ou Adolescente - cortesia de emenda do senador evangélico Magno Malta - que permite a qualquer juiz proibir qualquer obra artística, ao arrepio do Inciso IX, do Art. 5º da própria Constituição Federal, que é claro:

"IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;"

(Se alguém se lembrou do caso A Serbian Film - cortesia da ânsia de Cesar Maia e do DEM carioca em aparecer, mesmo na base do "falem mal mas falem de mim", acertou.)
E a proposta de um projeto de lei redefinindo o Conselho Curador da EBC, propondo a realização de eleições para escolha dos conselheiros (atualmente designados pelo presidente da República)? Seria boa, não fosse o contexto fundamentalista religioso em que se coloca. Basta um Silas Malafaia qualquer convocar seus fiéis fanatizados para "colocar homens de Deus e de Jesus (SIC)" no Conselho Curador da EBC e pronto: uma empresa de comunicação do Estado laico brasileiro passa a ser mais um feudo de proselitismo fanático a favor do Estado teocrático evangelicuzinho, nos moldes do Irã xiita.
O que mais me surpreende, contudo, são duas coisas:

1ª- A própria presidente da EBC, Tereza Cruvinel, ajudar a meter o malho no Conselho Curador da própria EBC que preside: "O Conselho exorbita a sua competência. Ele tem descompromisso com as questões administrativas e políticas da empresa". Por "exorbita", d. Tereza quer dizer: não deixa eu fazer o que bem quero à frente da presidência da EBC. Por isso não, D. Tereza: a senhora já faz muito por conta própria à frente da presidência da EBC - por exemplo, boicotar pessoas como Leopoldo Nunes, Leandro Saraiva e outros que batalharam por uma empresa pública de comunicação, até fazê-los sair, e assim poder tentar transformar a EBC numa empresa estatal. Só espero que a presidenta Dilma Rousseff esteja suficientemente p... da vida para não reconduzi-la ao cargo, já que seu mandato acaba no final do mês. Informa-nos o Observatório do Direito à Comunicação: "A polêmica também pode influenciar no processo de sucessão da direção da empresa. O episódio pode dificultar a permanência da jornalista Tereza Cruvinel à frente da EBC, já que a presidenta Dilma teria atribuído parte do imbróglio à falta de habilidade de Cruvinel de conduzir a questão." Ou seja, d. Tereza, eu e o Conselho Curador da EBC desejamos: se é por falta de adeus, au revoir, madame.

2ª- Quem participa desta lambança fundamentalista. Que o senador da Igreja Universal Marcelo Crivella (PRB-RJ) entre nisso é compreensível. Mas um homem que eu achava de esquerda como Lindbergh Farofa, digo, Farias (e do PT, pombas!) entrar nisso? Que decepção!... Já sei em quem eu não vou votar mais...

P.S: ainda sobre este assunto, ler artigo de Dioclécio Luz, O que mais quer a igreja católica?, para o Observatório da Imprensa.

28 setembro, 2011

COMBATER O BOM COMBATE VIII

Ilustríssimos (SIC) srs.
Cesar Maia, o Psicopata;
Rodrigo Maia, o Chorão;
Demagogóstenes Torres, o Crítico de TV
e outros tantos fiscais da cabeça e do fiofó alheios:

SOMBRAS ELÉTRICAS e outros defensores da liberdade de expressão artística vem por meio desta convidá-los para a mostra de cinema Antes que proíbam, que se realizará de 11 a 20 de outubro, no Centro Cultural São Paulo.
A seguir, maiores detalhes da mostra, extraídos do site do CCSP:

Antes que proíbam


de 11 a 20/10
Aproveitando a polêmica lançada no último Riofan - Festival Fantástico do Rio, no qual o filme sérvio A Serbian Film - Terror Sem Limites foi censurado e teve sua exibição proibida por conter cenas de pedofilia, o Centro Cultural São Paulo apresenta a mostra Antes que proíbam, reunindo filmes clássicos e contemporâneos que tocam no delicado tema da pedofilia. Durante a mostra, haverá um debate sobre a censura e o real estatuto da ficção no imaginário cultural do país.
Taxa: R$1,00 - retirada de ingressos: na bilheteria (terça a domingo, das 10h às 22h), somente na semana de exibição de cada filme
Sala Lima Barreto (99 lugares)
Idade sugerida: 17 anos
dia 11/10 - terça
16h - A menina do fim da rua (The Little Girl Who Lives Down the Lane, Canadá/França, 1976, 72min - DVD)
direção: Nicolas Gessner - elenco: Jodie Foster, Martin Sheen, Alexis Smith
Em uma pequena cidade, uma garota de 13 anos vive secretamente sozinha na casa de seu pai. Determinada a não perder sua independência, ela fará qualquer coisa para proteger seu segredo, principalmente da Sra. Hallet, dona da casa. A proprietária e seu filho, que tem "fama" de ser um pedófilo, suspeitam que há algo de errado na residência.
18h - A adolescente (La Joven, México/EUA, 1960, 96min - DVD)
direção: Luis Buñuel - elenco: Zachary Scott, Bernie Hamilton, Key Meersman, Crahan Denton
Costa Sul dos Estados Unidos. Após a morte de seu avô, uma adolescente passa a viver sob os cuidados de um homem, que abusa sexualmente dela. Porém, um clima de tensão se forma com a chegada de um fugitivo e de um padre.
20h - Lolita (Inglaterra, 1962, 152min, p&b - digital)
direção: Stanley Kubrick - elenco: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters, Peter Sellers
Professor de meia de idade se apaixona por uma garota de 14 anos e se casa com sua mãe para viver perto dela. Adaptação do romance homônimo de Vladimir Nabokov, que causou escândalo quando publicado na década de 1950.
dia 12/10 - quarta
18h - Que fiz eu para merecer isso? (Qué he hecho yo para merecer esto, Espanha, 1984, 101min - 35mm)
direção: Pedro Almodóvar - elenco: Carmen Maura, Verónica Forqué, Gonzalo Suárez, Kiti Manver
Gloria é uma dona de casa infeliz, casada com Antônio, um motorista de táxi grosseiro e infiel. Ela é obrigada a trabalhar para sustentar a família: marido, sogra e dois filhos problemáticos. Viciada em remédios para dormir, entra numa fase de abstinência e passar a perder o controle.
20h - O lenhador (The Woodsman, EUA, 2004, 87min - digital)
direção: Nicole Kassell - elenco: Kyra Sedgwick, Kevin Bacon, Eve, Mos Def, David Alan Grier
Após 12 anos na prisão por molestar garotas menores de idade, Walter se muda para uma pequena cidade, onde vive num apartamento que fica de frente a uma escola. Walter arruma emprego em uma madeireira e se envolve com Vicki, uma extrovertida colega de trabalho. Porém, seus outros colegas de trabalho descobrem tudo sobre seu passado.
dia 13/10 - quinta
16h - Alemanha ano zero (Germania Anno Zero, Itália, 1948, 72min - DVD)
direção: Roberto Rosselini - elenco: Edmund Moeschke, Ernst Pittschau, Ingetraud Hinze, Franz-Otto Krüger
Na cidade de Berlim em ruínas, logo após o final da Segunda Guerra, Edmund, um garoto muito pobre, trabalha para sustentar o pai doente e os irmãos mais novos. Um dia, ao encontrar um antigo professor, comenta da situação do pai e entende ter recebido um conselho para matá-lo.
18h - A filha de minha mulher (Beau-père , França, 1981, 123mi - DVD)
direção: Bertrand Blier - elenco: Patrick Dewaere, Maurice Ronet, Macha Méril, Geneviève Mnich
Músico decadente perde a esposa em acidente de carro e tem de tomar conta de sua enteada de 14 anos. A garota passa a provocá-lo e uma tensão vai crescendo entre os dois.
20h10 - A adolescente (La Joven, México/EUA, 1960, 96min - DVD)
direção: Luis Buñuel
dia 14/10 - sexta
16h - Na captura dos Friedmans (Capturing the Friedmans, documentário, EUA, 2003, 107min - DVD)
direção: Andrew Jarecki - elenco: Arnold Friedman, Elaine Friedman, David Friedman, Sally Friedman
O documentário foi idealizado quando o diretor fazia um especial sobre o palhaço Silly Billy, um dos mais famosos de Nova York. Atrás da máscara sorridente o palhaço pareceu muito triste para o diretor, que depois descobriu se tratar de David Friedman, filho mais velho de Arnold Friedman. Por trás dessa história o diretor descobre uma história surpreendente escondida nas centenas de horas de material que a família Friedman guardava.
18h - Corações em fuga (Age of Content, Austrália, 1969, 103min - DVD)
direção: Michael Powell - elenco: Helen Mirren, Jack MacGowran, James Mason
Um artista acha que ficou estagnado e que seus melhores trabalhos são os antigos. Seu agente e amigo o convence a continuar criando e ele redescobre sua musa na forma de uma jovem garota.
20h - Você não está sozinho (Du Er Ikke Alene, Suecia, 1981, 90min - DVD)
direção: Lasse Nielsen - elenco: Andres Agenso, Aske Jacoby, Beatrice Palner, Hugo Herrestrup
Kim tem 12 anos, é filho do diretor de uma escola dinamarquesa só para garotos. Ele faz amizade com Bo, um jovem de 15 anos, e a relação entre os dois se torna cada vez mais delicada e envolvente.
dia 15/10 - sábado
18h - O sopro no coração (Le Souffle au Coeur, Itália/França, 1971, 118min - 35mm)
direção: Louis Malle - elenco: Lea Massari, Benoît Ferreux, Daniel Gélin, Michael Lonsdale, Ave Ninchi
A história se passa na cidade de Dijon, em 1954, onde o adolescente Laurent começa a descobrir e a questionar o mundo, ouvindo discos de Charlie Parker e lendo bastante. Thomas e Marc tentam forçar seu rito de passagem para a idade adulta, levam-no a um bordel e isso desencadeia uma série de acontecimentos.
20h10 - Lolita (Inglaterra, 1962, 152min, p&b - digital)
direção: Stanley Kubrick
dia 16/10 - domingo
16h - Morte em Veneza (Morte a Venezia, França/Itália, 1971, 130min, cor - 35mm)
direção: Luchino Visconti - elenco: Dirk Bogarde, Silvana Mangano, Bjørn Andresen, Marisa Berenson
Baseado na obra de Thomas Mann. Um velho maestro vai passar uma temporada em hotel de Veneza e se apaixona por um jovem hóspede.
18h20 - Que fiz eu para merecer isso? (Qué he hecho yo para merecer esto, Espanha, 1984, 101min - 35mm)
direção: Pedro Almodóvar
20h10 - Pretty baby - menina bonita
(Pretty baby, EUA, 1978, 109min - digital)
direção: Louis Malle - elenco: Brooke Shields, Keith Carradine, Susan Sarandon, Frances Faye
A filha de uma prostituta é criada em um bordel, onde cuida do seu irmão e se prepara para seguir os passos da mãe. Com 12 anos, tem sua virgindade leiloada e logo depois se casa com um fotógrafo bem mais velho do que ela.
dia 18/10 - terça
16h - O lenhador (The Woodsman, EUA, 2004, 87min - digital)
direção: Nicole Kassell
18h - Você não está sozinho (Du Er Ikke Alene, Suecia, 1981, 90min - DVD)
direção: Lasse Nielsen
20h - Corações em fuga (Age of Content, Austrália, 1969, 103min - DVD)
direção: Michael Powell
dia 19/10 - quarta
16h - Pretty baby - menina bonita (Pretty baby, EUA, 1978, 109min - digital)
direção: Louis Malle
18h - O sopro no coração (Le Souffle au Coeur, Itália/França, 1971, 118min - 35mm)
direção: Louis Malle
20h10 - Na captura dos Friedmans (Capturing the Friedmans, documentário, EUA, 2003, 107min - DVD)
direção: Andrew Jarecki
dia 20/10 - quinta
16h - A filha de minha mulher (Beau-père , França, 1981, 123mi - DVD)
direção: Bertrand Blier
18h10 - Alemanha ano zero
(Germania Anno Zero, Itália, 1948, 72min - DVD)
direção: Roberto Rosselini
20h - Morte em Veneza
(Morte a Venezia, França/Itália, 1971, 130min, cor - 35mm)
direção: Luchino Visconti
SOMBRAS ELÉTRICAS lembra que é terminantemente proibida a entrada nas dependências do CCSP e, especialmente, na sala de projeção com:
- revólveres,
- pistolas,
- facas,
- socos ingleses,
- porretes
- pedidos judiciais de censura de filmes,
- sentenças judiciais de censura a obras artísticas,
- advogados, promotores e juízes "fiscais do fiofó"
e outras tantas armas letais.